Quanta diferença em um ano. Nas capas dos jornais do Rio Grande do Sul há exatamente um ano, nas edições de 5 de janeiro de 2012, as manchetes principais diziam da decretação coletiva de situação de emergência no Estado pelo Palácio Piratini em razão da forte estiagem iniciada ainda no mês de novembro de 2011. Naquele momento, boa parte da produção de milho já tinha perdas, a soja começava a sofrer e o abastecimento de água começava a ficar comprometido com rios e açudes secando. A estiagem que se agravaria no restante daquele verão ainda produziria muito danos, trazendo a maior queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul desde 2005 e prejuízo bilionário para a economia gaúcha, em especial para os setor primário.
Hoje, um ano depois, a situação é completamente oposta e muito tranqüila em reservas hídricas na grande maioria dos municípios faúchos. Depois de um novembro de chuva escassa e temperatura bastante acima da média no Rio Grande do Sul, que chegou a afetar parcialmente a cultura do milho, dezembro trouxe muita água (e temporais) para os gaúchos. Grande parte dos municípios do Estado teve no mês passado o dobro ou até o triplo da média mensal de precipitação, muito diferente de dezembro de 2011, quando muito pouco choveu no Rio Grande do Sul.
Os acumulados de precipitação variaram de 300 a 400 milímetros em várias cidades do Rio Grande do Sul em dezembro de 2012, conforme os dados das estações meteorológicas automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), casos dos municípios de Cruz Alta (379 mm), Alegrete (373 mm), Santiago (346 mm), São Luiz Gonzaga (346 mm), Uruguaiana (327 mm), Soledade (314 mm) e Santa Maria (313 mm). Isso fez com que o Rio Grande do Sul e áreas próximas do Cone Sul estivessem entre as regiões com maiores anomalias positivas de chuva durante os últimos 30 dias no mapa mundial (imagem abaixo de divulgação do NOAA).
Indicador da enorme diferença de um ano para o outro é o nível do Rio dos Sinos. Em 1º de janeiro de 2012 estava em 1,3 metro em São Leopoldo. No primeiro dia de 2013 era de elevados 3,9 metros. Outro dado interessante que mostra esta grande diferença de um ano para outro é a curva de déficit/superávit de precipitação em Santa Maria. Depois de quase um ano em permanece déficit de chuva acumulado, enfim a cidade do Centro do Estado passou a ter superávit de precipitação neste começo de janeiro.
Janeiro se encaminha para fechar com chuva acima da média de novo em várias regiões do Estado. A chuva já retornou ao Rio Grande do Sul neste sábado e foi forte em pontos do Oeste. No decorrer deste sábado avança para as demais regiões. O domingo, a segunda e a terça-feira ainda terão instabilidade com precipitações na maioria das regiões. Devem ser registrados elevados volumes em muitas áreas na soma dos acumulados de hoje até a terça-feira, inclusive próximos ou acima da média do mês todo em apenas cinco dias. Há risco de chuva localmente forte a intensa no Estado de hoje até terça todos os dias no Rio Grande do Sul e no período ainda não podem ser descartados temporais isolados de vento e granizo pelas nuvens carregadas associadas ao ar quente e muito úmido.