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Foi o mais violento fenômeno natural no planeta em 2022. Com a sua enorme magnitude, os cientistas já sabiam que a erupção do vulcão de Tonga, no Pacífico Sul, produziria efeitos de grande escala no planeta. Nos últimos meses, a tarefa dos pesquisadores foi reunir todos os dados. As suas descobertas são impressionantes.

TONGA GEOLOGICAL SERVICE

A erupção do vulcão submarino em 15 de janeiro de 2022 perto do arquipélago de Tonga foi a maior em décadas na Terra. “Ficou claro imediatamente que este seria um evento científico espetacular”, disse Alexa Van Eaton, vulcanologista do Serviço Geológico dos Estados Unidos. “É várias ordens de magnitude maior do que qualquer coisa que estamos acostumados a ver. Esta erupção claramente iria nos ensinar algo novo”.

O vulcão submarino Hunga Tonga quebrou vários recordes: a poderosa explosão foi maior do que qualquer explosão nuclear dos Estados Unidos. As ondas do tsunami se propagaram por todo o planeta. As cinzas alcançaram a estratosfera. Uma quantidade sem precedentes de água, suficiente para encher quase 60.000 piscinas olímpicas de água, ingressou na atmosfera e pode aquecer a atmosfera por anos.

Agora, um novo estudo liderado por Van Eaton revela mais detalhes sobre o evento gigante do Pacífico Sul a partir da análise de raios produzidos pela erupção. Os pesquisadores descobriram que a pluma da erupção de Tinga criou seu próprio sistema climático maciço e a tempestade elétrica mais intensa já registrada.

Ao menos 2.600 relâmpagos por minuto foram detectados durante o pico de atividade, quebrando as taxas de qualquer outro sistema meteorológico, tempestade ou erupção vulcânica registrada na história da Terra. Usando os dados, a equipe também determinou que a erupção durou 11 horas, várias horas a mais do que o estimado anteriormente.

Relâmpagos em vulcões não são necessariamente uma novidade. O raio é causado por um desequilíbrio de cargas elétricas na atmosfera. Nos vulcões, as partículas de cinza raspando umas nas outras, junto com o granizo e os processos de formação de gelo, podem eletrificar as partículas transportadas pelo ar.

Quase 200.000 relâmpagos foram detectados na pluma vulcânica durante toda a erupção, de acordo com sensores terrestres e de satélite. Alguns dos raios ocorreram entre 20 e 30 quilômetros acima do nível do mar, as descargas de maior altitude já registradas. Os raios também apareceram em formações de anéis se expandindo e contraindo ao redor do centro do vulcão, que os autores não haviam visto antes.

No auge da erupção, metade dos raios detectados em todo o mundo ocorreram no vulcão, disse o coautor Chris Vagasky, meteorologista e especialista em dados de raios. A taxa máxima de relâmpagos – 2.600 relâmpagos em um minuto – foi mais de oito vezes maior do que o evento recorde anterior de relâmpagos vulcânicos, da erupção do Mount Redoubt, em abril de 2009.

Os autores dizem que essa taxa de pico pode até ser subestimada a rede de sensores de raios basicamente “explodiu” porque estava detectando muitos raios e ficou saturada. Os raios seguiram mesmo quando outros dados remotos, infravermelhos e sísmicos, estavam em calma, indicando que a erupção continuou por horas a mais do que os cientistas inicialmente pensavam.