Florestas da Finlândia sofrem com ataques de besouros com clima cada vez mais quente nos últimos anos na região próxima ao Ártico | OLIVIER MORIN/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Como resultado do aquecimento global, os besouros de casca estão devastando as árvores mais ao Norte da Finlândia e colocam em risco as florestas boreais, valiosas para o planeta quanto a Amazônia. Esses pequenos insetos marrons atacam o abeto, uma das espécies de árvores mais comuns na Finlândia, destruindo lentamente florestas inteiras.

Os escolitíneos devoram tudo o que rodeia as árvores coníferas e acabam por matá-las, ao impedir que a água e os nutrientes do solo cheguem aos ramos mais altos, explicamos os especialistas da Finlândia. “Esses insetos causaram estragos em toda Europa Central e Oriental nos últimos anos, especialmente a partir de 2018”, disse à agência AFP Markus Melin, cientista do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia.

O risco de que a epidemia dos besouros se espalhe é “muito maior agora” devido ao aquecimento global, adverte. “Temos que aceitar e nos adaptar urgentemente. As coisas estão mudando muito rápido”. A ameaça geralmente é muito maior no Sul da Finlândia, mas, no verão quente de 2021, esses insetos causaram estragos “no extremo Norte” na região de Kainuu.

“É um fenômeno bem conhecido: os besouros de casca são uma das espécies que mais se beneficiam da propagação do aquecimento global”, afirmou Melin. Esses besouros escolhem árvores já enfraquecidas pelos verões quentes e pela falta de água. O clima cada vez mais quente também acelera o ciclo de vida desses besouros.

“Sua taxa de mortalidade está diminuindo, e eles estão se reproduzindo muito mais rápido”, explicou Melin. Embora os besouros normalmente procurem árvores fracas, assim que seu número atinge um ponto crítico, eles podem começar a atacar as saudáveis.

Se os guardas florestais não reagirem a tempo, removendo as árvores mais fracas, “de repente os escolitíneos, sendo muito numerosos, podem atacar as árvores saudáveis”, alerta Melin, “acelerando o ciclo de destruição”.