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Uma enorme tempestade de areia vinda do deserto do Saaara na metade deste mês tomou conta das Ilhas Canárias, fazendo com que o céu ficasse laranja, a visibilidade caísse e a qualidade do ar diminuísse. Tais eventos, conhecidos pelos ilhéus como “calima” geralmente acontecem nessa época do ano quando fortes ventos sazonais levam areia e poeira para longe do Saara. A tempestade de areia foi descrita como de “proporções históricas” pela imprensa local.

O Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS) no satélite NOAA-20 captou uma imagem por volta das 13h45, hora local, em 14 de janeiro. Naquele momento, a agência meteorológica da Espanha (AEMET) havia emitido um alerta para as ilhas de Lanzarote e Fuerteventura para ventos fortes e poeira. Mais tarde naquele dia, o aviso foi estendido a Gran Canaria e Tenerife.

Com a chegada da poeira, a visibilidade caiu para 1,6 km no aeroporto de Gran Canaria e 1,8 km em Fuerteventura e Tenerife Sul, segundo a imprensa local. O Ministério da Saúde aconselhou as pessoas, principalmente as com problemas respiratórios, a ficarem dentro de casa com as portas e janelas fechadas. As rajadas de vento chegaram a 70 km/h.

A tempestade não era muito mais do que um incômodo alaranjado nebuloso para as pessoas no solo, mas quando vistos do espaço foram observados padrões interessantes. Observe que a poeira se organizou em uma série de faixas lineares próximas às ilhas orientais do arquipélago.

A poeira provavelmente se organizou ao longo de ondas invisíveis na atmosfera. Tais ondas podem ser causadas pela subida e descida de uma massa de ar que foi perturbada. Neste caso, a massa de ar proveniente do continente africano ocidental foi perturbada pela massa de ar de baixa altitude perto da superfície do mar.

“Observe que a forma do trem de ondas combina muito bem com a costa Oeste da África, com alguma distorção, é claro, devido a diferentes velocidades do vento em diferentes latitudes”, disse Tianle Yuan, cientista atmosférico do Goddard Space Flight Center da NASA e da Universidade de Maryland.

No último fim de semana, a poeira continuou a avançar a partir da costa africana. Grandes nuvens de poeira do Saara podem surgir em qualquer época do ano, mas a poeira tende a soprar mais alto na atmosfera durante o verão. Por exemplo, a poeira da histórica tempestade “Godzilla” de junho de 2020 subiu até 4 quilômetros e cruzou o Oceano Atlântico. Em contraste, a poeira de baixa altitude transportada pelos ventos alísios de Nordeste afeta frequentemente as pessoas nas Canárias durante o inverno e a primavera.