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A severidade da estiagem que assola o Rio Grande do Sul pode ser vista mesmo do espaço. Imagens de satélite mostram como a falta de chuva transformou a paisagem do estado gaúcho. O número de municípios em situação de emergência pela estiagem se aproxima rapidamente de 300 e a chuva irregular somada ao calor intenso fazem a situação apenas piorar.

O Parque Nacional da Lagoa do Peixe já havia secado na estiagem do verão passado para depois se recuperar com as chuvas entre o outono e o inverno, mas neste verão tornou a ficar seco. Hoje, extensas áreas do parque cobertas habitualmente de água estão com o solo seco.

A transformação da paisagem pela estiagem pode ser vista a partir do espaço. Imagens do Satélite Landsat-8, da agência espacial norte-americana NASA, e processadas pela empresa Soar.Earth, de Porto Alegre, mostram o Parque Nacional da Lagoa do Peixe praticamente seco.

O cenário é muito semelhante ao do início do ano passado. Além do impacto ambiental, a lagoa praticamente seca impacta diretamente a economia da região, dependente da pesca. Em 2022, as estimativas eram de que, somente no camarão, os prejuízos alcançaram quase R$ 5 milhões para as 201 famílias autorizadas a explorar a atividade pesqueira na Lagoa do Peixe.

Apesar da denominação, a Lagoa do Peixe é, na verdade, uma laguna, por causa da comunicação com o mar. É relativamente rasa, com 60 centímetros de profundidade em média. Possui 35 quilômetros de comprimento e dois quilômetros de largura, e é formada por sucessão de pequenas lagoas interligadas, caracterizando, assim, um reservatório natural de água salobra.

A sequência de imagens a seguir geradas pela Soar.Earth, com intervalos de dois anos, mostra como a realidade mudou com a estiagem favorecida pelo fenômeno La Niña nos últimos três anos. As imagens são dos verões de 2019, antes do começo do atual evento de La Niña, 2021, quando a estiagem não foi tão severa como agora, e de agora em 2023.

Parque Nacional da Lagoa do Peixe em imagem do satélite Landsat-8 em 2019 | SERGIO VOLKMER/SOAR.EARTH/DIVULGAÇÃO

Parque Nacional da Lagoa do Peixe em imagem do satélite Landsat-8 em 2021 | SERGIO VOLKMER/SOAR.EARTH/DIVULGAÇÃO

Parque Nacional da Lagoa do Peixe em imagem do satélite Landsat-8 em 2023 | SERGIO VOLKMER/SOAR.EARTH/DIVULGAÇÃO

Reconhecido internacionalmente, o parque tem mais de 270 espécies de aves registradas, como o cisne de pescoço preto, o coscoroba, talha-mar e maçaricos, entre outras. A ave símbolo do parque, o flamingo, vem do Chile todos os anos, no inverno, em busca de descanso e alimento. Diferentes espécies viajam milhares de quilômetros para encontrar no ecossistema litorâneo do parque conforto e alimento.

É o caso do maçarico-de-bico-fino. A ave deixa o Norte da Groelândia, no Ártico, para habitar as terras brasileiras. Já a batuíra-de-bando sai do Canadá e do Alasca para chegar ao Brasil e no seu destino final o parque.

Migratórias ou residentes na região, as aves alimentam-se dos diversos microorganismos que vivem na lagoa e encantam a população local e turistas com sua beleza e hábitos de vida. O precioso ambiente contido dentro da unidade de conservação é protegido por lei, que proíbe práticas de exploração comercial no local.

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