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Onda de calor castigará a Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil até o começo da próxima semana com tardes de marcas escaldantes que vão trazer grande desconforto térmico e riscos para a saúde | ROSINARA FERREIRA

O Rio Grande do Sul enfrenta um verão de temperatura acima a muito acima da média. Desde o começo da estação as marcas acima do normal da climatologia histórica predominam no estado gaúcho. Dezembro e janeiro terminaram com temperatura superiores ao padrão histórico e fevereiro até agora segue a mesma tendência.

Um período extremamente quente nos próximos dias vai contribuir ainda mais para que os desvios de temperatura acima do normal aumentem neste mês de fevereiro no território gaúcho com marcas que vão ficar perto ou acima dos 40ºC em diversas cidades gaúchas.

O calor intenso predomina desde o começo da semana e apenas cedeu um pouco no dia de ontem. A quinta-feira teve máximas menores que as da véspera. Os termômetros indicaram, por exemplo, em São Borja 33,0ºC, muito menor que os 40,2ºC da quarta. Campo Bom, na Grande Porto Alegre, foi a 37,5ºC na quarta e não passou de 34,1ºC ontem.

Quaraí é um exemplo de como tem feito muito calor nesta semana. No domingo, a máxima na cidade do Oeste gaúcho foi de 33,7ºC. Na segunda, subiu para 36,7ºC. Na terça, se elevou ainda mais: 38,3ºC. Na quarta, o pico desta semana até agora com 40,7ºC. E ontem fez 37,1ºC.

O novo período de temperaturas excessivamente altas será abrangente e não vai se limitar ao Rio Grande do Sul. Alertas de onda de calor estão sendo emitidos por serviços meteorológicos oficiais de países vizinhos, como Argentina e Uruguai.

O Serviço Meteorológico Nacional (SMN), da Argentina, adverte para temperaturas “extremas”. Ontem, a maior marca no país se deu em localidade de clima árido da região da Patagônia. Fez 41,5ºC em San Antonio Oeste.

No Uruguai, o Instituto Uruguaio de Meteorologia (Inumet) emitiu um alerta de onda de calor para o período entre este sábado e a segunda-feira com “temperaturas extremas acima da média climatológica desta época do ano”. O pior do calor, segundo o Inumet, deve ocorrer em departamentos do Oeste e do Centro do país.

Tanto na cidade de Buenos Aires como em Montevidéu, no Uruguai, o pior dia de calor deverá ser o domingo. A temperatura deve se aproximar dos 40ºC na cidade de Buenos Aires e passará dos 40ºC na área metropolitana, o chamado conurbano.

Calor no Sul do Brasil 

O calor vai se fazer sentir com força também no Rio Grande do Sul. Nesta sexta, a previsão nossa na MetSul Meteorologia aponta máximas mais altas ocorrem no Oeste gaúcho com até 38ºC ou mais. Na Grande Porto Alegre, os setores mais quentes terão 35ºC a 36ºC enquanto na cidade de Porto Alegre a maioria dos bairros deverá ter nesta sexta entre 34ºC e 35ºC.

As temperaturas seguem parecidas ou mais altas amanhã. O sábado deve ter marcas de 38ºC a 40ºC em cidades do Oeste gaúcho com máximas de 37ºC a 39ºC na Campanha, no Centro gaúcho e nos vales. Porto Alegre pode ir a 36ºC e na área metropolitana haverá pontos com 37ºC a 38ºC.

No domingo, o calor se torna extremo em muitas cidades à medida que a massa de ar quente se intensifica sobre o Rio Grande do Sul. Temperaturas perto ou ao redor de 40ºC são esperadas no Noroeste, no Oeste, no Centro, no Sul gaúcho, nos vales e na Grande Porto Alegre. A capital gaúcha pode bater em 37ºC a 38ºC.

Na segunda, o calor segue implacável e pior muito no Leste gaúcho. Máximas de 38ºC a 40ºC são esperadas no Oeste e no Noroeste, mas no Sul e no Leste do estado, o que inclui as áreas de Pelotas, de Porto Alegre, dos vales e região metropolitana, as marcas serão extremas com registros acima de 40ºC.

Porto Alegre na segunda, por exemplo, deve ter 39ºC a 40ºC em diversos bairros. É provável que passe dos 40ºC em diversos setores da Grande Porto Alegre e dos vales. Será o dia mais quente deste verão até agora na região de Pelotas, no Sul do estado, com máximas rondando os 40ºC na cidade, o que deve se fazer sentir ainda em Rio Grande.

O calor se fará sentir forte também em Santa Catarina e no Paraná, mas no Sul do Brasil o pior se dará no Rio Grande do Sul, o que vai agravar ainda mais a perda de umidade do solo e as perdas na agricultura com a estiagem. Em Santa Catarina, marcas perto de 40ºC no extremo Oeste. No Sul catarinense e na região de Florianópolis, o pico do calor ocorre na segunda-feira e na terça.

Uma boa notícia é que esta onda de calor não será muito prolongada, como a de janeiro do ano passado que durou duas semanas e trouxe 15 dias seguidos com máximas acima de 40ºC para o Rio Grande do Sul. Entre terça e quarta da semana que vem o tempo muda com chuva generalizada e temporais em muitos locais, alguns severos, encerrando o período tórrido.

Os cuidados com o calor

As recomendações dos especialistas são quase idênticas em todo o mundo diante de uma intensa onda de calor. A Mayo Clinic, uma das principais instituições médicas do mundo, tem uma série de orientações de diante de um período de calor extremo.

A primeira e mais importante, beber grande quantidade de líquidos. Manter-se hidratado ajuda o corpo a suar e manter uma temperatura corporal normal. Igualmente importante é usar roupas folgadas e leves. Vestir roupas em excesso ou roupas justas não permite que o corpo esfrie adequadamente.

A Mayo orienta ainda a se proteger contra queimaduras solares. As queimaduras solares afetam a capacidade do corpo de se refrescar, portanto proteja-se ao ar livre com um chapéu de abas largas e óculos de sol e use um protetor solar de amplo espectro com FPS de pelo menos 15.

Os médicos da Mayo recomendam também precauções extras com certos medicamentos. “Fique atento a problemas relacionados ao calor se você tomar medicamentos que podem afetar a capacidade do seu corpo de se manter hidratado e dissipar o calor”, enfatizam.

Enfatizam ainda que ninguém fique em um carro estacionado sob o sol. Esta é uma causa comum de mortes relacionadas ao calor em crianças deixadas ou esquecidas em automóveis. Quando estacionado ao sol, a temperatura do carro pode subir mais de 10ºC em apenas dez minutos. Não é seguro, assim, deixar uma pessoa em um carro estacionado sob forte onda de calor mesmo que as janelas estejam abertas ou o carro esteja na sombra.

Os especialistas assinalam também que esforço físico deve ser evitado nas horas mais quentes do dia. “Se você não puder evitar atividades cansativas em tempo quente, beba líquidos e descanse com frequência em um local fresco. Tente agendar exercícios ou trabalho físico para as partes menos quentes do dia, como de manhã cedo ou à noite”, dizem. “Acostume-se. Limite o tempo gasto trabalhando ou se exercitando no calor até que você esteja condicionado a isso. As pessoas que não estão acostumadas ao clima quente são especialmente suscetíveis a doenças relacionadas ao calor. Pode levar várias semanas para o seu corpo se ajustar ao tempo quente”, pontua a Mayo Clinic.

O choque de calor

O choque de calor é um dos maiores riscos durante um período de temperatura muito alta. É uma condição causada pelo superaquecimento do corpo, geralmente como resultado de exposição prolongada ou esforço físico em altas temperaturas.

Esta forma mais grave de lesão por calor e insolação pode ocorrer se a temperatura do corpo subir para 40ºC ou mais e requer tratamento de emergência. A insolação grave ou choque de calor não tratados pode danificar rapidamente o cérebro, o coração, os rins e os músculos. O dano piora à medida que o tratamento é adiado, aumentando o risco de complicações graves ou morte.

Os sinais e sintomas da insolação incluem, de acordo com a Mayo Clinic, uma temperatura corporal central de 40ºC u superior, estado mental confuso ou comportamento alterado, fala arrastada, delírio, convulsões e coma. Há ainda alteração na sudorese. Na insolação provocada pelo tempo quente, a pele ficará quente e seca ao toque. No entanto, na insolação provocada por exercícios exagerados, a pele pode ficar seca ou levemente úmida.

Outros sintomas incluem náusea e vomito. A pele pode ficar ainda avermelhada à medida que a temperatura do corpo aumenta. A respiração pode se tornar rápida e superficial. O pulso atinge frequência cardíaca de corrida com aumento significativo porque o estresse térmico coloca uma tremenda carga no coração para ajudar a resfriar seu corpo. Dores de cabeça com a percepção de latejar é frequentemente relatada.