Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica, foi acionado para investigar as causas da queda do avião que matou a cantora goiana Marília Mendonça. A artista da música sertaneja e outras quatro pessoas morreram após o avião de pequeno porte onde viajavam cair no distrito de Piedade de Caratinga, no município de Caratinga (MG).

Investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 3), localizado no Rio de Janeiro (RJ), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foram acionados para realizar a ação inicial neste sábado do acidente envolvendo a aeronave de matrícula PT-ONJ, informou a Força Aérea Brasileira (FAB), em nota.

A primeira providência dos investigadores é identificar indícios, fotografar cenas e ouvir relatos de testemunhas. Eles também retiram partes da aeronave para análise e reúnem documentos.

O objetivo da investigação é evitar que outros acidentes com características semelhantes ocorram. “A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes”, afirmou a FAB.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgou nota de pesar, solidarizando-se com os familiares das vítimas do acidente. Segundo a agência, a aeronave era propriedade da empresa Pec Taxi Aereo Ltda e estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) válido até 1º de julho de 2022.

Aeronave atingiu rede aérea de energia antes de cair

O avião, modelo Beech Aircraft, caiu nas pedras de uma cachoeira. Os bombeiros foram acionados às 15h30 para atender a ocorrência. Além da cantora, morreram o seu produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor, Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto e do copiloto da aeronave.

A empresa de energia Cemig informou que a aeronave em que viajava a cantora atingiu uma linha de distribuição da empresa pouco antes de cair. Pilotos por meses vinham alertando para os riscos das linhas de eletricidade na área de aproximação do aeródromo de Caratinga, mas a empresa nega que estivessem fora das normas técnicas.

Em comunicado de imprensa, a Camig destacou que “a linha de distribuição atingida pela aeronave prefixo PT-ONJ, no trágico acidente de ontem, está fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga, nos termos de Portaria específica do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), do Comando da Aeronáutica Brasileiro”. A empresa enfatiza que “segue rigorosamente as Normas Técnicas Brasileiras e a regulamentação em vigor em todos os seus projetos”.

Condições meteorológicas serão investigadas

Como é a praxe em acidentes aéreos, todas as circunstâncias serão consideradas na análise dos investigadores, inclusive as condições meteorológicas na região do desastre.

Uma grande massa de ar quente cobria a maior parte do estado de Minas Gerais na tarde de ontem por conta de um centro de baixa pressão no Sul do Goiás e o Noroeste de São Paulo. O tempo em rota foi excelente na sua maior parte e a temperatura era muito alta.

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No momento em que a aeronave se preparava para pousar, uma área de instabilidade de fraca intensidade, sem temporal ou chuva forte, atuava na região de Caratinga. Imagens de satélite das 15h mostravam um núcleo de nuvens na região de Caratinga, mas as poucas estações próximas particulares não registraram chuva.

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O Aeroporto Regional de Ubaporanga, também conhecido por Aeroporto de Caratinga (SNCT), não tinha qualquer boletim meteorológico METAR (Meteorological Aerodrome Report) na tarde do acidente informado no sistema da FAB de Meteorologia.

O aeroporto regional de Caratinga é descrito por pilotos acostumados a voar na região como difícil pelo terreno muito acidentado e a pista cercada de morros. Como a aeronave em que a cantora Marília Mendonça estava atingiu uma linha de distribuição de energia no procedimento de aproximação, o que pode ter levado ao impacto com o obstáculo será um dos elementos centrais da investigação.

Os obstáculos eram conhecidos e informados aos pilotos em NOTAM (Notices to Airmen), portanto a possibilidade de o piloto estar voando mais baixo do que o recomendado pela presença de nuvens, ou temperatura ou mesmo restrição de visibilidade na área que é de Serra pode vir a ser analisada pelos investigadores. O procedimento no aeródromo em que a aeronave deveria pousar é visual.