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El Niño atua no momento com intensidade moderada e gradualmente enfraquece | NASA

O mês de março se aproxima já de sua metade e as condições de El Niño persistem ainda no Oceano Pacífico Equatorial. Os dados mais recentes da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), a agência de tempo e clima do governo norte-americano, mostram que a temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste permanece em patamar de El Niño moderado.

Embora já distante do seu pico do final do ano passado e se encaminhando para o seu final daqui a algumas semanas, o fenômeno El Niño ainda causa impactos no clima do Brasil e regional. A semana que começa oferecerá exemplos de como o fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico Equatorial ainda é capaz de impactar o clima.

Dois importantes eventos meteorológicos terão lugar na América do Sul e ambos estão diretamente relacionados pelas condições atmosféricas impactadas pelo fenômeno. Uma onda de calor afetará o Norte da Argentina, o Brasil, Paraguai e a Bolívia. Enquanto isso, uma onda de instabilidade forte com chuva intensa a extrema e tempestades atinge o Centro da Argentina.

Calor em março sempre ocorre com ou sem El Niño, mas o episódio que terá início nesta semana tem as impressões digitais, por assim dizer, do fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico. Será muito parecida em padrão com as ondas de calor do segundo semestre de 2023, especialmente no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil.

Por quê? Ondas de calor em março não são incomuns na climatologia histórica, mas ocorrem com menos frequência no Sul do Brasil que em dezembro, janeiro e fevereiro. Já no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil, período tão prolongado de temperatura tão alta como o que se prevê foge ao normal desta época do ano.

Para entender. Março ainda é temporada chuvosa no Centro do Brasil, o que costuma frustrar eventos de calor excessivo prolongados no Sudeste e no Centro-Norte, onde normalmente os episódios de calor excessivo ocorrem no final da temporada seca, no fim do inverno e na primeira metade da primavera.

Ao mesmo tempo, a onda de calor que se inicia nesta semana estará associada a um bloqueio atmosférico que vai inibir a chuva nos locais mais quentes do Brasil, mas, por outro lado, reterá a instabilidade na Argentina e no Uruguai ao longo desta semana que começa.

O resultado será chuva volumosa e excessiva durante esta semana no Centro argentino e no Uruguai com sucessivos sistemas convectivos que vão despejar grande quantidade de água e trazer temporais com frequência. Tempestades, em alguns casos fortes e até severas, serão numerosas ao longo destes dias com alto risco de vendavais e queda de granizo de variado tamanho nos países vizinhos.

Projeção de anomalia de chuva para a semana do modelo CFS | METSUL

Projeção de anomalia de temperatura para a semana do modelo CFS | METSUL

Isso também está dentro do que poderia se esperar justamente sob El Niño. Quando o fenômeno está atuando, a história mostra que no final do verão e no começo do outono ocorrem episódios de chuva muito volumosa e tempestades no Centro da Argentina e no Uruguai, em alguns casos até com acumulados de precipitação mais altos que na primavera do primeiro ano sob influência do fenômeno.

As condições quentes no Pacífico ainda devem permanecer por mais algum tempo. Segundo a última projeção da Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, as probabilidades indicam a persistência do fenômeno El Niño nestes últimos dias do verão, uma transição para fase de neutralidade ao longo do outono e o retorno do fenômeno La Niña no final do outono ou durante o inverno.

Probabilidade de La Niña aumenta muito no inverno | IRI

As projeções de probabilidade da Columbia apontam no trimestre de março a maio 83% de El Niño, 17% de neutralidade e 0% de La Niña. Para o trimestre abril a junho, 27% de probabilidade de El Niño, 72% de neutralidade e 1% de La Niña. No trimestre de maio a julho, 9% de El Niño, 71% de neutro e 20% de La Niña.

No trimestre de inverno, junho a agosto, 5% de El Niño, 46% de neutralidade e 49% de La Niña. No trimestre julho a setembro, 3% de El Niño, 26% de neutralidade e 71% de La Niña. Finalmente, no trimestre de primavera, de setembro e novembro, 5% de El Niño, 27% de neutralidade e 68% de La Niña.

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