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Ciclone extratropical na altura das Ilhas Malvinas na imagem de satélite da manhã desta quinta-feira | Zoom Earth

O intenso ciclone que atua neste momento no Atlântico Sul chama a atenção de especialistas e meteorologistas mundiais. Apesar de ser um sistema normal na região, trata-se de um ciclone intenso e com impressionante aparência nas imagens de satélite, onde pode ser visto como uma espiral de nuvens na região das Ilhas Malvinas, a Lesta Patagônia da Argentina.

O ciclone, diretamente, não representa risco algum para o Brasil pela sua enorme distância e a tendência de permanecer na área perto da Antártida. É diferente de um ciclone que se forma nas latitudes médias, entre as costas de Buenos Aires e do Sul do Brasil, que pela proximidade pode trazer vento muito forte a intenso se o sistema for muito profundo.

O efeito do sistema no Sul do Brasil se dá pela frente fria associada a o ciclone que avança neste momento na altura do Rio da Prata e vai neste final da semana se deslocar pelo Sul do Brasil com chuva e temporais isolados. Na sequência, uma massa de ar mais frio impulsionada pelo ciclone e que avança na retaguarda da frente fria trará temperatura agradável e até um pouco de frio em localidades mais ao Sul gaúcho.

O centro da área de baixa pressão (ciclone) na altura das Ilhas Malvinas (Falklands) estava no começo desta quinta-feira com pressão mínima central de apenas 975 hPa, conforme análise do modelo norte-americano GFS. Ontem, a pressão mínima chegou a valores entre 969 hPa e 970 hPa, bastante baixos e incomuns estivesse o ciclone em latitudes médias, mas dentro do que se pode esperar de uma baixa polar mais intensa perto da Antártida.


As imagens da grande espiral de nuvens no Atlântico Sul chamaram atenção de especialistas internacionais nas últimas horas com comentários de experts em sensoriamento remoto por satélites e de pesquisadores de aerossóis. Eles foram às redes sociais publicar imagens do sistema e suas análises.

A região onde este ciclone atua hoje é pródiga em tempestades marítimas por centros de baixa pressão profundos. Ao redor da Antártida há o chamado cinturão de baixas pressões e ciclones mais intensos são comuns em locais mais ao Sul do Atlântico, efeito do contraste de temperatura entre massas de ar na região.

Uma grande espiral de nuvens sobre as Malvinas | NASA

A grande diferença de temperatura entre as massas de ar frio da Antártida e as massas de ar marítimas amenas ou mais quentes das latitudes médias cria uma condição na atmosfera sobre o Oceano Antártico que causa o desenvolvimento de tempestades frequentes que se movem para Leste e Sudeste devido aos ventos predominantes. Esses sistemas de tempestades, como o de agora nas Malvinas, não apenas levam o ar úmido para a Antártida, mas também são responsáveis pelos mares notoriamente agitados encontrados no Oceano Antártico.

Imagem de satélite do Sul do continente mostra a espiral de nuvens sobre o Atlântico Sul | NOAA

Estas chamadas baixas polares produzem tempo severo como precipitação forte – geralmente caindo como neve – e ventos fortes na superfície. Gerados por convecção, elas se desenvolvem via de regra sobre a água e no estágio maduro, a marca mais proeminente de uma baixa polar são as bandas de nuvens espirais.

Não raro formam até um olho claro no centro do vórtice de nuvens, sugerindo uma analogia com os ciclones tropicais. É por isso que esses sistemas também são conhecidos como furacões do Ártico, no Hemisfério Norte, e da Antártida, no Sul.

Como os ciclones tropicais, as baixas polares tendem a decair rapidamente à medida que avançam sobre terra principalmente devido à falta de suprimento de umidade do mar mais aquecido Algumas baixas polares, no entanto, podem produzir condições de nevasca sobre a terra. Tais baixas polares geralmente têm frentes bem definidas, sugerindo semelhanças com os ciclones usuais de latitude média.

As baixas polares são uma característica bastante frequente de águas relativamente quentes e sem gelo nas regiões polares. Por exemplo, os Mares Nórdicos, o Mar de Labrador, o Golfo do Alasca e o Mar do Japão, mas também são comuns nas águas polares do Hemisfério Sul como na região das Ilhas Malvinas e logo ao Norte da Península Antártica.

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