O estado de Minas Gerais sofre uma sucessão de desastres pelo excesso de chuva com quedas de barreiras de barragem, deslizamentos de terra, inundações, cheias de rios e alagamentos. Este sábado é marcado por uma série de ocorrências graves em Minas com os episódios mais graves nos municípios de Capitólio e Nova Lima.

Uma pessoa ficou ferida e a BR-040, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, precisou ser interditada depois de um transbordamento ocorrer na manhã deste sábado após uma falha no sistema de drenagem de barragem. O Corpo de Bombeiros chegou a informar que a barragem da Mina de Pau Branco, administrada pela empresa Vallourec, havia se rompido. Logo após, a corporação voltou atrás e informou que o problema se deu em um dique de drenagem da estrutura.

“O que aconteceu é que a região foi afetada por uma forte chuva, onde há uma estrutura que, de forma leiga, a gente pode definir como de contenção de águas de chuvas, é um dique. Ele fica próximo ao Miguelão, da estrutura do Alphaville. Para padrões de barragens, é considerada pequena. Em decorrência da quantidade de água, houve o transbordamento, e essa água acabou atingido a região da BR-040 que permanece fechada”, explicou o porta-voz do Corpo de Bombeiros, o tenente Pedro Aihara, ao jornal O Tempo.

Um caminhoneiro que passava pela BR-040, em Nova Lima, após o transbordamento de um dique em uma das barragens da empresa Vallourec, conseguiu gravar o momento exato em que a pista foi tomada pela lama. Em uma das gravações é possível ver uma caminhonete e outros veículos sendo arrastados na via.

Em outro grave episódio deste sábado, pelo menos três lanchas foram atingidas por um talude que se desprendeu dos cânions de Capitólio, no Sul de Minas. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros. Ainda não há informações sobre feridos. Imagens impressionantes mostram o momento em que pedras se soltam e atingem as embarcações.

As fortes chuvas seguem causando danos em várias regiões do estado de Minas Gerais. De ontem para hoje, enchentes desalojaram 32 famílias, destruíram pontes e danificaram uma Câmara Municipal. De acordo com o último boletim da Defesa Civil estadual, o período chuvoso, registrado desde outubro, já deixou seis mortos e fez com que pelo menos 16 mil pessoas deixassem sua casa. Mais de 120 municípios estão em situação de emergência.

A forte chuva deixou 11 famílias ilhadas em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, na madrugada de hoje. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do município retiraram as vítimas das residências. Na madrugada, as principais cidades afetadas foram Cajuri e Miradouro, no Sudeste do estado, e Três Corações, ao Sul.

Em Três Corações, com a cheia do Rio Verde, 23 famílias ficaram desabrigadas e a Defesa Civil desalojou outras 32 famílias, com 85 pessoas, por morarem em área de risco. Em Miradouro, três pontes da área rural foram destruídas e algumas estradas de acesso foram interditadas por causa de deslizamentos, mas a cidade não está ilhada. Já em Cajuri um deslizamento danificou a Câmara Municipal da cidade durante a madrugada. O local foi interditado e nenhuma pessoa ficou ferida.

Ontem, as enchentes já haviam alagado casas e destruído estradas em Pouso Alto e São Lourenço, entre outros. Ao todo, o período chuvoso em Minas já deixou 13.439 desalojados e 3.224 desabrigados. Nos dois casos, são pessoas que tiveram de deixar suas casas, mas são considerados desabrigados os cidadãos que necessitam de assistência do governo para moradia temporária.

A MetSul Meteorologia alerta que a situação vai piorar em Minas Gerais. Os volumes de chuva projetados pelos modelos para os próximos dias são muito altos no território mineiro com marcas que devem ficar entre 100 mm e 200 mm em diversos municípios e acima de 200 mm em algumas localidades. Os modelos sinalizam, inclusive, acumulados pontuais de 300 mm a 400 mm O mapa acima mostra a projeção de chuva para os próximos sete dias do modelo meteorológico alemão Icon, disponível na seção de mapas ao assinante.

Os volumes de chuva indicados pelos modelos numéricos analisados pela MetSul para a área de Belo Horizonte até quarta-feira são muito altos. A região da capital mineira dever ter, no mínimo, 100 mm a 150 mm de chuva com alguns pontos isolados podendo registrar 200 mm a 300 mm se não superiores. Com isso, o risco geológico de deslizamentos será altíssimo e a probabilidade de alagamentos e inundações muito altos.

Sob este cenário de chuva de até 200 mm a 300 mm em alguns municípios, isoladamente até superiores, e acumulados muito altos na região mais densamente povoada do estado que é a área metropolitana de Belo Horizonte, a próxima semana deve ser crítica do ponto de vista meteorológico em Minas Gerais com alto risco de novos desastres e graves ocorrências pelo excesso de chuva com perigo à vida humana e danos materiais.

O começo de ano de chuva excessiva em Minas não surpreende. A MetSul publicou em 28 de dezembro que depois da Bahia a Região Sudeste enfrentaria emergência pelos volumes de chuva muito acima do normal com deslizamentos e inundações. Este cenário persiste e o pior momento é previsto para Minas Gerais neste fim de semana e nos próximos dias.