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Sob planeta mais quente, secas aumentarão e calor atingirá níveis excepcionais e perigosos em muito mais áreas do planeta. | GENT SHKULLAKU/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Uma enorme área do Brasil pode atingir níveis de calor perigosos e potencialmente fatais no futuro se a tendência de aquecimento do planeta seguir o curso atual sem medidas de redução drástica de emissões de gases estufa, apontam estudos que acabam de ser divulgados pelo Met Office, o serviço meteorológico no Reino Unido.

Máximas ainda mais altas que os 43ºC a 44ºC registradas no ano passado e neste ano no Centro-Oeste do Brasil devem se tornar ainda mais comuns e com valores de temperatura superiores ao que vem se registrando nos piores períodos de calor extremo, normalmente no final da estação seca do Brasil Central.

O número de pessoas em regiões em todo o mundo afetadas por estresse térmico extremo – uma combinação potencialmente fatal de calor e umidade – poderia aumentar quase 15 vezes se a temperatura mundial subir para 2°C. Hoje, o aquecimento em relação ao período anterior à Revolução Industrial está em 1,1ºC.

Sob um cenário de 2ºC, de acordo com novos números e um mapa do Met Office, o número de pessoas que vivem em áreas afetadas por estresse térmico extremo aumenta de 68 milhões nos dias de hoje para cerca de um bilhão de pessoas. Com aumento de 4,0°C, quase metade da população mundial viveria em áreas potencialmente afetadas pelas mudanças climáticas.


O mapa mostra as áreas onde a temperatura do bulbo úmido superior a 32,0°C ocorreria por mais de 10 dias por ano com aquecimento global de 4,0°C na média do conjunto dos modelos do 5º Projeto de Intercomparação de Modelo Acoplado (CMIP5) | MET OFFICE/DIVULGAÇÃO

O indicador usado na avaliação de temperatura do bulbo úmido do termômetro acima de 32,0°C faz parte do padrão internacional para medir o estresse por calor em ambientes de trabalho. Acima destes níveis, recomenda-se o aumento do tempo de descanso por hora para evitar a exaustão pelo calor ou choque de calor, o que pode vir a ser fatal em algumas pessoas. Uma onda de calor na Europa no começo deste século matou dezenas de milhares de pessoas, a maioria idosos, especialmente na França. A onda de calor extremo que atingiu o Noroeste dos Estados Unidos e o Sudoeste do Canadá no verão deste ano teria causado centenas de mortes, de acordo com estimativas médicas.

O Dr. Andy Hartley, pesquisador líder de impactos climáticos do Met Office afirma que acima de 32ºC no bulbo úmido, levando em conta a umidade, as pessoas são definidas como estando em risco extremo. Membros vulneráveis ​​da população e aqueles com trabalhos físicos ao ar livre correm maior risco de efeitos adversos à saúde. Atualmente, a métrica é atendida em vários locais, como partes da Índia, mas a análise mostra que com aumento de 4,0°C, o risco de calor extremo pode afetar pessoas em grandes áreas da maioria dos continentes do mundo.

As descobertas são reveladas como parte de uma série de mapas que mostram regiões afetadas por cinco diferentes efeitos das mudanças climáticas a 2,0°C e a 4,0°C de aquecimento. As outras são: inundação de rios; risco de incêndio florestal; seca; e insegurança alimentar.

Os mapas dos riscos de seca, inundação e estresse térmico são de pesquisa de uma grande equipe internacional no projeto HELIX (High End Climate Impacts and Extremes) financiado pela União Europeia, e liderado pela Universidade de Exeter. A equipe do Met Office fez uma análise mais aprofundada para o governo do Reino Unido para avaliar onde os impactos projetados mais graves se sobrepõem e com as regiões atualmente mais vulneráveis ​​à insegurança alimentar.

Mapa mostra regiões do planeta onde vários impactos severos podem ocorrer em momentos semelhantes sob 4,0°C de aquecimento global acima dos níveis pré-industriais. Os impactos incluem risco extremo de estresse por calor, inundação de rios, seca e risco de incêndio florestal, sobrepostos por um indicador de insegurança alimentar atual. As regiões anotadas destacam locais de preocupação particular em que vários impactos severos se sobrepõem com o aquecimento global de 4,0°C. MET OFFICE/DIVULGAÇÃO

O professor Richard Betts MBE da Universidade de Exeter e Met Office, que liderou o projeto HELIX, disse que a nova análise combinada mostra a urgência de limitar o aquecimento global a valores muito abaixo de 2,0°C. Quanto maior o nível de aquecimento, mais graves e generalizados são os riscos para a vida das pessoas, mas ainda é possível evitar esses riscos mais elevados se a humanidade agir agora.

O Dr. Andy Wiltshire, chefe do Sistema Terrestre e Ciência da Mitigação, acrescentou que qualquer um dos impactos climáticos apresenta “uma visão assustadora do futuro”. “Talvez sem surpresa, partes dos trópicos são as mais afetadas, com países como Brasil e Etiópia potencialmente enfrentando impactos de quatro dos perigos”, alertou.

O professor Albert Klein Tank é diretor do Met Office Hadley Center concluiu que os mapas revelam áreas do mundo em que os impactos mais graves são projetados para ocorrer com níveis mais elevados de aquecimento global, embora se projete que todas regiões do mundo sofram impactos contínuos das mudanças climáticas.

No próximo ano, a previsão é que o IPCC publique o relatório do Grupo de Trabalho II sobre Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade. O Grupo de Trabalho II avalia a vulnerabilidade dos sistemas socioeconômicos e naturais às mudanças climáticas, as consequências negativas e positivas das mudanças climáticas e as opções de adaptação a elas.

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