Vai ter tormenta de Santa Rosa em 2021 na região do Prata. Fortes áreas de instabilidade que já traziam chuva forte e temporais nesta terça para o Sul da província de Buenos Aires avançam para Norte nesta quarta-feira e alcançam grande parte da província argentina, inclusive a capital Buenos Aires.

Tempestade de raios em Montevidéu vista da Rambla de Pocitos | Mariana Suarez/AFP/MetSul Meteorologia/Arquivo

A MetSul antecipa chuva forte e tempestades com risco de vento forte e granizo em pontos localizados da tarde para a noite desta quarta e durante a quinta na região da cidade de Buenos Aires e no Sudoeste e no Sul do Uruguai. A chuva deve ser por vezes forte a intensa com altos acumulados em curto período e alagamentos.

Os volumes de chuva na parte Norte da província de Buenos Aires e no Sul do Uruguai podem ficar entre 100 mm e 150 mm em alguns pontos.

As duas capitais, Buenos Aires e Montevidéu, podem enfrentar problemas em razão da chuva e das tormentas. Veja a projeção de chuva até 9h da sexta do modelo alemão Icon, disponível ao assinante na seção de mapas com quatro atualizações diárias.

A massa de ar seco e quente sobre o Sul do Brasil não deve impedir o rápido avanço da chuva do Prata. Na quinta-feira, a instabilidade se desloca para o restante do Uruguai e ingressa no Rio Grande do Sul a partir do Oeste e do Sul com chuva e baixo risco de temporal, perdendo força à medida que se desloca pelo território gaúcho. A instabilidade maior e mais generalizada no Rio Grande do Sul é prevista para o fim de semana.

O que é a Tormenta de Santa Rosa?

O dia 30 de agosto é o de Santa Rosa de Lima e, segundo o dito popular, por volta dessa data ocorre uma forte tempestade. Mas esse “redor” não é fixo e, dependendo da conveniência do fiel pode ser uma tempestade que ocorre cerca de 3 ou 4 dias por volta de 30 de agosto ou cerca de 15 dias antes e depois dessa data.

A verdade é que como esse limite não é totalmente claro, qualquer tempestade entre agosto e setembro pode ser “a de Santa Rosa”, diz o Serviço Meteorologico Nacional da Argentina. Por isso, o órgão decidiu ser um pouco mais rígido ao definir alguns parâmetros para analisar a frequência do fenômeno popular.

De acordo com o glossário meteorológico da Organização Meteorológica Mundial (OMM), para haver tempestade é necessário que haja atividade elétrica. Uma chuva sem a presença de descargas acompanhada de um clarão (relâmpago) e um ruído (trovão) não se classifica como tempestade.

As tempestades estão associadas às chamadas nuvens convectivas Cumulonimbus que geralmente (embora nem sempre) geram precipitações intensas na forma de aguaceiros ou, ocasionalmente, neve ou granizo, bem como ventos fortes. Em regiões como a Patagônia não é comum a formação de tempestades, por isso a frequência de Santa Rosa é muito baixa. Algo semelhante ocorre no Noroeste da Argentina, onde a estação do ano é marcada pela seca e predominam os dias claros e com muito sol.

A região em que ocorrência de tempestades é frequente nesta época do ano é no Centro e no Nordeste da Argentina. Entre meados e finais de agosto, a atmosfera está sujeita a alterações na sua circulação devido à proximidade da primavera, o que favorece a presença de ar quente, mais umidade e condições propícias para a formação de nuvens carregadas de temporal. Embora haja quem creia que a tempestade de Santa Rosa seja mais forte do que qualquer outra, não há qualquer evidência.

O Observatório Central de Buenos Aires (OCBA) do SMN, que conta com um banco de dados de mais de 100 anos e está localizado na região da Argentina onde as tempestades não são atípicas, oferece uma ideia de quão frequente é a instabilidade nesta época do ano.

Considerando dados de 25 de agosto a 4 de setembro (5 dias antes e depois de Santa Rosa) de 1906 a 2020, o SMN analisou para cada ano o número de dias consecutivos com tempestades e a chuva acumulada. No caso de registro de mais de um evento de tempestade nos 10 dias considerados, apenas aquele que resultou na maior quantidade de chuva acumulada foi contabilizado.

O resultado da análise do Serviço Meteorológico Nacional da Argentina mostrou que nos 115 anos de registro da cidade de Buenos Aires em 64 anos (55% dos casos) ocorreram tempestades no intervalo considerado, embora nem sempre associadas a chuvas intensas e / ou abundantes.