A América Central está na iminência de um desastre de grandes proporções e de um evento com alto número de vítimas, avaliam os meteorologista da MetSul. Trata-se da maior ameaça meteorológica na região por um ciclone tropical em mais de duas décadas com tendência de muito graves conseqüências com o poderoso furacão Eta.

O extremamente perigoso furacão Eta, atualmente no Oeste do Caribe com categoria 4 na escala Saffir-Simpson que vai até 5, ainda está se intensificando rapidamente sobre as águas muito aquecidas do Atlântico e deve castigar duramente a Nicarágua, além de outros países da região como Honduras e Belize. Há alertas que vão do Panamá até o México, incluindo Costa Rica, El Salvador e Guatemala.

A crista de um centro de alta pressão faz com que a violenta tempestade se desloque de Oeste para Leste, o que deve fazer com que Eta toque terra em algum ponto do Nordeste da Nicarágua nesta terça-feira. Ao alcançar o continente, a influência da área de alta pressão vai diminuir e a tendência é que o furacão passe a se deslocar muito lentamente, o que vai agravar sobrebameira o problema de chuva extrema na região.

O furacão será catastrófico para a Nicarágua, advertem os meteorologistas do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. O NHC está projetando uma elevação da maré na costa de até seis metros, vento de 200 km/h a 250 km/h e acumulados de chuva perto de 1.000 mm.

A boa notícia é que o “huracán” Eta deve tocar terra numa área de baixa densidade populacional e com potencial menor de danos, entretanto a má notícia é que será alimentado pelo fluxo de umidade dos oceanos Atlântico e Pacífico e trará chuva excepcional com acumulados de 500 mm a 1000 mm em poucos dias numa extensa área da América Central.

Alguns modelos chegam a projetar volumes localizados de 1.000 a 1.500 mm, o que traria conseqüências de enorme gravidade. A chuva é a grande ameaça deste furacão porque se moverá lentamente e sobre muitas áreas de terreno acidentado ou montanhoso, gerando deslizamentos de terra de grande porte e inundações de imensas proporções.

A temporada de furacões de 2020 é recorde. Já são 28 tempestades nomeadas neste ano, igualando o recorde da temporada de 2005. Foram 12 furacões, sendo cinco intensos. As médias históricas para este ponto da temporada são 11,2 tempestades nomeadas, 5,9 furacões, e 2,6 furacões intensos, ou seja trata-se de uma temporada muito fora do normal. Eta é a nona tempestade nomeada do Atlântico em 2020 a se intensificar rapidamente e a quinta consecutiva, o que estudos mostram estar associado às mudanças climáticas.

Segundo a NOAA, a agência climática dos Estados Unidos, a Nicarágua foi atingida por 17 furacões desde 1851. Destes, sete foram grandes furacões (categoria 3 ou superior) e dois – Felix em 2007 e Edith em 1971 – foram furacões de categoria 5. Honduras foi atingida por 10 furacões. Para ambas as nações, o furacão mais prejudicial de todos os tempos foi o furacão Mitch de 1998, uma tempestade de categoria 5 que parou por vários dias ao norte de Honduras, antes de finalmente atingir o continente como uma tempestade de categoria 1.

Com seu lento avanço entre 29 de outubro e 3 de novembro de 1998, Mitch trouxe chuva excepcional em Honduras, Guatemala e Nicarágua, com dados extra-oficiais de quase 2 mil milímetros de chuva. Mitch, com isso, se tornou o segundo furacão do Atlântico mais mortal da história, apenas atrás do Grande Furacão de 1780.

Furacão Mitch (1998)

Ao menos 11.374 pessoas morreram pelas estatísticas oficiais com mais de 11.000 desaparecidas até o final de 1998. O verdadeiro saldo de Mitch é desconhecido até hoje e pode ser muito maior que o oficialmente informado. Ao redor de 2,7 milhões de pessoas ficaram desabrigadas e o prejuízo por valores atuais foi de 5,7 bilhões de dólares em danos, número que equivale a uma expressiva parte do Produto Interno Bruto (PIB) de Nicarágua e Honduras.

Furacão Fifi (1974)

Já o furacão Fifi em 1974, como o furacão Mitch, foi outro furacão lento que trouxe chuvas catastróficas para Honduras. A inundação de Fifi matou mais de 8.000 pessoas em Honduras e foi o terceiro furacão mais mortal do Atlântico já registrado.