A América Central está na iminência de um desastre de grandes proporções e de um evento com alto número de vítimas, avaliam os meteorologista da MetSul. Trata-se da maior ameaça meteorológica na região por um ciclone tropical em mais de duas décadas com tendência de muito graves conseqüências com o poderoso furacão Eta.
O extremamente perigoso furacão Eta, atualmente no Oeste do Caribe com categoria 4 na escala Saffir-Simpson que vai até 5, ainda está se intensificando rapidamente sobre as águas muito aquecidas do Atlântico e deve castigar duramente a Nicarágua, além de outros países da região como Honduras e Belize. Há alertas que vão do Panamá até o México, incluindo Costa Rica, El Salvador e Guatemala.
A crista de um centro de alta pressão faz com que a violenta tempestade se desloque de Oeste para Leste, o que deve fazer com que Eta toque terra em algum ponto do Nordeste da Nicarágua nesta terça-feira. Ao alcançar o continente, a influência da área de alta pressão vai diminuir e a tendência é que o furacão passe a se deslocar muito lentamente, o que vai agravar sobrebameira o problema de chuva extrema na região.
1-minute Mesoscale Sector #GOES16/#GOESeast Visible, Infrared & #GLM Flash Extent Density showed a period of nearly continuous #lightning activity within the inner eyewall of Hurricane #Eta as it was going through steady intensification: https://t.co/5WljRukGEi pic.twitter.com/fUr6BWZPaR
— Scott Bachmeier (@CIMSS_Satellite) November 2, 2020
O furacão será catastrófico para a Nicarágua, advertem os meteorologistas do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. O NHC está projetando uma elevação da maré na costa de até seis metros, vento de 200 km/h a 250 km/h e acumulados de chuva perto de 1.000 mm.
A boa notícia é que o “huracán” Eta deve tocar terra numa área de baixa densidade populacional e com potencial menor de danos, entretanto a má notícia é que será alimentado pelo fluxo de umidade dos oceanos Atlântico e Pacífico e trará chuva excepcional com acumulados de 500 mm a 1000 mm em poucos dias numa extensa área da América Central.
Alguns modelos chegam a projetar volumes localizados de 1.000 a 1.500 mm, o que traria conseqüências de enorme gravidade. A chuva é a grande ameaça deste furacão porque se moverá lentamente e sobre muitas áreas de terreno acidentado ou montanhoso, gerando deslizamentos de terra de grande porte e inundações de imensas proporções.
A temporada de furacões de 2020 é recorde. Já são 28 tempestades nomeadas neste ano, igualando o recorde da temporada de 2005. Foram 12 furacões, sendo cinco intensos. As médias históricas para este ponto da temporada são 11,2 tempestades nomeadas, 5,9 furacões, e 2,6 furacões intensos, ou seja trata-se de uma temporada muito fora do normal. Eta é a nona tempestade nomeada do Atlântico em 2020 a se intensificar rapidamente e a quinta consecutiva, o que estudos mostram estar associado às mudanças climáticas.
Segundo a NOAA, a agência climática dos Estados Unidos, a Nicarágua foi atingida por 17 furacões desde 1851. Destes, sete foram grandes furacões (categoria 3 ou superior) e dois – Felix em 2007 e Edith em 1971 – foram furacões de categoria 5. Honduras foi atingida por 10 furacões. Para ambas as nações, o furacão mais prejudicial de todos os tempos foi o furacão Mitch de 1998, uma tempestade de categoria 5 que parou por vários dias ao norte de Honduras, antes de finalmente atingir o continente como uma tempestade de categoria 1.
Com seu lento avanço entre 29 de outubro e 3 de novembro de 1998, Mitch trouxe chuva excepcional em Honduras, Guatemala e Nicarágua, com dados extra-oficiais de quase 2 mil milímetros de chuva. Mitch, com isso, se tornou o segundo furacão do Atlântico mais mortal da história, apenas atrás do Grande Furacão de 1780.
Ao menos 11.374 pessoas morreram pelas estatísticas oficiais com mais de 11.000 desaparecidas até o final de 1998. O verdadeiro saldo de Mitch é desconhecido até hoje e pode ser muito maior que o oficialmente informado. Ao redor de 2,7 milhões de pessoas ficaram desabrigadas e o prejuízo por valores atuais foi de 5,7 bilhões de dólares em danos, número que equivale a uma expressiva parte do Produto Interno Bruto (PIB) de Nicarágua e Honduras.
Já o furacão Fifi em 1974, como o furacão Mitch, foi outro furacão lento que trouxe chuvas catastróficas para Honduras. A inundação de Fifi matou mais de 8.000 pessoas em Honduras e foi o terceiro furacão mais mortal do Atlântico já registrado.