Os próximos dias serão de enchentes no Rio Grande do Sul e Santa Catarina em consequência dos volumes excessivos a extremos de chuva. As bacias que mais preocupam são as que têm nascentes ou cruzam geograficamente o Nordeste gaúcho, e o Sul e o Leste catarinense. Os níveis dos rios sobem rapidamente, já existem pontos inundados em zonas rurais e a água alaga trechos de estradas.
Os volumes de chuva acumulados desde o começo da instabilidade até o meio-dia desta terça atingiam no Rio Grande do Sul marcas de 233 mm em Vacaria, 155 em Serafina Correa, 154 mm em Bom Jesus e Lagoa Vermelha, 126 mm em Soledade, 120 mm em Passo Fundo e 108 mm em Bento Gonçalves.
Em Santa Catarina, acumulados no período de 204 mm em São Joaquim, 193 mm em Siderópolis, 186 mm em Timbé do Sul, 182 mm em Urussanga, 176 mm em São Martinho, 163 mm em Nova Veneza, 160 mm em Rio Fortuna, 155 mm em Tubarão, 151 mm em Braço do Norte, 150 mm em Praia Grande e 144 mm em Bom Jardim da Serra, dentre as várias cidades com volumes de 100 mm a 200 mm até o momento.
No Rio Grande do Sul, vários rios de maior porte e menores devem experimentar cheias durante as próximas horas e dias. Todos com suas bacias no Norte e no Nordeste do estado, na Serra, Planalto, Médio e Alto Uruguai, e no Litoral Norte. Veja as projeções da MetSul para os principais mananciais:
Rio Taquari – O risco de cheia do Rio Taquari é muito alto. Isso porque os volumes de chuva nas nascentes nos Campos de Cima da Serra até o momento foram muito altos com marcas de 150 mm a 250 mm até o começo desta terça-feira e a chuva prossegue ao longo desta terça e na quarta. Choveu ainda entre 50 mm e 100 mm ao longo de grande parte da bacia. Não haverá cheia como a de 2020 porque situação muito diferente de dois anos atrás, quando foram dois eventos de chuva extrema em menos de dez dias.
Rio Caí – Risco médio a alto de cheia do Rio Caí. Os volumes até o momento superam 100 mm em vários pontos da bacia, inclusive nas cabeceiras. O risco não é alto de cheia de maiores proporções porque os volumes na área de São Francisco de Paula, embora tenham alcançado até agora 100 mm, não são excessivos, o que se repete na maior parte da bacia. Os acumulados mais altos se concentram mais ao Norte nos Campos de Cima da Serra, na região de Vacaria e Bom Jesus, o que tem reflexos maiores no sistema Taquari-Antas.
Rio Jacuí – Risco baixo a médio de cheia no Jacuí ante os volumes de 100 mm a 150 mm no Alto Jacuí, na região de Soledade e Passo Fundo. A chuva não ter sido volumosa no Centro gaúcho atenua o risco de cheia que, caso ocorra, não será de grandes proporções.
Rio Uruguai – Risco médio a alto de cheia pelos volumes de chuva extremamente altos junto às nascentes, no Rio Pelotas, onde os acumulados até o momento passam de 200 mm em alguns pontos e podem atingir 200 mm a 300 mm até o final deste evento de instabilidade. O aumento do nível do Uruguai será percebido no Médio Uruguai ainda nesta semana e na Fronteira Oeste na semana que vem.
Rio dos Sinos – Risco baixo a médio de cheia. Os volumes de chuva nas nascentes em Caraá e Santo Antônio da Patrulha não foram elevados, mas a soma da chuva que caiu nas cabeceiras com a vazão que receberá do Paranhana vai trazer elevação maior do nível que ocasionalmente pode atingir o status de cheia que, caso ocorra, será de menor proporção.
O risco maior de enchentes ocorre em bacias que cortam o Sul de Santa Catarina porque será a região com os mais altos volumes de chuva neste episódio extremo de precipitação e que trará volumes de 200 mm a 300 mm em muitas cidades do Sul catarinense na soma até quinta-feira com acumulados pontuais de 300 mm a 500 mm.
Com isso, a probabilidade de cheias é alta a muito alta para rios como o Tubarão, Urussanga, Araranguá, Pelotas e Mampituba. Como os maiores volumes de chuva no Sul e no Leste de Santa Catarina vão ocorrer nesta terça e durante a quarta-feira, os níveis devem apresentar forte alta a partir de agora com a situação se deteriorando muito na segunda metade da semana com a vazão aumentando com a chuva das cabeceiras.