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Uma nuvem de areia vinda do deserto do Saara se aproxima da costa brasileira. Registros dos sensores de detecção de aerossóis VIRRS a bordo dos satélites SNPP e NOAA-20 feitos durante o domingo mostrava o material particulado na atmosfera sobre o Oceano Atlântico, já perto da costa do Nordeste do Brasil, informou a NOAA, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos.


O transporte de areia do deserto africano deve prosseguir nos próximos dias sobre o Oceano Atlântico e vai alcançar as áreas continentais da América do Sul e do Caribe, inclusive estados mais ao Norte do Brasil. É o que indica a modelagem numérica do Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus da União Europeia em suas projeções de profundidade óptica de aerossóis.

A pluma de areia saariana que se desloca através do Oceano Atlântico da África não é novidade. Grandes plumas de poeira do deserto avançam rotineiramente no Oceano Atlântico, principalmente do final da primavera ao início do outono no Hemisfério Norte. Se for grande o suficiente e com ventos alísios favoráveis, a poeira pode viajar milhares de quilômetros através do Atlântico até as Américas Central, do Norte e áreas mais ao Norte da América do Sul.

A poeira saariana chega com ar extremamente seco e isso tende a inibir a formação de ciclones tropicais como tempestades tropicais e furacões. Um ciclone tropical precisa de um ambiente quente, úmido e calmo. Por isso, no curto prazo a temporada de furacões do Atlântico Norte estará calmíssima.

Um estudo a partir de dados da NASA mostrou que a poeira do Saara é benéfica para a nossa floresta amazônica, servindo como “alimento” para a floresta tropical. A viagem transoceânica de um continente para o outro, de acordo com os pesquisadores, é importante por causa do que está na poeira.

A poeira levantada da depressão Bodélé, no Chade, um antigo leito de lago formado por minerais rochosos compostos de microorganismos mortos, está carregada de fósforo. Trata-se de um nutriente essencial para as proteínas e o crescimento das plantas, do qual a floresta amazônica depende para florescer.

Os nutrientes, os mesmos encontrados em fertilizantes comerciais, são escassos nos solos amazônicos. Folhas caídas em decomposição e matéria orgânica fornecem a maioria dos nutrientes, que são rapidamente absorvidos pelas plantas e árvores após entrarem no solo. Alguns nutrientes, entretanto, incluindo o fósforo, são levados pela chuva para riachos e rios.

O fósforo que atinge os solos amazônicos a partir da poeira do Saara, uma estimativa de 22.000 toneladas por ano, é quase a mesma quantidade perdida pela chuva e inundações. A descoberta faz parte de um esforço maior de pesquisa para entender o papel da poeira e dos aerossóis no meio ambiente e no clima local e global.

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