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Primavera e o verão são as estações do ano que tradicionalmente possuem maior ocorrência de temporais no Centro-Oeste, Sudeste e o Sul do Brasil com chuva forte, raios, vendavais e queda de granizo | GABRIEL ZAPAROLLI/ARQUIVO

A primavera e o verão são as estações do ano com maior frequência de tempestades nos estados do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul do Brasil. À medida que a atmosfera aquece, e o calor é um fator decisivo para a ocorrência de tempo severo, aumenta a frequência de tempestades. Os temporais não raros são severos com chuva extrema localizada, intensos vendavais e granizo. Em episódios mais excepcionais ocorrem tornados.

Durante a primavera e o verão, historicamente, são comuns os chamados sistemas convectivos de mesoescala, que nada mais são que grandes aglomerados de nuvens carregadas que tendem a se formar no Nordeste da Argentina e no Paraguai durante a noite e que depois avançam para os estados do Sul e o Mato Grosso do Sul. Estes sistemas se originam principalmente quando há ar mais quente e úmido muito instável sobre o Centro e o Norte da Argentina e o Paraguai.

Neste ano, como a MetSul antecipou em seu prognóstico para a primavera, sob o Pacífico mais frio do que o normal com a La Niña, a avaliação que a frequência de tempestades pode não ser tão alta como se estivéssemos sob El Niño mais ao Sul do Brasil, mas quando os temporais ocorrerem podem ser muito intensos pelo maior contraste térmico entre massas de ar frio e quente.

Por isso, episódios de vendavais intensos e destrutivos localizados que ocorrem mais durante a primavera não necessariamente serão freqüentes neste ano, mas quando ocorrerem podem ser severos. O risco deste tipo de evento é especialmente maior quando avança uma frente fria tardia de maior intensidade sobre uma massa de ar muito quente.

Os tornados mais graves dos últimos 20 anos na primavera no Rio Grande do Sul se deram na maioria sob La Niña ou Pacífico mais frio que a média e durante a passagem de frentes frias precedidas por correntes de jato em baixos níveis da atmosfera trazendo ar muito quente.

Por tendências históricas, o risco de granizo é especialmente mais elevado quando o Oceano Pacífico está sob La Niña, como é o caso da primavera deste ano, e, assim, há risco de temporais pontuais com granizo mais intensos nesta estação. No caso do Rio Grande do Sul, as regiões Central do Estado, o Noroeste, a Serra, o Planalto e os Campos de Cima da Serra são as regiões com maior propensão para granizo.

Nas próximas semanas, até o começo de novembro, a tendência é de muito baixa frequência de tempo severo mais ao Sul do Brasil, particularmente no Rio Grande do Sul. A perspectiva é de outubro, contrariando a climatologia histórica de ser um mês muito chuvoso no estado gaúcho, ter chuva abaixo a muito abaixo da média neste ano, o que reduz muito o número de temporais pelo domínio de ar mais frio a ameno. No Sul do país, as áreas mais ao Norte da região, no Paraná, é que possuem maior risco de tempo severo nas próximas semanas.

As áreas do país, entretanto, com maior risco de temporais nas próximas semanas serão das do Centro-Oeste e do Sudeste. Isso porque estas regiões estarão na zona de transição entre o ar mais quente do Norte do Brasil e o ar mais frio mais ao Sul que vai inibir chuva e tempestades em latitudes maiores do território brasileiro, como no Rio Grande do Sul.

Os últimos dias, aliás, com o fim da estação seca e o retorno da chuva para o Centro do Brasil, foram uma amostra do que está vindo nas próximas semanas e meses. Temporais castigaram o Mato Grosso do Sul, o Distrito Federa e o Sul de Minas Gerais com chuva muito intensa e vento forte.

O último trimestre do ano, a propósito, pode ter alta frequência de temporais em estados do Sudeste e do Centro-Oeste com tempo mais seco no Sul e o canal de umidade da Amazônia mais concentrado no Centro do país, alimentando a formação frequente de nuvens carregadas da tarde para a noite com as altas temperaturas à medida que se aproxima o verão.

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