Pernambuco sofre há duas semanas com sucessivos episódios de chuva extrema e precipitação já atinge até 900 mm em pontos do Grande Recife no acumulado de apenas 15 dias com novos deslizamentos de terra e alagamentos | SÉRGIO MARANHÃO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Pernambuco voltou a sofrer com chuva forte nesta terça-feira e a previsão do tempo da MetSul para os próximos dias não é nada alentadora com expectativa de mais chuva e localmente forte a torrencial com altos volumes. Com a persistência das precipitações e um começo de junho de muita água depois de um final de maio extremamente chuvoso (veja imagens), muitos pernambucanos estão fora de casa e o número de vítimas aumenta.

Conforme os mais recentes dados da Defesa Civil de Pernambuco, o estado tem hoje 119.523 desalojados e 9.134 desabrigados, totalizando 128.657 pessoas que precisaram deixar as suas casas em consequência do período excepcionalmente chuvoso. O saldo de vítimas fatais pela chuva aumentou hoje após um deslizamento na madrugada de hoje no Recife no maior desastre desde a catástrofe de 1975.

A barreira que veio abaixo provocou a morte de um adolescente de 14 anos de idade e deixou três feridos. O deslizamento se deu depois das 4h da manhã no bairro da Linha do Tiro, zona Norte da capital pernambucana. A chuva forte do começo do dia trouxe série de transtornos na cidade como alagamentos, repetindo as cenas das últimas semanas.

No interior de Pernambuco, no Sul do estado, outro deslizamento foi registrado hoje cedo no município de Tamandaré, no Litoral Sul. Chovia intensamente na cidade no momento em que se deu o escorregamento de encosta. De acordo com a Prefeitura de Tamandaré, sete pessoas de uma mesma família ficaram feridas no deslizamento.

Chuva excepcional em Pernambuco

Os volumes de chuva em Pernambuco no final de maio e neste começo de junho adentram o terreno do excepcional. Estações de monitoramento pluviométrico registraram só nos últimos 15 dias acumulados de até 900 mm em Olinda, 830 mm em Recife, 810 mm em Jaboatão dos Guararapes, 800 mm em São Lourenço da Mata, 750 mm em Paulista, 710 mm em Cabo Santo Agostinho, 680 mm em Abreu e Lima, 640 mm em Aracoiaba, 630 mm em Igarassu. Vários outros pontos do Leste de Pernambuco somaram no período de duas semanas 300 mm a 500 mm.

Apenas nesta primeira semana de junho, os volumes de chuva até o momento somam até 285 mm em Olinda, 260 mm em Recife, 230 mm em Jaboatão dos Guararapes e 220 mm em Cabo de Santo Agostinho. Nas últimas 24 horas, até o meio da tarde desta terça-feira (7) foram 159 mm em Tamandaré, 111 mm em Rio Formoso, 102 mm em Paulista, 101 mm em Olinda, 95 mm em Recife e Sirinhaem, 88 mm em Jaboatão dos Guararapes, e 73 mm em Cabo de Santo Agostinho.

Para se ter ideia de como a chuva está muito fora do normal, mesmo considerando que esta é uma época do ano em que chove muito em Pernambuco, basta comparar com as médias mensais histórica de chuva dos meses de maio e junho que já são bastante altas. Choveu entre 700 mm e 900 mm na maior parte do Grande Recife apenas nos últimos 15 dias enquanto a precipitação média histórica de maio é de 317,1 mm e a de junho 390,5, conforme as normais 1991-2020. Assim, apenas em 15 dias choveu mais que a média de dois dos meses mais chuvosos do ano.

Risco de chuva forte prossegue

O tempo não firma em Recife e região até o final da semana. Embora ocorram aberturas de sol, todos os dias até o fim de semana devem ter pancadas de chuva. Há risco de novas ocorrências de chuva localmente forte a torrencial, como se viu hoje, o que, com o solo saturado, pode levar a mais alagamentos e deslizamentos de terra. A boa notícia é que, com base nos dados de hoje, a próxima semana teria tempo mais seco com maior número de horas de sol e chuva muito menos frequente no Grande Recife.