Um ciclone avançar de um oceano para o outro e mudar de nome é possível? Sim, já ocorreu no passado e se repete agora com o que era o furacão Agatha, no Pacífico, e agora se converte na tempestade tropical Alex, no Atlântico. Agatha foi o primeiro ciclone tropical nomeado na temporada de furacões do Pacífico Leste que teve início em 15 de maio e Alex é o primeiro ciclone tropical batizado do Atlântico Norte na temporada da região que começou no dia 1º de junho. O Centro Nacional de Furacões acaba de confirmar, no boletim das 5h (hora do Leste dos Estados Unidos) deste domingo, a formação da tempestade tropical Alex no Atlântico. Trata-se do primeiro ciclone tropical de 2022 no Atlântico Norte.
Como se deu esta mudança? No começo da semana, o furacão Agatha tocou terra na costa do estado mexicano de Oaxaca com categoria 2 na escala Saffir-Simpson. Foi o furacão mais intenso a tocar terra em maio na região do Pacífico Leste desde que começaram os registros e trouxe grande destruição. O furacão ao avançar por terra enfraqueceu e passou a uma tempestade tropical, depois sendo rebaixado a uma depressão tropical e até que o ciclone tropical se dissipou.
O centro de baixa pressão, que é ciclônico, entretanto, permaneceu e chegou ao Atlântico, onde ao avançar sobre as águas quentes do Golfo do México a instabilidade voltou a se intensificar e se organizar. O então Potencial Ciclone Tropical Um trouxe chuva extrema com mortes e estragos em Cuba. Na sequência, a perturbação tropical provocou quase 300 mm de chuva no Sul da Flórida que inundaram Miami. Finalmente, depois de ter passado pela Flórida, foi constatada que a onda tropical enfim formou um centro de circulação fechada e formou-se, assim, a tempestade tropical Alex no Atlântico Norte.
Se Agatha não tivesse se dissipado e cruzado o México até o Golfo como um ciclone tropical teria mantido o nome, mas como se dissipou o ciclone tropical e o mesmo centro de baixa pressão ciclônico deu origem a novo ciclone tropical no Atlântico, o nome passou a ser o primeiro da lista de 2022 para o Atlântico.
Há precedente recente de um sistema cruzar do Pacífico para o Atlântico. Perto do final de maio de 2020, a tempestade tropical Amanda se formou no Leste do Oceano Pacífico, depois se moveu para o interior e se dissipou sobre as montanhas da Guatemala. O que sobrou de Amanda (da lista de nomes do Pacífico Leste) continuou se movendo para o Norte e Noroeste na Baía de Campeche, a baía no extremo Sudoeste do Golfo do México. Logo depois que emergiu de volta sobre a água, as tempestades tornaram-se mais organizadas e a baixa pressão da superfície se aprofundou e isso levou logo depois à tempestade tropical Cristobal, pertencente à lista de nomes do Atlântico.
A tempestade tropical Alex ruma agora pelo Atlântico, em mar aberto, sem previsão de atingir terra novamente. O meteorologista Michael Lowry, da emissora WPLG do Sul da Flórida, destaca que mais de um terço de todas as tempestades tropicais e impactos de furacões nos Estados Unidos no mês de junho ocorreram no estado da Flórida desde que os registros de furacões começaram em 1851.
A mais recente tempestade de junho a impactar a Flórida foi Colin em 2016, que despejou quase 500 mm de chuva na área da Baía de Tampa. Antes de Colin, a Flórida teve a tempestade tropical Andrea em junho de 2013, que produziu até 300 mm de chuva em partes do Norte de Miami Beach, e a tempestade tropical Debby em junho de 2012, que trouxe chuvas torrenciais em toda a península da Flórida, com quase 750 mm caindo apenas na área de Tallahassee.