Imagens do satélite Sentinel-2 do Sistema Copernicus, consórcio de monitoramento ambiental e do clima da União Europeia, mostram a erupção do vulcão de Mauna Loa que teve início no dia de ontem no estado norte-americano do Havaí após um período de calma de 38 anos.

KOSMI/SENTINEL HUB/COPERNICUS

O maior vulcão ativo do mundo, Mauna Loa, entrou em erupção nas primeiras horas da segunda, hora de Brasília, provocando um alerta de queda de cinzas na Ilha Grande do Havaí e águas circundantes. A erupção no Parque Nacional dos Vulcões do Havaí não ameaça área habitadas ou voos no momento.

Mesmo assim cinzas podem se acumular em partes da ilha, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia em Honolulu, pois os ventos podem transportar cinzas finas e gás vulcânico conforme o vento.

“Pessoas com doenças respiratórias devem permanecer em ambientes fechados para evitar a inalação das partículas de cinzas e qualquer pessoa do lado de fora deve cobrir a boca e o nariz com uma máscara ou pano”, alertou o escritório de Honolulu.

O Serviço Nacional de Meteorologia em Honolulu advertiu ainda no seu alerta sobre “possíveis danos às plantações e aos animais, pequenos danos em equipamentos e infraestrutura, com visibilidade reduzida”. A queda de cinzas pode danificar veículos e edifícios, contaminar o abastecimento de água, danificar ou matar a vegetação e afetar a rede elétrica, segundo o serviço meteorológico.

PIERRE MARKUSE/SENTINEL HUB/COPERNICUS

O Mauna Loa tem acumulado pressão por anos, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que reportou que a erupção era visível de Kona, uma localidade na costa Oeste da principal ilha do arquipélago.

Especialistas também alertam que os ventos podem arrastar gás vulcânico montanha abaixo, bem como cinzas finas e fibras de vidro basáltico conhecidas como cabelos de Pele. Estes fios, que podem chegar a medir dois metros, são formados quando emaranhados de lava esfriam rapidamente no contato com o ar. Foram assim nomeados em alusão a Pele, a deusa dos vulcões no Havaí. Podem ser muito finos e representam um risco com potencial de ferir olhos e pele.

“Montanha perigosa”

O vulcanólogo Robin Georde Andrews disse que há um grande risco caso a lava comece a sair das fendas para as faces do vulcão. Embora não haja evidências de que isto está ocorrendo em Mauna Loa, “o fato é que esta é uma montanha perigosa que não entra em erupção desde 1984, a pausa eruptiva mais longa de sua história, e por isso temos que estar atentos”, tuitou.

O aumento da atividade de sismos que precedeu a erupção levou o Parque Nacional dos Vulcões do Havaí em outubro a fechar o cume de Mauna Loa para todos os caminhantes do interior até novo aviso, embora o Serviço Nacional de Parques dos EUA tenha dito que a seção principal do parque permaneceu aberta.

O vulcão Mauna Loa

Mauna Loa, que cobre metade da ilha do Havaí, entrou em erupção 33 vezes desde 1843, a primeira “erupção histórica bem documentada” do vulcão, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos. O vulcão entrou em erupção pela última vez em 1984, tornando o período de calma mais prolongado da história registrada do vulcão.

A cratera do cume de Mauna Loa fica a cerca de 34 quilômetros a Oeste de Kilauea, um vulcão menor cuja erupção ao longo de meses em 2018 expeliu lava no bairro de Leilani Estates, destruindo mais de 700 casas e desalojando moradores. A sua atividade sísmica aumentou de cinco para dez terremotos por dia desde junho de 2022 para cerca de 10 a 20 terremotos por dia em julho e agosto, de acordo com o USGS.

Mauna Loa é um dos cinco vulcões que juntos compõem a Grande Ilha do Havaí, que é a ilha mais ao Sul do arquipélago havaiano. Mauna Loa, com pico de 4.169 metros acima do nível do mar, é o vizinho muito maior do vulcão Kilauea. A sua lava pode fluir muito mais rápido.

Durante uma erupção de 1950, a lava da montanha viajou 24 quilômetros até o oceano em menos de três horas. Na erupção mais recente, em 1984, que durou 22 dias e produziu fluxos de lava, o magma chegou a apenas sete quilômetros de Hilo, cidade onde atualmente moram cerca de 44.000 pessoas.