Furacão Agatha no momento em que alcança a costa mexicana do Pacífico na tarde de ontem | NOAA

O furacão Agatha, o primeiro da temporada no Pacífico Leste, foi rebaixado a uma depressão tropical após tocar a costa Sudoeste do país como uma tempestade categoria 2 na esacala Saffir-Simpsom. Agatha tocou terra a Oeste de Puerto Ángel, uma comunidade de 2,5 mil habitantes localizada no estado de Oaxaca, e avança para Nordeste em direção ao Golfo do México, na costa de Yucatán.

Agatha ganhou força rapidamente pelas altas temperaturas do mar e os prognósticos iniciais não descartavam que chegasse à categoria 3. As praias da costa de Oaxaca estavam nubladas e com o mar agitado na manhã da segunda-feira, enquanto os moradores se abasteciam de água e alimentos e protegiam residências e comércios. As aulas e atividades não essenciais foram suspensas na região afetada.

O governo de Oaxaca habilitou 203 refúgios temporários com capacidade para abrigar 26.800 pessoas, e hotéis foram preparados para receber turistas. Foram identificados 5.240 visitantes nacionais e estrangeiros na área de risco em Oaxaca, que abriga centros de veraneio como Puerto Escondido e Huatulco, populares entre turistas europeus e americanos fãs do surfe.

O Serviço Meteorológico do México informou, por sua vez, que o fenômeno seguirá provocando fortes chuvas em Oaxaca e nos estados vizinhos de Chiapas e Guerrero. As autoridades fecharam os portos para a navegação enquanto as companhias aéreas começaram a cancelar desde o domingo seus voos ao aeroporto internacional de Huatulco, na costa de Oaxaca.

Na região afetada pelo furacão localizam-se vários rios caudalosos, razão pela qual o serviço meteorológico mexicano alertou para possíveis transbordamentos e enxurradas. O México sofre anualmente com a passagem de ciclones tropicais tanto em sua costa do Pacífico quanto do Atlântico, habitualmente entre maio e novembro. A temporada 2021 de furações no Pacífico Leste, que vai de 15 de maio a 30 de novembro, foi moderadamente ativa.

Furacões são incomuns em maio no Pacífico Leste, com apenas 14 registrados durante o período de 51 anos 1971-2021. Quem toquem terra em maio é ainda mais incomum. O banco de dados de furacões da NOAA lista apenas dois que tocaram terra: uma outra tempestade também de nome Agatha em 24 de maio de 1971 e o furacão Barbara em 29 de maio de 2013. Agatha foi o furacão mais intenso a ter tocado terra no Pacífico Leste até hoje, conforme os registros, com vento sustentado máximo no limite superior da categoria 2 da escala Saffir-Simpson.

Policiais municipais patrulham a região sob forte chuva e deslizamentos em Huatulco, estado de Oaxaca, México, na chegada do furacão Agatha, o primeiro da temporada e o mais intenso a ter tocado terra em maio até hoje no Pacífico Leste. | GIL OBED/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Os resquícios de Agatha ou sua circulação mais ampla podem chegar à Baía de Campeche, no Atlântico, no meio da semana, onde é possível se organizar como um ciclone tropical. O Centro Nacional de Furacões diz que essa chance é atualmente baixa. Mas há precedente recente de um sistema cruzar do Pacífico para o Atlântico. Perto do final de maio de 2020, a tempestade tropical Amanda se formou no Leste do Oceano Pacífico, depois se moveu para o interior e se dissipou sobre as montanhas da Guatemala.

O que sobrou de Amanda (da lisa de nomes do Pacífico Leste) continuou se movendo para o Norte e Noroeste na Baía de Campeche, a baía no extremo Sudoeste do Golfo do México. Logo depois que emergiu de volta sobre a água, as tempestades tornaram-se mais organizadas e a baixa pressão da superfície se aprofundou e isso levou logo depois à tempestade tropical Cristobal, pertencente à lista de nomes do Atlântico.