Setembro chega ao fim com o Oceano Pacífico Equatorial oficialmente ainda em estado de neutralidade, logo sem El Niño ou La Niña, mas as águas estão perto da média ou mais frias que a média na maior parte da região. A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, no seu mais recente boletim semanal sobre o Pacífico afirma que “uma transição para La Niña é esperada nos próximos dois meses” e que existe 70% a 80% de chance de o fenômeno atuar durante o verão (dezembro a fevereiro).

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A última semana de setembro tem anomalia de temperatura da superfície do mar de -0,3ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada para definir se há El Niño ou La Niña. O valor está perto do limite inferior da faixa de neutralidade e muito próximo do patamar de La Niña que é de -0,5ºC ou menos. Já o Pacífico Equatorial Leste, a chamada região Niño 1+2, que costuma impactar as precipitações no Sul do Brasil, apresentava anomalia de +0,2ºC, igualmente no terreno da neutralidade, mas na faixa positiva.

Por que a NOAA indica uma alta probabilidade de La Niña nos próximos meses? Os dados de águas subsuperficiais, da superfície até 500 metros de profundidade no Oceano Pacífico Equatorial, mostram uma grande “piscina” de águas mais frias do que a média e que cresceu em extensão nas últimas semanas.

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A tendência é que estas águas mais frias alcancem a superfície por um processo chamado de ressurgência, o que levaria a um resfriamento maior das águas superficiais e a instalação de um evento de La Niña, que seria o segundo seguido. Ademais, os índices de calor latente do oceano na região equatorial estão negativos e no mesmo patamar do final de outubro de 2020, no maior mínimo alcançado no episódio do fenômeno no ano passado.

A mais recente análise da NOAA e da Universidade de Columbia a partir de diversos modelos de clima projeta para o trimestre de outubro a dezembro 66% de probabilidade de La Niña, 34% de neutralidade e nenhuma chance de El Niño. Para o trimestre de novembro a janeiro, que é o da segunda metade da primavera, 67% de probabilidade de La Niña, 32% de neutralidade e 1% de chance de El Niño.

Já para o trimestre de verão, de dezembro a fevereiro, a probabilidade estimada é de 61% de La Niña, 37% de neutralidade e 2% de El Niño. Por sua vez, o trimestre janeiro a março de 2022 teve índices de probabilidade calculados em 49% para La Niña, 48% de neutralidade e 3% para El Niño. Finalmente, o período de fevereiro a abril que marca o fim do verão e o começo do outono do próximo ano teve probabilidades estimadas em 36% de La Niña, 60% de neutralidade e 4% de El Niño.