Um grande e poderoso ciclone extratropical com aspecto que impressionava hoje nas imagens de satélite atuava durante esta quarta-feira no Oceano Atlântico a Leste das províncias da Terra do Fogo, Chubut e de Santa Cruz, da Argentina, e sobre as Ilhas Malvinas.
Este ciclone provocava forte vento na região da Patagônia com rajadas de vento em alguns pontos próximas dos 100 km/h. O Aeroporto de Mount Pleasant, nas Malvinas, chegou a ter pressão atmosférica de 985 hPa com pancadas de chuva e rajadas de vento em torno dos 80 km/h.
O ciclone extratropical na altura das Malvinas apresentava pressão mínima central de 970 hPa na manhã desta quarta-feira, assim trata-se de um sistema intenso e profundo. Não chega a ser um evento fora do comum, uma vez que ao redor da Antártida há o chamado cinturão de baixas pressões e ciclones mais intensos são comuns em locais mais ao Sul do Atlântico.
O ciclone está a milhares de quilômetros do Rio Grande do Sul, no extremo Sul do continente, mais perto da Antártida que do Brasil, mas os seus efeitos serão sentidos nos estados do Sul brasileiro à medida que a frente fria associada ao sistema vai avançar para o Rio Grande do Sul e os demais estados do Sul entre esta quinta-feira e a sexta-feira.
O sistema frontal, atualmente, encontra-se no Centro da Argentina, nas latitudes da província de Buenos Aires, organizando instabilidade na região com chuva e temporais que vão afetar Santa Fé, Entre Rios e todos os departamentos do Uruguai no final desta quarta e ao longo da quinta-feira. O Serviço Meteorológico Nacional da Argentina emitiu alertas até laranja para algumas áreas do Centro do país.
O avanço da frente fria vai trazer chuva para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná hoje e amanhã. Embora a frente somente se desloque pelo Sul do país durante a sexta, a aproximação do sistema com ar quente induz a formação de instabilidade pré-frontal nos três estados nesta quinta.
Frente fria associada ao ciclone trará chuva localmente volumosa
Pancadas de chuva atingem diversas regiões e vão ser localmente fortes e acompanhadas de temporais isolados. Em alguns locais, a chuva pode ser volumosa com altos índices pluviométricos em curto período, não se descartando ainda vendavais localizados e ocasional queda de granizo por nuvens de desenvolvimento vertical que tendem a se formar.
O mapa abaixo mostra a projeção de chuva do modelo WRF da MetSul para 72 horas com os totais de precipitação acumulada no período previstos pelo modelo até 9h de sábado. Este modelo está disponível ao assinante na seção de mapas do site. Observa-se a tendência de a chuva atingir os três estados do Sul e apresentar grande variabilidade nos volumes com altos acumulados em alguns pontos e baixos em outros.
As precipitações serão amplas e atingirão todas as cidades, mas os acumulados devem variar muito na soma de hoje e amanhã. Haverá vários pontos em que as precipitações não devem exceder 10 mm ou 20 mm na soma dos dois dias, contudo em grande número de municípios a chuva deve somar ao menos 30 mm a 50 mm e com acumulados localizados mesmo próximos e acima de 100 mm em algumas localidades. Há modelos indicando volumes muitíssimos isolados de até 100 mm a 150 mm.
Massa de ar frio avançará na retaguarda da frente
Uma massa de ar frio, impulsionada pelo ciclone extratropical no Atlântico Sul, ingressará na Região Sul na sequência da frente fria. O ar frio não é de forte intensidade, afinal nesta época do ano não é comum que incursões frias sejam potentes. Março sequer chegou a sua metade e o verão só acaba oficialmente pelo critério astronômico em 20 de março.
Mesmo assim, o ar mais frio vai ser responsável por derrubar as temperaturas tanto mínimas como máximas, especialmente no Rio Grande do Sul e, principalmente, no Sul gaúcho que terá impacto maior do ar frio enquanto em áreas mais ao Norte e Oeste do território gaúcho e de Santa Catarina e o Paraná a influência da massa de ar será menor.
O ar mais frio começa a ingressar no Sul gaúcho na sexta-feira e no sábado toma conta do Rio Grande do Sul e atinge outras áreas do Sul do Brasil, o que vai garantir um fim de semana com temperatura muito agradável e marcas tipicamente outonais, mais comuns de serem observadas no mês de abril pelas médias climatológicas.
Nas mínimas, a região da Campanha terá mínimas abaixo da média desta época do ano entre sábado e terça com marcas entre 7ºC e 9ºC em alguns municípios nas madrugadas mais frias.
Na região tradicionalmente mais fria do Rio Grande do Sul, em razão das altitudes próximas ou acima de mil metros, nos Campos de Cima da Serra, a influência deste pulso de ar frio será menor e ainda haverá nebulosidade com períodos de chuva, o que vai impedir mínimas muito baixas.
Na Grande Porto Alegre, nuvens igualmente devem frustrar maior resfriamento noturno, mas no começo da semana que vem, sobretudo na terça, tempo mais aberto e seco pode proporcionar uma queda maior da temperatura maior em cidades da área metropolitana.
As máximas, por sua vez, vão ficar muito mais agradáveis. No fim de semana, a maioria dos municípios do Rio Grande do Sul deve ter tardes com marcas nos termômetros entre 23ºC e 25ºC, em média.
No início da semana que vem, apesar de aquecer, a temperatura não chega a subir muito e seguirá agradável. No Norte e no Nordeste gaúcho, nuvens e instabilidade vão se somar ao ar frio de pouca potência na região para deixar as máximas menores.