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O Sul do Brasil terá tempo muito instável com chuva ao menos até quarta-feira com elevados volumes de chuva em algumas áreas e até extremos em parte da região. Um centro de baixa pressão que vai se aprofundar e dar origem a um ciclone entre os litorais de Santa Catarina e do Paraná vai intensificar ainda mais a instabilidade.

O sistema vai mexer com o tempo em grande parte do Centro-Sul do Brasil, originando uma frente fria que vai levar chuva para áreas que não registram precipitação há semanas e, em alguns casos, meses. Serão os casos de diversas cidades do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil.

Este domingo tem tempo instável em parte do Sul do país com chuva principalmente no estado do Paraná, depois de um sábado também marcado pela instabilidade. A chuva alcança hoje no dia de hoje pontos dos estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul com muitas nuvens.

Na segunda-feira, a instabilidade aumenta e a chuva alcança mais áreas do Mato Grosso do Sul e São Paulo, atingindo ainda parte do Mato Grosso e do Sul de Minas. Pode, inclusive, chover localmente forte em setores dos territórios paulista e sul-mato-grossense.

No Sul do Brasil, no Paraná, as precipitações também aumentam no decorrer do dia enquanto no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina haverá abundante nebulosidade e precipitação irregular.

Na terça-feira, a área de baixa pressão começa a se aprofundar sobre o Sul do Brasil e a chuva se espalha por grande parte da região no evento de precipitação mais generalizada em diversas semanas nos estados do Sul. Há risco de chuva localmente forte.

Mato Grosso do Sul e São Paulo seguem muita nebulosidade e chuva em diversos pontos na terça, mas gradualmente o tempo começa a melhorar da tarde para a noite no estado sul-mato-grossense. No final do dia, a chuva se aproxima do Oeste de Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, e alcança o Sul de Goiás. O tempo se instabiliza no Rio de Janeiro.

Na quarta-feira, o centro de baixa pressão tende a se aprofundar muito perto da costa de Santa Catarina como um ciclone maduro. A chuva aumenta muito na Metade Leste do Rio Grande do Sul e o dia será extremamente chuvoso no Leste catarinense. As fortes precipitações atingem ainda o Leste do Paraná.

No Centro do Brasil, o tempo firma na quarta-feira na maior parte do Mato Grosso do Sul. Chove no Sul de Goiás e no Oeste e no Sul de Minas, incluindo a região do Triângulo Mineiro. Se espera ainda precipitação ainda no começo do dia em São Paulo, mas depois o tempo melhora. O tempo segue instável no Rio de Janeiro.

Na quinta-feira, a área de baixa pressão rapidamente se afasta para Leste sobre o Atlântico com ingresso de ar mais seco no Sul do Brasil que traz melhora do tempo mais generalizada. Ocorre que a circulação de umidade da baixa ainda traz nuvens e chance de instabilidade na quinta para o Leste paulista, incluindo a cidade de São Paulo, e o litoral do Rio de Janeiro.

Ciclone de posição atípica

Normalmente, os ciclones extratropicais se formam, em qualquer época do ano, na costa da Argentina e junto à região do Prata. Quando se formam junto ao litoral do Sul do Brasil, via de regra, estes sistemas atuam mais nas costas do Rio Grande do Sul e catarinense. O sistema desta semana, entretanto, vai se formar em uma posição mais ao Norte que o habitual com modelos de previsão do tempo indicando o centro de baixa quase sobre a costa de Santa Catarina e algumas simulações indicando o centro do sistema até no litoral do Paraná e Sul de São Paulo.

O modelo meteorológico alemão Icon, do Deutscher Wetterdienst, projeta o centro de baixa pressão atuando na costa de Santa Catarina na quarta-feira e, em alguns momentos, muito rente à orla, entre o Sul catarinense e a capital. Em determinados momentos, de acordo com as projeções do Icon, o centro do ciclone estaria sobre a ilha, em Florianópolis. Na quinta, o Icon projeta o rápido afastamento para Leste do ciclone.

Já o modelo meteorológico ECMWF, do Centro Meteorológico Europeu, da mesma forma indica que o centro do sistema estaria muito rente à costa, no litoral de Santa Catarina. Ocorre que, diferentemente do Icon que sinaliza uma atuação mais entre o Sul e Florianópolis, o modelo europeu projeta a área de baixa pressão no litoral mais entre Florianópolis e o Litoral Norte, distanciando-se para Leste na quinta-feira.

Já o modelo canadense, da Environmental Canada, tem cenário mais próximo do europeu. Este modelo indica da mesma forma o centro do sistema junto à costa de Santa Catarina, sobretudo entre Florianópolis e o Litoral Norte catarinense, mas depois avança o centro da baixa para a costa do Paraná e do Sul paulista, antes de o sistema se distanciar para Leste em mar aberto na quinta.

A semelhança entre este sistema e a tempestade subtropical Yakecan de maio é uma atuação da baixa pressão rente à costa, até mais próxima do que no sistema meteorológico de maio. As diferenças são muitas. O ciclone de maio foi mais profundo e atingiu 990 hPa na costa. Este teria pressão ao redor de 1000 hPa.

Yakecan, ademais, foi ainda um sistema de trajetória retrógrada, do mar para o continente, como o Catarina de 2004 e Anita em 2010, o que não se espera neste sistema. Ainda, o ciclone desta semana deve ser extratropical, ao contrário de Yakecan que teve características tropicais extratropicais, fazendo dele um sistema subtropical. A baixa pressão desta semana, conforme algumas simulações, até brevemente poderia assumir características subtropicais, mas, no geral, seria um sistema extratropical.

Chuva localmente extrema é risco

A área de baixa pressão que vai dar origem ao ciclone na costa trará chuva para todo o Sul do Brasil, mas não vai chover muito em toda a região. Áreas mais a Oeste devem ter os menores acumulados de precipitação enquanto os maiores volumes vão se concentrar no Leste do Sul do país.

Todos os modelos numéricos concordam que as áreas com os mais altos acumulados de chuva tendem a ser o Leste catarinense, com diferenças de volumes pelas diferentes posições que estão indicando para o centro da baixa pressão. A região de maior risco de chuva volumosa vai do Nordeste gaúcho (Serra, Grande Porto Alegre, Litoral Norte) até o Sul de São Paulo, mas os acumulados mais altos devem se concentrar no Leste catarinense.

Grande parte do Leste de Santa Catarina deve ter 100 mm a 200 mm até o final da quarta-feira, mas em alguns pontos os acumulados podem atingir marcas extremas de 200 mm a 300 mm, no maior episódio de precipitação desde o começo de maio. A região de Florianópolis está entre as áreas de maior risco.

Os mapas abaixo, disponíveis com até quatro atualizações diárias ao assinante na seção de mapas, mostram as projeções de chuva dos modelos meteorológicos alemão Icon e do ECMWF do Centro Europeu. Uma das áreas que pode ter chuva excessiva é o Sul catarinense, especialmente em cidades perto do “paredão” da Serra, uma vez que a baixa muito perto da costa e sobre a orla deve favorecer vento carregado de umidade que ao encontrar o relevo da Serra gerará chuva orográfica com acumulados mais extremos. O extremo Nordeste gaúcho, da mesma forma, pode ter chuva mais volumosa assim como pontos do Leste paranaense.

A chuva, por vezes, será forte a torrencial, especialmente no Leste catarinense entre a terça e quarta-feira, o que deve gerar altos volumes em curto período. Com os altos volumes previstos, é alto o risco de alagamentos e inundações, além de deslizamentos de terra e quedas de barreiras que podem afetar a trafegabilidade das rodovias e gerar desmoronamento de rochas em trechos de Serra.

Vento mais forte entre os litorais catarinense e do Rio de Janeiro

O vento se intensifica pela atuação do centro de baixa pressão sobre o Sul do Brasil da tarde para a noite da terça, mas não deve ser intenso. O vento acompanhará chuva e temperatura baixa, reforçando a sensação de frio. Em Porto Alegre, a terça deve ser mais ventosa com vento, na média, de 40 km/h a 50 km/h, o que com a chuva e o frio tornará a sensação desagradável na rua. Já o Litoral Norte gaúcho deve ter rajadas por vezes fortes entre terça e quarta que devem ficar entre 60 km/h e 80 km/h.

Na quarta-feira, o vento aumenta muito no Leste de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo com rajadas fortes a localmente intensas, em média de 70 km/h a 90 km/h, mas que em alguns pontos pode ficar perto ou acima de 100 km/h. O Leste catarinense será a área mais afetada pela ventania. Florianópolis pode ter muito vento na quarta com rajadas em alguns momentos de 70 km/h a 80 km/h, localmente superiores por efeito de topografia.

Na sequência, a ventania deve atingir o litoral do Paraná, a costa de São Paulo e o Rio de Janeiro. Conforme projeções dos modelos, o vento pode ser muito forte no litoral paulista, incluindo a região de Santos na quarta e primeiras horas da quinta, com rajadas de 70 k/h a 90 km/h e localmente superiores.

Muita atenção também com o litoral do Rio de Janeiro, o que inclui a capital fluminense, que tem risco de intensa ventania no final da quarta e na quinta com rajadas em alguns pontos de 70 km/h a 90 km/h, mas que pelo terreno pode atingir marcas superiores em alguns pontos. Até o litoral do Espírito Santo pode vir a registrar forte ventania.

O vento forte e localmente intenso poderá trazer transtornos. Há risco de queda de árvores e de postes, cortes isolados de energia elétrica e menor de colapso de algumas estruturas como placas e destelhamentos. Este risco é maior nos litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro.

Mar de tempestade e forte ressaca

O ciclone deve atuar por muitas horas seguidas bastante perto da costa e em certos momentos com o centro do sistema até rente à orla. Com isso, aumenta muito o risco de agitação do mar muito forte com ondas de grande tamanho. Espera-se mar grosso do Litoral Norte do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro com ondas muito altas em diversos pontos.

Ondas de 5 a 6 metros são projetadas por modelos de ondas para os litorais de Santa Catarina e do Paraná. O mar vai ficar ainda muito agitado com swell do ciclone nos litorais de São Paulo e do Rio de Janeiro. A maior agitação marítima vai ocorrer entre quarta e quinta-feira com as ondas mais altas no Sudeste na quinta.

Adverte-se para o risco de forte a significativa ressaca do mar na orla. Há possibilidade de erosão costeira e colapso de estruturas à beira-mar. Pessoas devem terminantemente evitar rochas na praia para observar a agitação do mar. As águas, em alguns pontos, podem extrapolar a faixa de areia e adentrar ruas próximas da praia. O perigo de naufrágio será enorme para pequenas embarcações. Os portos de Santos, Paranaguá e Itajaí devem ser impactados pelo mar grosso que pode afetar ainda o transporte de barcas.