Inundações varreram as ruas de Doha após fortes chuvas nesta quinta-feira, paralisando áreas da capital do Catar a apenas quatro meses do começo da Copa do Mundo de 2022. Vídeos de redes sociais mostram ruas inundadas e carros quase submersos perto de estruturas da Copa do Mundo.

Os moradores de Doha foram ao Twitter criticar a qualidade da infraestrutura da capital em um país que sediará o maior evento esportivo do mundo em novembro. Alguns acusaram as autoridades e empreiteiros de corrupção e inação para lidar com o que descrevem ser “a má qualidade da infraestrutura de Doha”.

Inicialmente, o evento de futebol deveria começar agora em julho, mas foi transferido para novembro porque o Catar foi considerado muito quente durante o verão. É o primeiro torneio a não ser realizado em maio, junho ou julho. O Qatar 2022 também é a primeira Copa do Mundo a ser realizada na região do Oriente Médio.

Após o anúncio, em 2010, que o evento aconteceria no emirado do Golfo, a FIFA – órgão máximo do futebol mundial – e a seleção do Catar tiveram que resolver questões relacionadas ao calor e à umidade. O país anfitrião disse estar comprometido em oferecer locais com ar-condicionado que manteriam jogadores e torcedores longe do calor escaldante do Catar. Julho é geralmente um mês seco no Catar, com temperaturas atingindo uma média de 36°C, o que faz da chuva de hoje absurdamente incomum, uma bizarrice meteorológica.

A Autoridade de Aviação Civil do Catar (QCAA) diz que trovões e chuvas continuarão na maioria das áreas do país até o final desta semana. O chefe de previsão e análise do Departamento de Meteorologia do QCAA, Mohammed Ali al-Kubaisi, disse que Doha registrou aproximadamente 38 mm de chuva, de acordo com a Qatar News Agency (QNA).

Al-Kubaisi disse esperar que o tempo continue nublado com chance de chuvas esparsas, que também podem se transformar em trovoadas às vezes, nas áreas costeiras e no mar durante os próximos dois dias. Rob McElwee, correspondente da rede Al Jazeera, falando de Doha, disse que chuva em julho “simplesmente não acontece”, mas desta vez aconteceu e muita para uma área desértica.

Área inundada do vale Wadi Bayh, no emirado do Golfo de Ras el-Khaima, nesta quinta-feira, após chuvas torrenciais | GIUSEPPE CACACE/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A chuva também castigou os Emirados Árabes Unidos (UAE). Hotéis estão acomodando os moradores desalojados após chuvas torrenciais atingirem várias partes do país, na quarta-feira. O Palace Beach Resort Fujairah confirmou que ontem à noite hospedou cinco famílias depois que elas ficaram presas e não conseguiram chegar em segurança às suas casas devido às fortes chuvas.

Equipes de emergência da polícia de Dubai têm ajudado as operações de resgate em Fujairah depois que Sua Alteza Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos e governante de Dubai, instruiu o Ministério do Interior a enviar equipes de resgate de todos os emirados próximos para apoiar o emirado e outras regiões orientais do país.

A área ao redor do porto de Fujairah registrou 234,9 mm de chuva nos últimos dois dias, tornando-se a maior quantidade de chuva registrada para o mês de julho nos Emirados Árabes Unidos nos últimos 27 anos, um porta-voz do Centro Nacional de Meteorologia confirmou ao portal Gulf News.