Frente quente se organiza sobre o Rio Grande do Sul entre amanhã e segunda-feira com alto risco de chuva localmente forte a intensa com altos volumes e ainda potencial para raios e temporais isolados em que pode ocorrer queda localizada de granizo | ALEXANDRE PINTO/ARQUIVO METSUL

A MetSul Meteorologia alerta para o risco de chuva localmente forte a torrencial e de temporais isolados no Rio Grande do Sul no começo da semana. A instabilidade será consequência de uma área de baixa pressão que vai se deslocar do Nordeste da Argentina e do Paraguai para o Sul do Brasil com a organização de uma frente quente.

Modelos numéricos não indicam uma baixa pressão profunda com suporte em altitude que gere um ciclone extratropical maduro sobre o Sul do Brasil neste começo de semana, mas apenas um centro de baixa pressão ordinário que provoca instabilidade e será responsável pela ocorrência de chuva e o potencial de alguns temporais localizados.

As características do sistema são muito típicas de uma frente quente em que ar quente avança sobre uma massa de ar frio, formando instabilidade. Para o Noroeste gaúcho, modelos indicam temperatura em 850 hPa (nível de pressão correspondente a 1.500 metros de altitude) de 11ºC para a tarde deste sábado e 16ºC no começo da segunda, sinalizando o ingresso de ar quente em altitude.

Uma corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera, originada na Bolívia, vai avançar até o Rio Grande do Sul. Trará o ar mais quente em altitude que garantirá energia para formação de nuvens mais carregadas que trarão chuva localmente forte a intensa e ainda temporais de caráter localizado entre amanhã e segunda-feira.

A configuração da instabilidade sobre o Rio Grande do Sul na segunda-feira que é projetada por modelos numéricos é a clássica de frentes quentes em que a faixa de nuvens sobre o Estado apresenta uma curvatura típica em forma de “U” com tempo mais aberto ao Sul com ar mais frio e também ao Norte com ar mais quente.

Junho, a propósito, é o mês com maior frequência de frentes quentes entre todos no ano no território gaúcho. Frentes quentes muitas vezes trazem chuva forte a intensa com altos volumes e ainda muitos raios e ocorrência de granizo.

Em alguns episódios no passado causou vendavais e em situações mais extremas no passado até tornados frentes quentes provocaram, embora neste episódio de instabilidade de agora não se antecipe tempo severo generalizado e um risco apenas marginal de tempestades severas de caráter isolado.

Chove em mais cidades amanhã

O tempo já começa a mudar mais tarde hoje no Rio Grande do Sul com chance de chuva isolada até o fim do dia em pontos do Oeste, Noroeste e mesmo do Centro do Estado. Na maioria das cidades gaúchas, entretanto, não há possibilidade de precipitação neste sábado que é de sol com nuvens.

O cenário se altera amanhã, quando se espera instabilidade em muito mais áreas do Estado. A nebulosidade aumenta muito neste domingo no Rio Grande do Sul e o tempo se instabiliza com chuva em grande parte do Estado durante o dia.

Já na madrugada e de manhã chove em vários pontos, mas será da tarde para a noite que a instabilidade tende a ser mais generalizada e forte em algumas áreas com risco de pancadas, trovoadas e granizo isolado. Antes, aberturas de sol entre as nuvens podem ocorrer em algumas áreas.

Maior instabilidade será na segunda

A maior instabilidade no Rio Grande do Sul é prevista para a segunda-feira, embora já no fim deste domingo seja forte a intensa em alguns pontos do Estado. Muitas nuvens vão cobrir o território gaúcho no decorrer da segunda-feira com probabilidade de chuva na grande maioria dos municípios ao longo do dia. A chuva será localmente forte a torrencial com potencial de trazer altos volumes em curtos períodos, havendo ainda o risco de temporais isolados com raios e granizo localizado.

Volumes de chuva e temporais

A chuva deve ter altos volumes em parte do Rio Grande do Sul com acumulados de 50 mm a 100 mm em diversos municípios gaúchos e com possibilidade de marcas mesmo de 100 mm a 150 mm de forma localizada (isoladamente superiores) em algumas áreas do interior, especialmente entre o Centro e o Oeste gaúcho.

A análise dos dados mostra que todos os modelos indicam a possibilidade de acumulados altos a muito altos de precipitação em parte do território gaúcho entre domingo e segunda-feira, mas os modelos não convergem em indicar quais áreas teriam a chuva mais volumosa. A maioria aponta para pontos do Centro para o Oeste e o Noroeste, embora, tradicionalmente, frentes quentes tragam mais chuva no Oeste, no Centro, Sul e o Leste do Estado.

Os mapas acima mostram as projeções de chuva dos modelos WRF (até 21h de segunda), do alemão Icon e do modelo ECMWF do Centro Meteorológico Europeu até terça-feira em que se observa a tendência de chover muito em algumas áreas do Rio Grande do Sul.

É nítido, porém, como os modelos divergem sobre quais regiões devem ter mais chuva. No caso de Porto Alegre e região metropolitana, por exemplo, há modelos indicando chuva de 50 mm a 75 mm e outros apontando não mais que 30 mm. Mesmo assim, adverte-se para o risco de chuva por vezes moderada a forte na área metropolitana no final do domingo e no decorrer da segunda.

A instabilidade pode trazer ainda temporais isolados com ocorrências de raios. Não se prevê um cenário de tempo severo generalizado e quaisquer ocorrências de tempo severo tendem a ser isoladas. Embora não se possa descartar vento forte localizado, o maior risco neste tipo de sistema que atuará no começo da semana é queda isolada de granizo.

A expectativa é que no decorrer da terça-feira a instabilidade comece a se afastar do Rio Grande do Sul e, por isso, deixa de chover na maioria dos municípios gaúchos. Pontos mais da Metade Norte gaúcha ainda pode ter precipitação, mas os volumes serão mais baixos que na segunda. A frente passa de quente para fria à medida que começa a ser impulsionada por ar mais frio avançando de Sul.