A chuva castiga o estado de São Paulo com alagamentos, inundações e deslizamento. Desde o fim de semana várias cidades paulistas enfrentaram volumes muito altos de precipitação com uma morte na capital paulista e transtornos em diversos municípios. Os maiores volumes de precipitação se concentram em áreas mais a Leste do território paulista com marcas que já superam os 200 mm.
Ontem, a forte chuva que atingiu a Grande São Paulo causou muitos alagamentos na cidade de Guarulhos e uma escola ficou ilhada. As autoridades informaram que a instabilidade provocou 41 quedas de árvores e sete desabamentos ou desmoronamentos na região metropolitana de São Paulo. Houve 27 chamados por enchentes e alagamentos.
As precipitações mais intensas, entretanto, atingiram cidades do Litoral de São Paulo. A cidade do Guarujá foi tomada por alagamentos pelas precipitações torrenciais e os bombeiros tiveram que atender ocorrências por alagamentos e deslizamentos de terra. Em 2 e 3 de março de 2020, a chuva deixou 34 mortos no Guarujá em um dos mais trágicos episódios do município paulista.
De acordo com dados do Cemaden, grande número de cidades paulistas teve mais de 100 mm desde o domingo. Os maiores volumes na rede do órgão federal em 96 horas até o final da madrugada desta terça foram de 244 mm no Guarujá, 203 mm em Praia Grande, 185 mm em Laranjal Paulista, 183 mm em Juquitiba, 179 mm em Carapicuíba, 155 mm em Santos, 142 mm em Bertioga e 115 mm em São Sebastião.
Elevados volumes de chuva ocorreram também na Grande São Paulo. Os totais em 96 horas até o final da madrugada desta terça eram de 244 mm em Guarulhos, 180 mm em Mauá, 146 mm em Santo André e 138 mm em Diadema. Vários bairros da capital paulista somam entre 100 mm e 150 mm desde o sábado.
Por que tanta chuva?
A chuva muito volumosa em pontos da cidade de São Paulo, na Grande São Paulo e ainda no interior paulista decorreu inicialmente de uma frente fria que chegou ao Sudeste do Brasil e não conseguiu avançar muito pela região, permanecendo semi-estacionária. Soma-se uma área de baixa pressão na costa da Região Sudeste que gera fluxo de umidade do mar para o continente com ar frio sobre o Oceano Atlântico, o que favorece chuva orográfica.
O que é chuva orográfica É precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento do quadrante Leste, em razão de uma massa de ar frio de trajetória oceânica e que atua na costa do Sul do Brasil, ao encontrar a barreira do relevo da Serra, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa.
Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos.
Vem mais chuva
A chuva vai prosseguir e o tempo não firma tão cedo no estado de São Paulo, uma vez que se espera a manutenção do quadro de abundante umidade sobre o território paulista hoje e durante os próximos dias, o que vai resultar em mais chuva e episódios de precipitação localmente excessiva.
Os mapas acima mostram a projeção de chuva do modelo meteorológico alemão Icon, disponível ao assinante na seção de mapas, com os acumulados previstos para hoje e amanhã no Sudeste do Brasil em que se observa a tendência de as precipitações se concentrarem mais em São Paulo e com altos volumes na faixa costeira que são subdimensionados pelo modelo.
A cidade de São Paulo deve ter chuva a qualquer hora do dia hoje e amanhã, mantendo-se o alerta da MetSul de chuva por vezes moderada a forte, podendo ser localmente torrencial com altos volumes em curto período. Por isso, tanto na Grande São Paulo como no litoral é alto o risco de alagamentos e inundações, além de deslizamentos de terra, com o que já choveu e ainda vai chover.
A instabilidade diminuiria na quinta-feira, mas as pancadas de chuva tendem a prosseguir na segunda metade da semana intercaladas com aberturas. Desde já se adverte que a chegada de uma nova frente fria deve trazer chuva forte a intensa nestas mesmas regiões no próximo fim de semana, o que com o solo saturado representará alto risco de deslizamentos.