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Potira na imagem de satélite das 12h desta terça-feira | NOAA

A tempestade subtropical Potira se formou nesta terça-feira (20) na costa do Sudeste do Brasil. O ciclone subtropical no Oceano Atlântico se intensificou e passou da condição de depressão para tempestade nas últimas horas. O último ciclone atípico no litoral brasileiro tinha sido Oquira, na costa gaúcha em dezembro de 2020.

O ciclone atípico se formou ontem em alto-mar, nas coordenadas 27°S e 43°W, sendo classificado inicialmente como depressão com ventos estimados por satélite entre 25 e 30 nós (45 a 55 km/h). Seu centro se encontrava a aproximadamente 300 milhas náuticas (555 km) a Leste da costa do estado de Santa Catarina e a 250 milhas náuticas (450 km) ao Sul da costa do estado do Rio de Janeiro. O seu deslocamento era lento para Leste-Nordeste.

De acordo com aviso náutico da Marinha, a atuação do ciclone poderá causar ventos sustentados de até 40 nós (75 km/h) nos setores Norte e Oeste do ciclone e ventos de até 47 nós (até 87 km/h) nos setores Leste e Sul do ciclone até a manhã do dia 22 de abril. Os ventos associados ao ciclone deverão ainda provocar agitação marítima com ondas, em alto-mar, com alturas de até 6,0 metros até a noite do dia 22 de abril.

Por que o sistema é atípico?

A regra é que ciclones (centros de baixa pressão) não tenham características subtropicais ou tropicais no litoral do Brasil, mas em quase todos os anos ocorre ao menos um. Já os ciclones extratropicais são muito comuns no Atlântico Sul e se formam principalmente das latitudes do Rio Grande do Sul para o Sul.

Por que este ciclone tem nome e a maioria não recebe

Ciclones extratropicais, freqüentes no Atlântico Sul, não são nomeados. Ciclones atípicos de natureza subtropical ou tropical, entretanto, recebem nomes na costa brasileira. Os sistemas passam a ter nome apenas com vento sustentado mais forte. Depressões atmosféricas, mesmo subtropicais ou tropicais, com vento entre 30 km/h e 63 km/h não são classificadas por nome. Por outro lado, se o sistema passar a apresentar vento sustentado de 63 km/h ou mais deixará de ser uma depressão e se converterá em tempestade subtropical ou tropical, recebendo nome.

Com efeito, de acordo com as Normas da Autoridade Marítima para Meteorologia Marítima (NORMAM-19), para que haja a classificação do ciclone como tempestade subtropical ou tropical e a sua nomeação, os ventos deverão ser iguais ou superiores a 34 nós ou 63 km/h.

Qual a trajetória de Potira?

A tempestade subtropical Potira será um sistema de muito lento deslocamento neste momento inicial, entretanto deve acelerar a sua velocidade na segunda metade da semana com tendência de evoluir para o Sul com o passar dos dias, mas aproximando-se da costa do Sul do Brasil. A previsão é que permaneça o tempo todo de vida sobre alto mar, por conseguinte os dados de hoje indicam que o sistema não tocaria terra.

As projeções para este ciclone variam muito de um modelo para o outro, mas há consenso no pacote de modelagem numérica que deve permanecer em mar aberto. Mesmo que tome rumo ao continente, como vários modelos indicam, uma frente fria avança no próximo fim de semana e deve fazer o sistema se desorganizar e se dissipar.

E as conseqüências de Potira?

Os efeitos do sistema serão sentidos no mar e em terra, mas, principalmente, no oceano. No mar, a tendência é de vento muito forte nas áreas próximas do centro do sistema, logo distante da costa. Espera-se ainda mar grosso na área de atuação do ciclone e agitação marítima na costa com ressaca nos litorais do Sul e do Sudeste do Brasil.

Já em terra, a tendência é que a circulação do ciclone leve umidade do mar para o continente entre Santa Catarina e São Paulo. Os ventos úmidos vindos do mar, ao encontrar o relevo da Serra, devem gerar chuva de natureza orográfica que pode ser localmente forte a intensa com altos volumes. O risco maior de chuva forte associada ao relevo é maior nos litorais do Paraná e de São Paulo.

O vento também se intensifica no Leste de São Paulo, no Rio de Janeiro e no Leste do Sul do Brasil. A cidade do Rio de Janeiro teve vento moderado a forte com rajadas de 50 km/h a 60 km/h nas últimas horas na estação do Forte de Copacabana.