Um menino se resfresca no Yards Park em Washington, em meio a uma intensa onda de calor extremo que atinge a região da capital norte-americana | Olivier Douliery/AFP/MetSul Meteorologia

Se julho de 2021 no Sul do Brasil será lembrado por dias de frio muito intenso a extremo e a segunda maior nevada deste século até agora na região, no mundo a realidade é muito distinta e julho de 2021 entra para a estatística histórica como o mês mais quente até hoje registrado no planeta em mais uma evidência que tempo não é clima assim como o que se registra numa pequena área do globo não se traduz numa realidade planetária.

A informação de que julho foi o mês mais quente já observado na Terra desde o começo dos registros meteorológicos foi divulgada nesta sexta-feira (13) pela NOAA, a agência de clima do governo norte-americano.

De acordo com a NOAA, a temperatura média no último mês foi a mais alta para julho e qualquer mês do ano já observada pela ciência.

“Neste caso, o primeiro lugar é o pior lugar possível para se estar”, disse o administrador da NOAA Rick Spinrad. “Julho é tipicamente o mês mais quente do ano do mundo, mas neste ano se superou como o julho mais quente e o mês de maior temperatura mais alta entre todos já vistos.

O novo recorde contribui pro caminho perturbador e disruptivo que as mudanças climáticas estabeleceram para o globo”, disse o administrador da agência climatológica dos Estados Unidos.

A temperatura global, que leva em conta as massas de terra e dos oceanos, ficou em julho 0,93ºC acima da média do século 20 de 15,8ºC, tornando-o o mês de julho mais quente desde que os registros começaram há 142 anos.

A média mensal do último mês ficou ainda 0,01ºC acima do recorde anterior estabelecido em julho de 2016, igualado em em 2019 e 2020, como o mês mais quente entre todos já observados.

O Hemisfério Norte teve a temperatura apenas da superfície terrestre mais alta já anotada em julho com um valor sem precedentes de 1,54ºC acima da média do século 20, superando o recorde anterior estabelecido em 2012. A Ásia teve seu julho de maior temperatura média já registrada, superando o recorde anterior estabelecido em 2010.

A Europa teve o seu segundo julho mais quente já registrado, empatando com julho de 2010 e ficando atrás de julho de 2018. A América do Norte, América do Sul, África e Oceania tiveram um mês de julho que ficou entre os dez mais quentes já observados.

Julho no Brasil

No Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia, apesar do julho de temperatura recorde no planeta, o mês terminou com muitas áreas que tiveram temperatura abaixo da média histórica, especialmente entre as regiões Sudeste e Sul.

No Rio Grande do Sul, a despeito da poderosa onda de frio do final do mês, grande parte do Estado terminou julho com temperatura próxima da média histórica com algumas poucas áreas abaixo e até acima da média.

Por sua vez, uma extensa área entre Rondônia, o Mato Grosso, o Sul do Amazonas e o Pará terminou julho com temperatura muito acima da média histórica e com desvios de até 3ºC a 4ºC acima da normal climatológica. Muitas localidades mais ao Norte da Região Nordeste também terminaram julho com a temperatura acima da média.

Dados de julho reforçam alerta do IPCC

Com os dados do mês passado, segundo a NOAA, é muito provável que 2021 figure entre os dez anos mais quentes já registrados no planeta. O calor extremo detalhado em julho pela NOAA é um reflexo das mudanças de longo prazo descritas em relatório divulgado nesta semana pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

O documento de três mil páginas do IPCC é o mais completo documento cientifico já produzido sobre as mudanças climáticas e alertou que as alterações do clima são sem precedentes, irreversíveis e que durarão milênios.