La Niña chega ao fim e Pacífico retorna para neutralidade | NOAA

La Niña chegou ao fim. O anúncio foi feito hoje pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados (NOAA), a agência climática do governo dos Estados Unidos. O anúncio já era esperado e tinha sido antecipado pela MetSul a partir da análise das condições oceânicas e atmosféricas no Oceano Pacífico Equatorial.

 Com efeito, o padrão de anomalia de temperatura da superfície do mar não mais preenchia os critérios para a caracterização de La Niña com à chegada à superfície de águas mais quentes vindas do fundo do mar pelo que se denomina de Onda Kelvin. Da mesma forma, o padrão de vento na região equatorial não mais refletia condições de La Niña.

O episódio de La Niña, assim, durou nove meses. Começou em agosto de 2020 e chegou ao fim agora no final de abril e começo de maio. Os seus impactos foram globais com seca em diversos países, inclusive em vários estados do Centro-Sul do Brasil, e uma temporada de furacões hiperativa no Atlântico Norte no ano passado com enorme número de ciclones tropicais na bacia no segundo semestre de 2020, o que levou à utilização pela segunda vez na história do alfabeto grego para identificar as tempestades tropicais e os furacões.

Com o fim do evento de La Niña de 2020/2021, o Oceano Pacífico Equatorial passa agora a apresentar uma condição de neutralidade. O padrão geral de circulação da atmosfera, entretanto, não tem uma mudança automática e responde ainda por um tempo ao fenômeno recém findo. Por isso, muitas áreas seguirão enfrentando déficit de chuva ainda nos próximos meses, trazendo prejuízo na agricultura, desabastecimento de água para consumos humano e animal, e ainda estresse na geração de energia elétrica.

Por fim, a condição de neutralidade no Pacífico a partir de agora não significa normalidade no clima. Com grande frequência no Brasil, inclusive por profissionais da Meteorologia, neutralidade é confundida com normalidade no clima. Sob Pacífico neutro, o Pacífico pode apresentar características tanto de El Niño como de La Niña, mas com uma neutralidade fria como se espera a tendência é de impactos mais prováveis de La Niña.