O inverno climático chegou a fim ontem. É período que a climatologia define como sendo do trimestre de junho a agosto. Já pelo critério astronômico, a mudança de estação apenas ocorrerá às 16h21 do dia 22 de setembro.
Apesar de alguns episódios de frio intenso e até com neve, o inverno climático de 2021 não pode ser classificado como rigoroso. O Rio Grande do Sul e muito menos outras áreas do Centro-Sul do Brasil tiveram frio intenso e quase constante, como muitas vezes já se viu no passado.
Houve até calor intenso com Campo Bom tendo a sua mais alta máxima em agosto desde o começo das medições em 1984 e Porto Alegre com sua quarta maior máxima em agosto no último dia 19. A cidade de São Paulo anotou no dia 26 a maior temperatura em agosto desde 1963.
Julho foi o mês em que o frio mais marcou presença na área Centro-Sul do Brasil. O mês terminou com mínimas abaixo a muito abaixo da média em grande número de municípios do Sul, do Centro-Oeste e do Sudeste do país, entretanto o tempo seco e a chuva escassa favoreceram máximas próximas ou acima da média em muitos locais.
Três intensas ondas de frio atingiram o Centro-Sul do Brasil do Brasil durante o inverno climático deste ano. A primeira, de grande intensidade, ocorreu no final de junho. Trouxe três dias seguidos de neve nos três estados do Sul do Brasil, fato inédito desde a grande onda de frio de julho de 2000.
As duas restantes ocorreram na terceira e na última semanas de julho. Os três eventos de frio muito intenso a extremo trouxeram grande impacto econômico, inclusive nos índices de inflação, pelas perdas enormes registradas em hortaliças, fruticultura, milho e café pela geada ampla e forte.
A última ficará marcada na memória por ter trazido a segunda mais forte e ampla nevada deste século no Rio Grande do Sul até agora na noite do dia 28 para 29 de julho com inesquecíveis imagens. O mesmo episódio de frio deixou ainda registros históricos de mínimas, especialmente em São Paulo, onde muitas cidades tiveram as suas menores temperaturas em duas décadas. A capital paulista, por exemplo, registrou a menor mínima em julho desde 2000.
Além dos extremos de frio e calor, outra marca do inverno climático deste ano foi o tempo seco com chuva abaixo a muito abaixo da média no trimestre na maior parte do Centro-Sul do território brasileiro. Julho, por exemplo, foi o mês mais seco do ano até agora em diversas cidades do Rio Grande do Sul. Para se ter ideia, em Cruz Alta, o acumulado mensal de julho foi de tão-somente 15,8 mm ou apenas 11% da média mensal, o menor volume mensal de 2021. Já São Luiz Gonzaga teve em julho um acumulado de 13,3 mm ou 10% do normal histórico para todo o mês. Foi também o menor acumulado mensal de 2021 no município.
Mínimas negativas
Rio Grande do Sul chegou ao dia 31 de agosto, que marca o término do inverno climático, com 52 dias no ano em que o Estado teve registro de temperatura negativa. Destes, 35 dias se deram no inverno climático (junho a agosto) e 17 no outono climático (trimestre março a maio), conforme levantamento exclusivo da MetSul.
O levantamento aponta que foram 3 dias com mínimas abaixo de zero no Rio Grande do Sul em abril, 14 em maio, 11 em junho, 18 em julho e 6 no mês de agosto. A menor temperatura mínima do ano no estado gaúcho ocorreu em Vacaria no dia 30 de julho com 7,2ºC abaixo de zero. Em Porto Alegre, no Jardim Botânico, a menor mínima de 2021 foi de 2,1ºC, também em 30 de julho.
Assim como fez frio no outono, antes do inverno climático, fará também agora em alguns dias da primavera climática. Ocorre que, como é o normal, dias de frio – e intenso – são muito mais frequentes no outono e na primavera. Por isso, daqui para a frente a previsão é de predomínio de dias agradáveis e quentes com frequência cada vez menos de frio até que chegue o outono de 2022.