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Não existe calor, como conhecemos, na Antártida. Hoje, por exemplo, a menor marca no continente até 9h da manhã foi de -50,6ºC na Estação Dome A. A maior temperatura já observada na região antártica foi de 18,3ºC. A marca foi observada em 6 de fevereiro de 2020 na base polar argentina de Esperanza, na baía de Hope, na península antártica que é a região menos fria do continente gelado. A marca superou o recorde anterior de 17,5ºC de 24 de março de 2015 na mesma estação.

Estes últimos dias de novembro, entretanto, devem ter uma “onda de calor” (entre aspas mesmo) para os padrões regionais. Em áreas que são incrivelmente frias, o frio será menos intenso que o normal com temperatura muito acima da média em grande parte do continente gelado.

Modelos numéricos projetam que nos próximos sete a dez dias a temperatura vai ficar muito acima do normal na maior parte do território antártico com anomalias de 3ºC a 5ºC acima da média. Como as anomalias positivas vão atingir uma enorme área da Antártida, a tendência é que haja um impacto relevante na anomalia de temperatura do planeta no mês de novembro.


Este período de temperatura muito acima do normal na Antártida deve fazer com que o desvio da temperatura em relação à média no Hemisfério Sul seja o mais alto até agora neste ano. Tradicionalmente, o Hemisfério Sul contribui menos que o Norte para o aquecimento planetário por ter menos massa de terra (onde aquece mais) que a parte Norte do planeta.

Este período de muitos dias de temperatura bastante alta comparada à climatologia local deve ter impactos ainda na cobertura de gelo da Antártida. Desde que a extensão máxima anual do gelo marinho da Antártida foi alcançada em 1º de setembro, a cobertura do gelo está em declínio acentuado, segundo o National Snow and Ice Data Center, dos Estados Unidos.

Como resultado, a extensão do gelo marinho é atualmente a terceira mais baixa da série histórica (era dos satélites desde 1979) para esta época do ano, atrás apenas de 2016 e 1986.

A extensão do gelo marinho é particularmente baixa ao longo do lado Oeste da Península Antártica, incluindo o Mar de Weddell e perto do Oceano Índico. As temperaturas do ar no nível de 925 hPa (cerca de mil metros acima da superfície) estavam até 6ºC acima da média no Mar de Weddell.

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