Os últimos dez dias do verão no Brasil não devem ter excessos de precipitação na maior parte do país. Ao contrário, de acordo com a avaliação da MetSul Meteorologia, muitas localidades do território brasileiro devem ter precipitação abaixo da média nesta reta final do verão de 2023.

O mapa acima mostra a projeção de chuva para os próximos dez dias a partir dos dados do modelo ECMWF do Centro Meteorológico Europeu, e que pode ser consultado pelo nosso assinante (assine aqui) em nossa seção de mapas.

Neste período de dez dias, de acordo com todos os modelos analisados, os maiores volumes de chuva devem se concentrar no Centro-Oeste e no Norte do Brasil, além de setores mais ao Norte da Região Nordeste, inclusive com acumulados muito altos em algumas áreas.

O que ocorre? Há semanas, o padrão de ventos em níveis mais altos da atmosfera configurado em um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) vem reduzindo drasticamente a chuva sobre o Nordeste do Brasil, parte de Minas Gerais, Norte do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Isso permitiu, por exemplo, um maior escoamento de umidade da região amazônica para São Paulo, o Centro-Oeste e o Sul do Brasil. O cenário não se altera muito e o Norte mineiro, Bahia e áreas mais a Leste do Nordeste vão seguir com chuva mais escassa.

Por outro lado, o posicionamento e intensificação da chamada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) deve levar mais chuva para áreas mais ao Norte da Região Nordeste, como o Ceará, o Norte do Piauí e o Maranhão. Fortaleza, que terminou com chuva acima da média em fevereiro, pelos dados da Funceme, é uma das capitais que pode ter chuva forte assim como São Luís.

Por outro lado, no extremo Sul do Brasil, a chuva será muito deficiente na maior parte do Rio Grande do Sul. Uma bolha de ar quente de intensidade anormal para março na Argentina vai inibir chuva mais expressiva na maioria das cidades gaúchas e ainda proporcionará período por demais prolongado de calor.

Mas não deixa de chover. Pancadas isoladas de chuva ocorrem e atingem principalmente a Metade Norte gaúcha. A interação entre umidade e temperatura alta favorecerá episódios de chuva localmente forte a torrencial com altos volumes isolados em curto período assim como o risco de temporais localizados, mais da tarde para a noite. Foi o que se viu ontem na Metade Norte gaúcha e tende a se repetir hoje, mas nos próximos dias a chuva se torna ainda mais difícil em quase todos os municípios gaúchos.

É o mesmo cenário projetado para Santa Catarina e o Paraná, onde deve chover mais em áreas perto da costa, no Leste, e no caso do Paraná também no Norte do estado. Como consequência, entre as capitais do Sul do Brasil, a cidade de Curitiba deve ter chuva muitíssimo frequente nos próximos dez dias e em alguns momentos com risco de temporal e precipitações fortes. Em contraste, Porto Alegre deve ter pouca chuva nos próximos dez dias, exceção de algum evento isolado pelo calor.

No Sudeste, a chuva deve ser irregular e mais frequente em São Paulo, Triângulo Mineiro, Sul de Minas e o Sul do Rio de Janeiro. Até a metade do mês, a cidade de São Paulo e a sua área metropolitana devem ter temporais frequentes de chuva forte a intensa com alagamentos da tarde para a noite. Ontem, temporal com chuva torrencial causou a morte de uma mulher, cujo carro ficou submerso no alagamento em Moema, na zona Sul de São Paulo.

Na cidade do Rio de Janeiro vai prosseguir o cenário que vem se observando em março até o momento de dias de sol e forte calor com abafamento, mas com ocasionais temporais isolados e passageiros que podem despejar grandes volumes de água localizados com queda de raios.