Vale do Taquari enfrentou enchente devastadora e histórica em julho de 2020 com a terceira maior cheia do Rio Taquari em 150 anos de observações | AGEU KEHRWALD/ARQUIVO METSUL

Os altos volumes de chuva na Serra Gaúcha e nos Campos de Cima da Serra, onde estão várias nascentes de rios, devem trazer cheias em bacias que cortam as regiões dos vales, de acordo com alerta da MetSul publicado ainda no sábado. Embora não se possa descartar cheia do Rio Paranhana, o maior risco está nas bacias dos rios Taquari (sistema Taquari-Antas) e do Caí.

A chuva acumulada desde sábado já atinge marcas entre 100 mm e 150 mm em pontos da Serra e dos Aparados e os volumes vão aumentar muito mais com o prosseguimento da instabilidade e a previsão de chuva intensa e excessiva com elevadíssimos acumulados no Nordeste do Rio Grande do Sul entre esta terça e a quarta-feira.

Com o risco de cheia, surgiu o temor em cidades do Vale do Taquari que possa haver a repetição das grandes e enchentes históricas enchentes de julho de 2020. À época, o Rio Taquari atingiu no Porto de Estrela a terceira maior cota em 150 anos de observações, o que trouxe enchente devastadora no Vale com danos milionários.

Em 2020, o nível foi até 27,55 metros. A marca somente é superada na estatística histórica pelas cotas de 1941 (29,92 metros) nas enchentes catastróficas de maio daquele ano e de abril de 1956, quando o Taquari atingiu 28,86 metros, coincidentemente as duas marcas registradas em meses do outono.

Há uma grande diferença agora, contudo, para 2020. A chuva vai ser muito excessiva até quarta e talvez as primeiras horas da quinta ao longo da bacia e nas áreas de nascentes do Taquari, em Cambará do Sul e Bom Jesus, nos Campos de Cima da Serra. Modelos indicam até 200 mm a 300 mm para a região. Mas em 2020 foram dois eventos de chuva extrema seguida, o que não se dá agora.

Primeiro, entre 30 de junho e 1º de julho de 2020, a atuação de um ciclone bomba provocou volumes excessivamente altos no Nordeste do Rio Grande do Sul. Apenas uma semana mais tarde, outro ciclone voltou a trazer chuva extremamente volumosa para a área das nascentes.

Foram, assim, dois episódios em sequência de precipitação muito excessiva e em curto intervalo. Mal o rio começava a baixar do primeiro e veio a segunda onda de vazão que já encontrou o manancial com o seu nível elevado, o que levou a cheia a ser de enormes proporções com cota histórica e apenas duas vezes antes observada.