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Um macaco se refresca com um damasco congelado jogado aos animais para se refrescar no zoológico de Roma (Bioparco di Roma) em meio a uma forte onda de calor na Itália e que castiga também outros países europeus | TIZIANA FABI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Os moradores do zoológico de Roma puderam desfrutar ontem de “picolés” de carne, frutas e cereais para enfrentar a onda de calor que afeta a capital italiana. A equipe do zoológico, localizado perto da famosa Villa Borghese, um dos parques mais bonitos da cidade, parece ter encontrado a fórmula certa para os 39ºC registrados na terça-feira na Cidade Eterna.

Perto da entrada do parque, um grupo de macacos-japoneses se lança sobre os gelatos de frutas frescas (ameixa, banana, melão) e cereais, que os funcionários jogam diretamente na piscina, diante do olhar divertido dos visitantes. Um pouco mais adiante, Samantha e Boomer, a dupla de leões-marinhos do parque, saboreiam deliciosos cubos de gelo à base de peixe, enquanto os felinos saboreiam sorvetes muito originais, à base de carne e sangue.

Mas não é só a comida que mantém os animais frescos. Sofia, um elefante asiático, recebe banhos frios e tem uma grande banheira. Também usa técnicas próprias: se jogar na lama e borrifar areia e terra. Apesar dessas medidas, Yitzhak Yadid, diretor do zoológico, não esconde sua preocupação. “O calor chegou mais cedo e estou um pouco preocupado com nossos animais, não é fácil para eles, espero que não dure todo o verão, porque essas temperaturas recordes não são fáceis de suportar”, disse à AFP.

No entanto, ele garante que os animais vivem em boas condições, “todos supervisionados por nossa equipe 24 horas por dia”. Ele explica ainda que sombra e muita água são essenciais para a saúde dos animais durante a onda de calor. Segundo as previsões meteorológicas, as temperaturas permanecerão altas em Roma nas próximas semanas, o que torna ainda mais imprescindível a distribuição de alimentos gelados.


As temperaturas ultrapassaram 40ºC em grande parte da Itália na terça-feira. Roma atingiu 40,8ºC, a temperatura mais alta já registrada na cidade eterna, enquanto várias outras cidades italianas estabeleceram recordes mensais. Temperaturas recordes persistiram durante a noite em grande parte da Europa Oriental. O calor acompanha uma das piores secas do país em décadas com racionamento de água.

As temperaturas recordes são geradas pelo ar quente que avança do Saara, avança pela Europa e ultrapassa o Círculo Polar Ártico. Vários outros países, incluindo Finlândia e Irã, também experimentaram novos recordes mensais de temperatura. A onda de calor é o mais recente de uma série de eventos extraordinários de calor neste ano e um dos vários que atormentam o Hemisfério Norte atualmente. O aumento das temperaturas globais elevou a frequência e a intensidade dos extremos de calor desde os anos 50, segundo o Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Uma criança pula perto de uma fonte durante um dia quente de verão no centro de Moscou que registra máximas perto dos 30ºC | KIRILLL KUDRYAVTSEV/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O calor castiga outras regiões da Europa e do Norte da África. Da Tunísia, no continente africano, ao Ártico da Noruega, a temperatura atingiu máximas recordes neste começo de semana. O recorde nacional de calor da Tunísia (estabelecido no ano passado) foi igualado ontem com uma máxima de 48,7ºC. Na Noruega, em pleno Ártico, a cidade de Tromsø, conhecida em todo o mundo por ser um dos lugares de melhor visualização da aurora boreal, registrou recorde de máxima para junho com 29,9°C.

A onda de calor no Norte da Noruega chegou até mil quilômetros ao Norte do Círculo Polar Ártico, em regiões habituadas com o frio extremo. Foram ao menos 23 estações que anotaram as suas maiores máximas até hoje no mês de junho, todas com séries históricas de ao menos 15 anos de dados. O recorde de calor mais antigo foi de 1958.

Na Finlândia, estações costeiras registraram temperaturas excepcionalmente altas durante a noite com as mínimas da manhã da terça-feira estabelecendo recordes em uma ampla faixa, graças em parte à água muito quente no Golfo da Finlândia, bem como aos grandes lagos na região circundante. Porvoo Kalbadagrund, perto Helsinque, teve a maior mínima já observada na estação.

A Croácia atingiu 40°C pela primeira vez em junho com uma máxima de 40,4°C em Knin. O antigo recorde em Osijek era de 1908, informou Max Herrera da Extreme Temperatures. Na Eslovênia, a máxima de 38,0ºC em Podnanos estabeleceu um novo recorde nacional de junho. A Bósnia ficou a 0,2ºC de igualar o seu recorde nacional de máxima para junho.

As temperaturas nos últimos dias subiram para níveis recordes ainda em partes da Ásia Central e também na China. O Japão teve recorde nacional de calor para junho.  O Irã enfrenta alguns de seus dias de junho mais quentes já registrados.

Calor extremo atingiu também o Noroeste do Pacífico dos Estados Unidos e o Sudeste do Canadá assim como partes do Alasca, incluindo sua cidade mais ao Norte de Utqiagvik. Estes extremos ocorrem na sequência do calor histórico deste mês de junho na região da Europa Ocidental, particularmente na Espanha, França e Alemanha. O calor recorde provocou incêndios florestais na Espanha.

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