Deslizamentos de terra, alagamentos, inundações, cheias de rios, queda de barreiras, desmoronamentos e bloqueio parcial ou total de rodovias eram registrados em diversas cidades e regiões de Santa Catarina nesta terça-feira com os acumulados de precipitação excessiva em diversas regiões, especialmente entre o Planalto Sul e o Sul catarinense. A MetSul Meteorologia adverte que a situação vai se agravar e pode piorar muito no Sul do estado catarinense.

Os acumulados de chuva até o começo da noite, desde o começo da instabilidade no fim do sábado, atingiam até o começo da noite desta terça marcas de 235 mm em São Joaquim, 207 mm em Siderópolis, 203 mm em Timbé do Sul e 202 mm em Urussanga. Muitas estações no Planalto Sul, no Sul de Catarina e na Grande Florianópolis acumulavam de 100 mm a 200 mm, conforme dados da Epagri-Ciram.

A chuva interditou ponte e trouxe mais de 50 ocorrências em Lages Cerca de 250 pessoas foram afetadas pelas chuvas no município do Planalto Sul. O Rio Carahá estava mais de 3 metros acima do nível normal. Famílias foram resgatadas em Forquilhinha após ficarem ilhadas. A altura da água chegou a um metro na área em que habitam, na zona rural da localidade.

A precipitação excessiva causou o transbordamento Rio do Peixe com as águas invadindo parte da SC-453, entre as cidades de Luzerna e Ibicaré, no Meio-Oeste de Santa Catarina, informou o ND+. No Sul, o Rio Tubarão é atentamente monitorado pelas autoridades que segue subindo. O Rio Araranguá igualmente apresenta forte elevação e já causa alagamentos ribeirinhos em zonas rurais.

Em São Joaquim, numa estrada do interior do município que interliga a localidade de São Paulo Velho, duas pessoas morreram na queda de um carro em um riacho que estava com o nível alto pela chuva acima de 200 mm no município. Os Bombeiros de São Joaquim foram acionados por volta das 14h30min após populares avistarem um carro tombado em um riacho, informou o portal São Joaquim Online.

Duas pessoas morreram na queda de um veículo em riacho sob forte correnteza em São Joaquim | DIVULGAÇÃO

Inundações na área rural do município de Turvo com as intensas chuva na região | DIVULGAÇÃO

Trabalhadores resgatados em meio às inundações em Santo Amaro da Imperatriz | CORPO DE BOMBEIROS DE SC

Alagamentos isolam áreas da cidade de Forquilinha | PREFEITURA MUNICIPAL

Queda de barreira na Rodovia SC-135, próximo a Pinheiro Preto | POLÍCIA RODOVIÁRIA

Em Orleans, deslizamento de terra atingiu uma escola estadual no Centro. O prédio corre risco de desabamento, segundo a Defesa Civil. As aulas do município foram suspensas. A situação da escola é considera crítica pelas autoridades ante o risco de vir abaixo

Com o aumento da chuva hoje associado a um centro de baixa pressão sobre o estado de Santa Catarina, os problemas em consequência da chuva aumentaram, mas o pior ainda está por vir, alerta a MetSul Meteorologia. Os transtornos e os riscos aumentarão demais entre esta quarta e a quinta-feira no estado catarinense com tendência de volumes muito altos a extremos, possivelmente excepcionalmente altos em algumas localidades.

Nesta quarta, durante todo o dia, ciclone atua muito perto da costa entre o Sul catarinense a região de Florianópolis. Isso ciclone terá seu centro de 1005 hPa muito perto da costa, quase sobre a faixa costeira, e oscilará por muitas horas com pequeno deslocamento da região da ilha ao Litoral Sul.

Isso vai aumentar demais a chuva em pontos do Sul catarinense, embora não se descarte chuva localmente forte a intensa em outros pontos do Leste catarinense como a Grande Florianópolis. Será, contudo, o Sul que deve experimentar o pior da chuva com volumes extremamente altos em algumas cidades.

Forte vento carregado de umidade soprará do mar pro continente e, ao encontrar o obstáculo do relevo da Serra, vai gerar chuva orográfica com volumes extremos nas encostas e em cidades a Leste das elevações do Planalto Sul Catarinense e do Parque Nacional dos Aparados da Serra, justamente as maiores elevações (cotas de altitude) do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

A umidade vem do mar com o vento, alcança a barreira dos morros e montanhas, ascende na atmosfera a encontra camadas mais frias, condensando-se na forma de chuva. É o que se denomina de chuva orográfica, associada ao relevo e que não raro traz acumulados de precipitação extremamente altos.

Veja na sequência de mapas a seguir com a projeções de pressão atmosférica e chuva de 3h em 3h pelo modelo meteorológico alemão Icon como o ciclone vai passar quase todo o dia junto à costa de Santa Catarina e o fluxo de umidade com vento forte do mar para o continente carregado de umidade gerará muita chuva no Sul de Santa Catarina, sobretudo em cidades na encosta ou a Leste da cadeia de morros do Parque Nacional dos Aparados da Serra e do Planalto Sul Catarinense.

Somente nesta quarta-feira alguns pontos destas regiões poderão ter 150 mm a 300 mm, agravando dramaticamente a situação com graves inundações, transbordamento de rios, bloqueios de rodovias, e múltiplos deslizamentos de terra, alguns potencialmente muito perigosos pela dimensão. Veja no mapa com a projeção de chuva do modelo Icon como ainda deve chover excessivamente no Sul catarinense, o que se somará ao que já choveu e foi muito.

A BR-101 pode ter problemas tanto no lado gaúcho como catarinense da divisa estadual e a rodovia da Serra do Rio do Rastro deve voltar a ter ocorrências de desmoronamentos. O risco de chuva extrema se estende também a área mais ao Norte do litoral gaúcho entre Terra de Areia e Torres, o que inclui ainda as localidades de Três Cachoeiras e Morrinhos do Sul.

Os municípios que trazem a maior preocupação, a Leste das maiores elevações, no Sul de Santa Catarina incluem Praia Grande, Jacinto Machado, Tubarão, Criciúma, Sombrio, Içara, Urussanga, Forquilinha, Meleiro, Nova Veneza, Siderópolis, Orleans, Braço do Norte e Lauro Muller, dentre outros pontos destas regiões. Nestas áreas, os riscos meteorológicos serão críticos e urge-se à população que esteja atenta às orientações de emergência das autoridades locais. (Com foto de capa da Prefeitura de Tubarão)

Um dado adicional preocupante. Alguns modelos, como o WRF, em suas saídas da tarde desta terça aumentaram muito os acumulados de chuva projetados para o Nordeste de Santa Catariana com volumes excessivos na bacia do Rio Itajaí-Açu, ou seja, cidades do Nordeste catarinense entram na zona crítica de risco de alagamentos, inundações, enchentes e deslizamentos de terra.