Um bólido cruzou o céu da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai na manhã desta quarta-feira. De acordo com informações do serviço meteorológico uruguaio, moradores da região de Cerro Largo informaram que a terra chegou a tremer e em Vichadero, departamento de Rivera, os habitantes relataram o som de uma explosão. Testemunhas noticiaram um clarão no céu nos departamentos de Rivera, Salto, Tacuarembó e Cerro Largo. A mesma região teve fenômeno semelhante no ano passado.

É possível confirmar que um bólido ingressou na atmosfera entre a Campanha do Rio Grande do Sul e o Norte-Nordeste do Uruguai. O instrumento Geostationary Lightning Mapper do satélite GOES, usado no monitoramento de raios, captou o ingresso do objeto espacial cruzando a região da fronteira. Para que o satélite tenha captado a rocha espacial e tenha se produzido um ruído sônico e clarão em pleno dia é provável que o bólido tenha sido de maior dimensão.


O bólido, explicam os astrônomos, provoca uma claridade muito maior do que um meteoro do tipo fireball, além de vibrações. Há casos em que chegam a gerar estampidos sônicos com vibrações a ponto de as pessoas sentirem a terra tremer, o que explica os relatos do lado uruguaio da fronteira de que as pessoas perceberam um abalo. A queda de um bólido dificilmente traz risco. Em regra, eles caem fragmentados e danos são raríssimos.

Houve vários casos em anos recentes de bólidos documentados no Brasil com o crescimento da tecnologia de câmeras de monitoramento ambiental e o maior interesse científico no estudo de meteoros, especialmente por parte da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (BRAMON). Em Taquara, no Vale do Paranhana, opera um observatório especializado neste tipo de fenômeno.


Conforme a dimensão, velocidade e composição da rocha espacial, o meteoro vai se desintegrar ou não ao ingressar na atmosfera do nosso planeta, e em alguns casos, como nos bólidos, pode terminar de forma explosiva com ruído sônico e brilho à noite maior que o do planeta Vênus. Nestes casos, a luminosidade é muito grande a ponto de permitir a identificação por satélites meteorológicos, como o GOES-16 que está em uma órbita geoestacionária a 32 mil quilômetros de distância da Terra.