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Lahore, no Paquistão, era a cidade com a pior qualidade do ar no mundo nesta semana com níveis de poluição absurdamente altos e uma nuvem tóxica de poluentes cobrindo a cidade de 11 de milhões de habitantes | ARIF ALI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A poluição atinge níveis críticos e nocivos à saúde na Índia e no Paquistão com nuvem tóxica de poluentes cobrindo cidades com dezenas de milhões de habitantes. O governo de Nova Délhi decretou o fechamento das escolas até nova ordem no momento em que uma nuvem de poluição afeta a capital da Índia. Já na cidade de Lahore, no Paquistão, os moradores lamentam a inação das autoridades. A qualidade do ar atingiu níveis muito perigosos para a saúde no Norte da Índia e nas zonas próximas do Paquistão devido à poluição industrial e à fumaça das queimadas agrícolas.

Com as temperaturas invernais, a poluição se transforma em nuvens tóxicas que envolvem cidades, dificultam a visibilidade e deixam o ar irrespirável. Afetada a cada inverno por este fenômeno, Nova Délhi, com 20 milhões de habitantes, decretou na terça-feira à noite a prorrogação, até segunda ordem, do fechamento das escolas, uma medida que havia sido anunciada no fim de semana e deveria durar apenas uma semana.

A concentração de partículas poluentes no ar da capital superou em 30 vezes o nível máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para combater a nuvem tóxica, as autoridades instalaram jatos de água nos pontos mais críticos da cidade e que devem ser acionados três vezes por dia.

O decreto da Comissão de Gestão da Qualidade do Ar também proíbe a entrada de caminhões com mercadorias não essenciais na cidade, paralisa as obras de construção e determina a interrupção das operações de seis das 11 usinas térmicas em um raio de 300 quilômetros. Também impõe o teletrabalho para 50% dos funcionários públicos com a recomendação para que as empresas privadas sigam o exemplo.

A ordem foi anunciada poucos dias depois de o governo de Délhi ter rejeitado um pedido da Suprema Corte da Índia para a declaração, pela primeira vez, de um “confinamento por poluição” que restringiria os deslocamentos da população. Apesar da situação em sua capital, a Índia foi a principal responsável por enfraquecer os compromissos para erradicar o uso de carvão na reunião do clima COP26, que acabou no sábado, em Glasgow.

Poluição vista do espaço

A Adam Plataform divulgou imagem de satélite mostrando as nuvens tóxicas de poluição que atingem o Norte da Índia e chegam ao Paquistão. O satélite Sentinel-5P captou as nuvens enormes tóxicas com níveis altíssimos de NO2 (dióxido de nitrogênio) na coluna da troposfera cobrindo Nova Déli e outras áreas do Norte da Índia.

O dióxido de nitrogênio (NO2) é um subproduto extremamente tóxico da queima de hidrocarbonetos. As principais fontes de NO2 são os motores de combustão interna e as centrais térmicas. Outras fontes de dióxido de nitrogênio incluem refino de petróleo e metal, geração de eletricidade a partir de usinas elétricas a carvão, outras indústrias de manufatura e estações de tratamento de águas residuais.

‘Vamos morrer’

Um relatório publicado em 2020 pela organização suíça IQAir informa que 22 das 30 cidades mais contaminadas do mundo ficam na Índia. De acordo com a mesma organização, que monitora dados de poluição do ar em centenas de cidades, Lahore era a localidade com a pior qualidade do ar no mundo, no período da manhã, na quarta-feira. Já durante a noite, a qualidade do ar na cidade paquistanesa de 11 milhões de habitantes, situada próxima da fronteira com a Índia, apresentava uma leve melhora.

Os moradores, por sua vez, se mostraram irritados com a falta de medidas do governo, que atribui o fenômeno ao país vizinho ou afirma que os dados são exagerados “As crianças sofrem problemas respiratórios […] Pelo amor de Deus, encontrem uma solução, vamos morrer”, declarou o trabalhador informal Muhammad Saeed à agência AFP.

Nos últimos anos, os habitantes de Lahore construíram os próprios purificadores de ar e processaram a administração da cidade para tentar melhorar a situação. Saeed conta que parou de levar os filhos para passear nas ruas devido à poluição. “Há fábricas e pequenas indústrias operando aqui. Que sejam levadas para outro lugar, paguem indenizações ou ofereçam tecnologia moderna, para que consigamos nos livrar desta nuvem” de poluição. (Com informações da AFP)