Uma nuvem de areia vinda do deserto do Saara se aproxima da costa brasileira. Registros dos sensores de detecção de aerossóis VIRRS a bordo dos satélites SNPP e NOAA-20 feitos durante o domingo mostrava o material particulado na atmosfera sobre o Oceano Atlântico, já perto da costa do Nordeste do Brasil, informou a NOAA, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos.
#VIIRS aerosol detection composite observations from #SNPP & #NOAA20 on 6 Mar confirm @CopernicusECMWF predictions of #SaharanDust (yellow/brown shading) transport across the #AtlanticOcean, approaching #Brazil coast.@m_parrington @JPSSProgram @metsul @skukicaz @Karma_lobsang12 pic.twitter.com/c5fVUuKqCH
— AerosolWatch (@AerosolWatch) March 7, 2022
O transporte de areia do deserto africano deve prosseguir nos próximos dias sobre o Oceano Atlântico e vai alcançar as áreas continentais da América do Sul e do Caribe, inclusive estados mais ao Norte do Brasil. É o que indica a modelagem numérica do Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus da União Europeia em suas projeções de profundidade óptica de aerossóis.
#Saharandust update. The big plume Is moving westward, as forecasted by @CopernicusECMWF CAMS, heading to #Brazil and #Caribbean.
In the opposite direction the Dust cloud is fliyng toward #Greece, as detected on March 5th by #Copernicus #Sentinel5p. #AirQuality @WMO pic.twitter.com/BRyAWE6UJR— ADAM Platform (@PlatformAdam) March 6, 2022
#SaharanDust transport across the Atlantic to South America & Caribbean predicted to continue for the next few days in the @CopernicusECMWF Atmosphere Monitoring Service @ECMWF aerosol optical depth forecast initialiazed on 7 March 00 UTC https://t.co/AvLMy4uk0J https://t.co/1nY6JST7W1 pic.twitter.com/8ur5qxNvc6
— Mark Parrington (@m_parrington) March 7, 2022
A pluma de areia saariana que se desloca através do Oceano Atlântico da África não é novidade. Grandes plumas de poeira do deserto avançam rotineiramente no Oceano Atlântico, principalmente do final da primavera ao início do outono no Hemisfério Norte. Se for grande o suficiente e com ventos alísios favoráveis, a poeira pode viajar milhares de quilômetros através do Atlântico até as Américas Central, do Norte e áreas mais ao Norte da América do Sul.
A poeira saariana chega com ar extremamente seco e isso tende a inibir a formação de ciclones tropicais como tempestades tropicais e furacões. Um ciclone tropical precisa de um ambiente quente, úmido e calmo. Por isso, no curto prazo a temporada de furacões do Atlântico Norte estará calmíssima.
Um estudo a partir de dados da NASA mostrou que a poeira do Saara é benéfica para a nossa floresta amazônica, servindo como “alimento” para a floresta tropical. A viagem transoceânica de um continente para o outro, de acordo com os pesquisadores, é importante por causa do que está na poeira.
A poeira levantada da depressão Bodélé, no Chade, um antigo leito de lago formado por minerais rochosos compostos de microorganismos mortos, está carregada de fósforo. Trata-se de um nutriente essencial para as proteínas e o crescimento das plantas, do qual a floresta amazônica depende para florescer.
Os nutrientes, os mesmos encontrados em fertilizantes comerciais, são escassos nos solos amazônicos. Folhas caídas em decomposição e matéria orgânica fornecem a maioria dos nutrientes, que são rapidamente absorvidos pelas plantas e árvores após entrarem no solo. Alguns nutrientes, entretanto, incluindo o fósforo, são levados pela chuva para riachos e rios.
O fósforo que atinge os solos amazônicos a partir da poeira do Saara, uma estimativa de 22.000 toneladas por ano, é quase a mesma quantidade perdida pela chuva e inundações. A descoberta faz parte de um esforço maior de pesquisa para entender o papel da poeira e dos aerossóis no meio ambiente e no clima local e global.