Uma massa de ar frio vai ingressar no Rio Grande do Sul entre esta quinta (29) e a sexta-feira (30) e derrubará a temperatura no Centro-Sul do Brasil. É uma incursão fria forte tão tardiamente na primavera, mas não pode ser comparada aos episódios de muito frio do inverno.
Como as noites estão mais curtas e o número de horas de sol mais alto à medida que se aproxima o verão, e falta pouco mais de um mês para o começo do denominado verão climático (trimestre dezembro a fevereiro), incursões de ar frio nesta época do ano no Sul e no Centro do Brasil não trazem temperaturas mínimas tão baixos como no inverno.
Que ninguém espere frio de “encarangar” pois as temperatura mais baixas serão sentidas apenas durante a madrugada no Sul do Brasil e os efeito durante o dia, com sol, será propiciar temperatura agradável e sem o calor que já é mais comum nesta época do ano.
A temperatura vai declinar nos três estados do Sul, no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil. Nas latitudes tropicais, o efeito desta massa de ar frio será muito mais propiciar uma diminuição das máximas que propriamente trazer mínimas baixas durante a noite. Em São Paulo, porém, a sensação será de frio com chuva e temperatura baixa no início da semana.
Uma frente fria vai trazer aumento de nuvens e chuva irregular nesta quinta-feira, mais no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, na dianteira da massa de ar frio. Esta frente foi responsável por trazer nuvens carregadas e pouca chuva hoje na cidade de Buenos Aires (veja) e queda de neve em localidades do Sul argentino (veja). De acordo com o SMN, o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, nevou em províncias como Chubut e Rio Negro, inclusive forte e com acumulação em alguns pontos.
O ingresso do ar frio nesta quinta-feira no território gaúcho deve se dar com vento que pode soprar com rajadas. O dia será agradável no Estado e a queda da temperatura vai ser mais percebida à noite, quando a sensação será de frio em algumas regiões, reforçada pelo vento. As mínimas da quinta-feira vão ocorrer no final do dia.
Como geada neste momento seria muito prejudicial para o campo, a MetSul entende importante tranqüilizar que não se espera um evento de geada generalizada. Não se pode afastar a ocorrência do fenômeno, mas em baixadas de áreas de maior altitude. A grande maioria, para não dizer esmagadora maioria dos municípios não terá formação de geada quando deste evento de temperatura mais baixa.
Os mapas abaixo mostram as projeções de geada do modelo canadense para os dia 30 de outubro, e 2 e 3 de novembro. O modelo não sinaliza geada nos dias 29 e 31. Estas projeções e outras de diferentes modelos estão disponíveis ao assinante na seção de mapas.
Um dos motivos para não se esperar geada em mais locais no fim de semana é cobertura de nebulosidade. Diferentemente do que ocorre nas incursões de ar frio mais fortes dos meses de inverno em que o céu fica claro e o forte resfriamento noturno é favorecido, no caso de agora são esperadas nuvens.
No sábado, inclusive, deve chover no Norte do Rio Grande do Sul em diversos municípios, não se afastando granizo isolado por conta da atmosfera mais resfriada, e de forma isolada na Metade Leste gaúcha. Como se sabe, a presença de nuvens ou de vento durante a noite frustra um resfriamento maior.
Na região da Campanha, as mínimas em alguns pontos podem ficar entre 5ºC e 7ºC na sexta (30), no domingo (1) e na segunda-feira (2). Na Serra Gaúcha, marcas entre 8ºC e 10ºC na madrugada entre sexta e domingo em Caxias do Sul e na região de Gramado, mas na segunda, com tempo mais aberto e seco, pode esfriar mais com mínimas de 6ºC a 8ºC. Nas diferentes cidades dos Campos de Cima da Serra, entre sexta e o domingo as mínimas devem variar entre 5ºC e 8ºC, conforme a localidade, entretanto na segunda a região de Ausentes pode ter marcas abaixo de 5ºC com geada.
Na região de Santa Maria, no Centro do Estado, marcas de 10ºC a 12ºC de sexta até o domingo, mas no feriado pode cair abaixo de 10ºC. No Sul, na área de Pelotas, marcas de 8ºC a 10ºC na madrugada da sexta e de 10ºC a 12ºC no fim de semana, enquanto que na segunda ficaria ao redor dos 10ºC. No Oeste, na região de Uruguaiana, espera-se um resfriamento menos acentuado com mínimas de 11ºC a 13ºC ao longo do feriadão.
No Noroeste do Estado, pela trajetória mais marítima do ar polar, haverá menor impacto desta incursão de ar frio, mas mesmo assim a temperatura declina bastante. As mínimas em baixadas devem cair a valores entre 8ºC e 10ºC, mas nos pontos mais altos não vão ficar abaixo dos 10ºC. No Norte gaúcho, na área de Passo Fundo, mínimas de 9ºC a 11ºC entre sexta e domingo, mas na segunda pode cair um pouco mais e alguns pontos podem ter 7ºC a 9ºC.
Nos bairros mais frios de Porto Alegre e na região metropolitana, as mínimas tendem a ficar ao redor de 12ºC na sexta, entre 13ºC e 14ºC no sábado pela presença de nuvens, entre 10ºC e 12ºC no domingo e entre 9ºC e 11ºC na segunda-feira. Na terça-feira ainda faz frio na madrugada com 10ºC a 12ºC na região metropolitana.
O que vai chamar a atenção serão as máximas muito agradáveis e abaixo do que é normal para esta época do ano, especialmente no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul, no Leste de Santa Catarina e do Paraná, e no Sul e no Leste do estado de São Paulo. Até no Rio de Janeiro se espera uma “refrescada” considerável. Em Porto Alegre, por exemplo, as máximas durante o feriadão devem se situar predominantemente entre 22ºC e 24ºC, logo propiciando um grande conforto térmico.
A MetSul Meteorologia adverte que o avanço do ar mais frio no Centro e Sul do Brasil devem se formar áreas de instabilidade muito fortes entre esta quinta e a sexta no Norte do Paraguai que deverão avançar inicialmente para o Mato Grosso do Sul e o Paraná, e depois para o estado de São Paulo, com chuva que será localmente forte e possibilidade de temporais isolados de vento forte e granizo. Curitiba, Campo Grande e a cidade de São Paulo têm risco de temporais nesta segunda metade da semana.
Com a influência do fenômeno La Niña, há uma maior propensão ao ingresso de massas de ar frio tardias, favorecendo dias de temperatura baixa ou abaixo da média da estação mesmo do meio para o final da primavera. Estas massas de ar frio apresentam trajetória mais marítima, e não continental como é o comum nas fortes incursões de ar polar nos meses de inverno. Por isso, o Sul e o Leste do Rio Grande do Sul acabam sendo as áreas do Estado que mais sofrem os efeitos destas incursões frias tardias.