Mapa de anomalia de temperatura da superfície do mar em 24 de setembro

O Pacífico Equatorial Centro-Leste apresenta um padrão de resfriamento desde o começo de agosto e que se mantém, estando evidente nos mapas de anomalias de temperatura da superfície do mar uma “língua” com águas mais frias do que a média. As anomalias, apesar de negativas, permanecem no terreno da neutralidade (-0,4ºC a +0,4ºC) com registro de -0,4ºC no Pacífico Central Equatorial, a região Niño 3.4, usada pra classificar a existência dos fenômenos de grande escala como El Niño e La Niña. Na últimas duas semanas, essa área do Pacífico apresentou anomalia de -0,6ºC.

Evolução das anomalias de temperatura das águas abaixo da superfície do mar entre maio e agosto

A denominada região Niño 1+2, junto às costas do Peru e do Equador, no Pacífico Leste Equatorial, que não raro tem impacto no clima do Sul do Brasil e que costuma ter variações bastante bruscas, tem anomalia de -1,0ºC contra -0,7ºC na semana anterior e -0,1 na semana retrasada.

Quando as águas nessa parte do Pacífico esfriam há uma maior propensão para chuva irregular no Centro-Sul do Brasil. Foi o resfriamento do Pacífico Leste, apesar de um El Niño declarado no Pacifico Central, que levou à grande seca do verão de 2005 no Rio Grande do Sul e foi o aquecimento enorme exatamente dessa região no que é chamado El Niño costeiro pelos peruanos que trouxe chuva muito acima do normal no período janeiro a abril no Sul do Brasil nesse ano de 2017, apesar da presença segundo a NOAA de um episódio de La Niña no final de 2016 no Pacífico Central.

Modelos climáticos analisados pela MetSul Meteorologia são cada vez mais incisivos em indicar um evento de La Niña para o último trimestre deste ano e o começo de 2018. Recordamos que para um episódio vir a ser declarado é computada a média da anomalia da temperatura da superfície do mar por várias semanas e que, apesar do resfriamento recente, ainda não se pode declarar evento de La Niña. Alguns modelos, caso do americano CFS, chegam a projetar um evento de La Niña moderado com pico de intensidade entre dezembro e janeiro.

Chama a atenção que os diagramas que mostram as anomalias de temperatura do mar na subsuperfície (superfície a 500 metros de profundidade) mostram uma crescente área em que o oceano nas águas mais profundas está com temperatura abaixo da média normal. A água subsuperficial mais fria tende a alcançar a superfície por um processo chamado de ressurgência (upwelling), o que explica o crescimento significativo de probabilidade de La Niña nos modelos climáticos internacionais.