Lembra quando no inverno a gente reclama de absurdas mudanças do tempo em poucos dias? Quando saímos de frio de encarangar para calorão ou vice-versa em pleno inverno. Quando saímos de neve e geada para dias com calor até 35ºC no Rio Grande do Sul. Isso ocorre principalmente no mês de agosto, pródigo em trazer estas mudanças radicais e muito bruscas.

Estas mudanças muito abruptas e extremadas, entretanto, não são uma particularidade só do nosso clima aqui no Sul do Brasil. Ocorrem também em outras partes do mundo. Dias atrás noticiávamos do frio intenso que castigava a Europa com nevascas não vistas tanto na Alemanha como a Holanda em uma década.

Pois, tudo mudou. O frio extremo e mais intenso em muito tempo deu lugar a dias com a temperatura muito acima do que é normal para esta época do ano. Göttingen, na Alemanha, viu uma diferença de temperatura enorme (e recorde) de 41,9°C em apenas uma semana. A localidade alemã saiu de 23,8°C negativos no dia 14 para 18,1°C positivos no dia 21. A informação foi publicada pelo serviço meteorológico da Alemanha, o DWD.

O que ocorreu? O bolsão de ar extremamente gelado que assolou a Europa Ocidental dias atrás migrou para Rússia, Leste Europeu e o Oriente Médio. Foi rapidamente substituído por uma massa de ar mais quente com temperatura muitíssimo mais alta. O contraste entre as duas massas de ar era enorme no final da semana passada sobre a Europa.

Por que isso ocorre? A atmosfera se comporta em ondas pela atuação das correntes de jato (vento) em grande altitude. Quando há uma incursão de ar mais gelado e de alta pressão atmosférica se tem uma onda longa.

Scott Duncan

Entre uma onda longa e outra atua ar mais quente de baixa pressão. Por isso, no mesmo hemisfério, é normal que uma região esteja com frio muito intenso e outra com calor incomum. Esse padrão fica ainda mais extremado com o colapso do vórtice polar.

No inverno, não raro a Austrália e Nova Zelândia estão com muito frio e neve enquanto aqui no Sul do Brasil, no Uruguai e na Argentina faz calor fora de época. Até que uma onda longa nos alcance e traga o frio de volta.