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Vale do Taquari (foto) deve ter forte elevação do Rio Taquari e risco de enchente em junho com um evento de chuva volumosa que deve afetar a Metade Norte do Rio Grande do Sul. Modelos internacionais indicam um junho de pouca chuva no Sul do Brasil, mas a MetSul projeta chuva acima da média em diversas áreas no mês. | AGEU KEHRWALD/ARQUIVO METSUL

Clima em junho, como vai ser? O mês é o primeiro do denominado inverno climático que é compreendido pelo trimestre dos meses de junho, julho e agosto. Já a estação inverno começa oficialmente pelo critério astronômico às 6h14 do dia 21 de junho e vai até o dia 22 de setembro. Juntamente com julho, junho é o mês mais frio do ano na climatologia histórica.

No Rio Grande do Sul, pelos padrões históricos, junho costuma ser um mês chuvoso no Rio Grande do Sul enquanto no Centro do Brasil se instala a estação seca, o que favorece o aparte de umidade em direção às latitudes médias como do Centro da Argentina, Uruguai e o estado gaúcho.

No caso de Porto Alegre, junho tem uma temperatura mínima média histórica de 11,3ºC, 0,9ºC acima da de julho que é menor entre os meses do ano. Já a temperatura máxima média é de 20,3ºC, 0,6ºC superior à de julho que é a mais baixa entre os meses do ano. A temperatura média mensal de junho na capital gaúcha é de 14,8ºC, ou 0,7ºC acima da de julho e 0,9ºC abaixo da de agosto, fazendo de junho o segundo mês mais frio do ano, conforme os dados das normais climatológicas da série 1991-2020 divulgados neste ano.


Já a precipitação média de junho na cidade é de 130,4 mm, a quarta média mais alta de chuva entre os meses do ano em Porto Alegre. Fica atrás apenas de julho (163,5 mm), outubro (153,2 mm) e setembro 147,8 mm. A precipitação média mensal de 130,4 mm corresponde à nova normal mensal climatológica com base na série 1991-2020.

Uma comparação entre as séries histórica 1961-1990 e 1991-2022 mostra que no caso da cidade de Porto Alegre o mês de junho ficou menos frio e quase não teve mudança na chuva nas última três décadas. A média mínima em 1991-2020 era de 10,7ºC e passou a ser 11,3ºC na série 1991-2020. A média máxima se elevou de 19,2ºC para 20,3ºC entre as normais 1961-1990 e 1991-2020. Na série de 1961-1990, junho era o terceiro mês mais chuvoso em Porto Alegre com 132,7 mm (atrás de agosto com 140,0 mm e setembro com 139,5 mm) e agora é o quarto com 130,4 mm.

Em 2022, o mês de junho vai transcorrer sob influência do fenômeno La Niña. Desde 1999, o Pacífico Equatorial não estava tão frio nesta época do ano. Conforme a última atualização, feita ontem pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central era de -1,0ºC, no limite de intensidade fraca e moderada. No Pacífico Equatorial Leste, a anomalia era de -1,1ºC, na faixa inferior de intensidade moderada.

A La Niña é comumente associada à seca no Sul e chuva mais abundante no Nordeste do Brasil, mas os seus efeitos na precipitação no Sul do país são mais sentidos entre o final da primavera e o começo do outono. No inverno, muitos sistemas atuam no Sul brasileiro como frentes frias, frentes quentes e centros de baixa pressão, o que costuma trazer mais chuva para estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina enquanto o Paraná, pela sua posição mais ao Norte, sofre a influência do ar seco do Brasil Central e tem menor precipitação que os estados mais ao Sul. Por isso, mesmo com La Niña podem ocorrer eventos extremos de precipitação no Sul do Brasil e, em alguns casos, até com cheias de rios e enchentes.

Chuva em junho

Modelos climáticos internacionais indicavam para maio um mês de chuva abaixo a muito abaixo da média em todo o Brasil, mas, contrariando as projeções dos computadores, a MetSul indicou para o mês chuva acima a muito acima da média para grande parte do Sul, o que se confirmou. Novamente, para junho, os modelos de clima internacionais apontam na sua quase totalidade chuva abaixo a muito abaixo da média para quase todo o Sul o país, o que a MetSul, de novo, tem previsão diferente por entender que os modelos vão novamente errar em suas projeções.

Projeção de anomalia de chuva para junho do modelo climático norte-americano CFS | METSUL

Projeção de anomalia de chuva para junho do modelo climático europeu | METSUL

Projeção de anomalia de chuva para junho do modelo climático alemão | METSUL

Projeção de anomalia de chuva para junho do modelo climático da França | METSUL

A tendência, conforme nossa análise, é a chuva ficar perto ou acima da média na maior parte do Sul do Brasil em junho de 2022. Os maiores desvios positivos de precipitação tendem a ocorrer entre a Metade Norte do Rio Grande do Sul e o Paraná enquanto mais ao Sul gaúchos vemos uma probabilidade maior de precipitação abaixo da média. A tendência é de uma primeira metade do mês mais chuvosa que a segunda.

Projeção de anomalia de chuva para a primeira metade de junho do modelo climático norte-americano CFS | METSUL

Projeção de anomalia de chuva para a segunda metade de junho do modelo climático norte-americano CFS | METSUL

Espera-se um evento de chuva volumosa entre Santa Catarina e o Paraná logo no início do mês, o que fará com que em diversas cidades catarinenses e paranaenses os totais de precipitação se aproximem ou superem a média histórica mensal logo no começo de junho com marcas de 100 mm a 150 mm em poucos dias em alguns municípios.

No final da primeira semana de junho, especialmente entre os dias 5 e 7, chuva muito volumosa e excessiva pode afetar a Metade Norte gaúcha. Com os rios com seus níveis já elevados pela chuva acima a muito acima da média de maio na região, inclusive com cheia do Rio Taquari no final de maio, este episódio de chuva volumosa do final da primeira semana de junho pode vir a trazer mais cheias de rios e enchentes em cidades cortadas por rios com nascentes na Metade Norte gaúcha, como os vales.

Já para o Brasil Central, em grande parte do Sudeste e do Centro-Oeste do Brasil, a tendência indicada pelos modelos numéricos de chuva abaixo a muito abaixo da média nos parece correta. A tendência é sim que na maior parte dos municípios destas duas regiões a chuva em junho se situe perto ou abaixo dos padrões históricos com a estação seca se instalando em definitivo e favorecendo um número de queimadas acima do normal, especialmente depois da geada que se registrou em maio.

Temperatura em junho

O mês de junho começa sob a influência de uma massa de ar frio de origem polar que ainda traz temperatura baixa a muito baixa principalmente entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina nos primeiros dois a três dias do mês. No Sul gaúcho, os primeiro quatro dias do mês têm noites de muito frio e com geada em alguns pontos antes do retorno da chuva. Os modelos de clima, na sua maioria, indicam para o mês temperatura perto ou abaixo da média no Sul do Brasil e acima a muito acima da média no Brasil Central.

Projeção de anomalia de temperatura para junho do modelo europeu | METSUL

Projeção de anomalia de temperatura para junho do modelo alemão | METSUL

Projeção de anomalia de temperatura para junho do modelo francês | METSUL

Projeção de anomalia de temperatura para junho do modelo climático da NASA | METSUL

Conforme a maioria dos dados, a primeira metade de junho seria mais fria que a segunda com temperatura abaixo da média na primeira semana e perto ou acima da média na maioria das áreas na maior parte do restante do mês de junho. A MetSul não projeta um mês de frio rigoroso e tampouco um alto número de dias de temperatura muito baixa com ar gelado.

Projeção de anomalia de temperatura para a primeira metade de junho do modelo climático norte-americano CFS da NOAA | METSUL

Projeção de anomalia de temperatura para a segunda metade de junho do modelo climático norte-americano CFS da NOAA | METSUL

O entendimento da MetSul está mais próximo do que é indicado pelos modelos meteorológicos europeu e da NASA com temperatura próxima da média com pequenos desvios negativos ou positivos de temperatura em relação ao normal na maior parte do Sul do Brasil. Maior chance de anomalias positivas de temperatura no Paraná e de temperatura abaixo da média no Sul e no Sudoeste gaúcho.

Quanto ao Brasil Central, uma vez que não se espera uma alta frequência de frentes frias que cheguem à região e tampouco massas de ar frio em sequência que adentrem o Centro do país, a perspectiva é de predomínio de ar mais seco com grande amplitude térmica em que as noites são amenas ou frias, conforme a localidade, e as tardes sejam quentes na maioria de dias com marcas acima da média da estação. Há possibilidade, inclusive, de alguns dias de temperatura muito alta no Centro-Oeste durante junho, o que agrava o risco de incêndios principalmente no Cerrado.

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