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O episódio do fenômeno La Niña ingressa no seu terceiro mês e segue impactando o clima com aumento da chuva no Nordeste do Brasil e estiagem no Rio Grande do Sul, onde o clima seco e muito quente já deixa mais de 60 municípios gaúchos em situação de emergência.

NOAA

Hoje, de acordo conforme os dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -0,8ºC.

O valor informado pela NOAA está na faixa de La Niña fraco (-0,5ºC a -0,9ºC). A maior anomalia negativa até agora nesta área do Pacífico que é usada para designar se há La Niña ou El Niño foi na semana de 25 de dezembro com -1,1ºC, o único registro semanal na faixa de intensidade moderada (-1ºC a -1,4ºC de anomalia).

Conforme os dados da agência de clima do governo dos Estados Unidos, já são oito semanas seguidas em que a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Centro-Leste está em patamar de La Niña, sendo sete na faixa de La Niña fraca e uma semana na faixa de intensidade moderada.

Por outro lado, na chamada região Niño 1+2, que mede a temperatura do mar na costa do Peru e do Equador, mas não é usada para designar se há Niña ou Niño, a anomalia atual é de -0,6ºC.

Apenas nas últimas duas semanas esta parte do Oceano Pacifico apresentou anomalias de temperatura da superfície do mar em patamar de La Niña com fraca intensidade, uma vez que nas semana anteriores estava com anomalias em patamar de neutralidade.

Ou seja, o episódio de resfriamento em curso se concentra desta forma no Pacífico Centro-Leste, logo é um evento mais centralizado de resfriamento e não em toda a faixa equatorial Centro-Leste.

Quanto tempo vai durar a La Niña?

O evento de La Niña que ingressa no seu terceiro mês deve prosseguir nas próximas semanas, de acordo com a análise da MetSul Meteorologia. A tendência é que episódio siga com fraca intensidade.

NWS/NOAA

Conforme a mais recente atualização mensal da NOAA, para o trimestre climatológico de fevereiro a abril, as probabilidade são de 59% de La Niña, 41% de neutro e 0% de El Niño.

Já para o trimestre climatológico de outono de 2025, que compreende os meses de março a maio, as estimativas da NOAA são 39% de La Niña, 60% de neutralidade e 1% de El Niño.

Para o trimestre abril a junho de 2025, os valores informados foram 31% de La Niña, 64% de neutralidade e 5% de El Niño. No trimestre de maio a julho, 29% de La Niña, 62% de neutralidade e 9% de El Niño. Finalmente, no trimestre de junho a agosto, o de inverno, 28% de probabilidade de La Niña, 56% de neutralidade e 16% de El Niño.

O que é o fenômeno La Niña e como impacta o Brasil

O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo.

Durante um evento La Niña, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a fase fria esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai.

No Brasil, os efeitos variam de acordo com a região. O Sul do país geralmente experimenta menos chuva enquanto o Norte e o Nordeste registram um aumento das precipitações. Cresce o risco de estiagem no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações.

Além da chuva, o fenômeno também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. No Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão no Sul.

Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás.

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