Um homem se refresca nas fontes do Trocadero, em frente à Torre Eiffel, em Paris, em meio à onda de calor com altas temperaturas recordes varrendo a França e a Europa Ocidental. Espanha, França e outros países da Europa Ocidental enfrentaram um final de primavera escaldante com recordes de calor, incêndios florestais e alertas sobre os efeitos das mudanças climáticas. | STEFANO RELLANDINI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Uma histórica onda antecipada de calor na Europa, que castiga particularmente França e Espanha desde a última quinta-feira, começou a enfraquecer no domingo no Sudoeste e no Oeste do continente, deslocando as altas temperaturas para Leste. Após registrar temperaturas acima de 40°C e de bater vários recordes de calor no sábado no Oeste da França, a ocorrência de chuva com tempestades aliviou o calor em parte do território francês.

O serviço meteorológico da França registrou marcas perto de 42°C a 43°C no Sudoeste do país com recordes em Biarritz (42,9°C), no País Basco; em Cap-Ferret (41,9°C), na Baía de Arcachon; e em Biscarrosse, nas Landes (41°C, recorde igual ao de 1968). A barreira simbólica dos 40°C também foi alcançada em várias regiões no Oeste do país.

Em Paris, o termômetro parou nos 37°C, e seus habitantes se voltaram para as fontes da cidade, ante a proibição de tomar banho no rio Sena. Em Bordeaux, onde os termômetros atingiram os 40ºC, nos museus, mais frescos, o acesso era gratuito. “´É a onda de calor mais antecipada na França desde 1947”, declarou o climatologista Matthieu Sorel, da Météo-France, ressaltando que se trata de um “marcador da mudança climática”.

No Sul da França, o disparo de um projétil de artilharia em um local de treinamento militar no departamento de Var, onde fica Saint-Tropez, provocou um incêndio que queimou 600 hectares, informaram as autoridades. Outros dois incêndios foram registrados no território.

No Norte da Espanha, região atingida por onda de calor que está chegando ao fim, os bombeiros enfrentaram incêndios por vários dias. O mais perigoso deles começou na última quarta-feira na Sierra de la Culebra, maciço montanhoso na região de Castilla y León, perto da fronteira com Portugal. O grande incêndio, que consumiu quase 30 mil hectares de floresta, foi controlado ontem.

O incêndio foi o maior na Espanha desde 2004, segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), uma ONG de defesa do meio ambiente. O fogo obrigou as autoridades a evacuarem 14 localidades onde vivem várias centenas de habitantes, que no domingo – dada a melhoria das condições – puderam regressar às suas casas.

Por outro lado, os bombeiros espanhóis continuavam na segunda-feira a combater as chamas na Catalunha e em Navarra, no Norte do país. As temperaturas começaram a diminuir no domingo na maior parte do país, depois de terem ultrapassado os 40 ºC em vários pontos do território na semana passada.

Um bombeiro enfrenta o incêndio florestal em Pumarejo de Tera, perto de Zamora, Norte da Espanha. Os bombeiros espanhóis atenderam chamados por vários incêndios, um dos quais devastou quase 20.000 hectares de terra, na onda de calor extremo que castigou o país com picos de 43ºC. | CESAR MANSO/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Ao longo dos últimos dias, muitas cidades espanholas registraram temperaturas acima de 40ºC, algo incomum para junho. No domingo, porém, a temperatura começou a cair em grande parte do território espanhol. A Espanha, que registrou o mês de maio mais quente desde o início do século, sofreu quatro episódios de temperaturas extremas nos últimos dez meses, incluindo a atual onda de calor, iniciada há quase uma semana.

Na Alemanha, a onda de calor começou na sexta-feira e, no sábado, as temperaturas alcançaram um recorde de 36,4ºC em Waghäusel-Kirrlach, no Sudoeste do país, divulgou o Instituto alemão de Meteorologia (DWD). O país também sofre com os incêndios. Um deles em Brandemburgo, região ao redor de Berlim, destruiu 60 hectares. Já o Reino Unido teve na sexta-feira seu dia mais quente do ano, com temperaturas acima de 30ºC no início da tarde, conforme meteorologistas. No Norte da Itália, várias cidades anunciaram o racionamento de água. Além disso, a região da Lombardia poderá declarar estado de emergência, já que uma seca recorde ameaça as colheitas.

“É hora de agir, cada ação conta”, declarou o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês), Ibrahim Thiaw, em uma conferência em Madri, na Espanha. Na sexta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu “ação imediata” contra a seca e a desertificação para evitar “desastres humanos”.