Cheias recordes em Manaus e no interior do Amazonas atingem quase meio milhão de pessoas | Michel Dantas/AFP/MetSul Meteorologia

Cheias recordes em Manaus e no interior do Amazonas cinco meses após o desastre da epidemia com falta de oxigênio. O nível do Rio Negro medido no porto de Manaus neste domingo chegou à marca de 29,97 metros e igualou o recorde da grande cheia do ano de 2012.

Diversos pontos da capital do estado do Amazonas estão alagados em razão do avanço das águas, favorecido pela temporada chuvosa acima da média no Norte do Brasil.

As cheias históricas dos rios no Amazonas provocam inundações e estragos em 58 dos 62 municípios do estado, de acordo com dados da Defesa Civil Estadual. Há quase meio milhão de pessoas afetadas pelas enchentes.

Somente os municípios de Humaitá, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo e Apuí escaparam dos alagamentos, segundo o balanço oficial.

Quase todas as cidades do Amazonas enfrentam alagamentos e inundações neste fim de maio | Diego Peres/SECOM

Em Manaus, tradicional feira da cidade, a Feira da Manaus Moderna, está sendo realizada agora numa balsa. Pontos históricos de Manaus, na área central, estão alagados como o prédio da Alfândega e a Praça do Relógio.

Os alagamentos, a despeito dos transtornos, atraem a curiosidade de moradores que registram em fotografias a enchente histórica. A Prefeitura decretou situação de emergência. Muitos moradores improvisaram suas casas em barcos para salvar os móveis das inundações.

Grave situação no interior do Amazonas

A cheia do Rio Amazonas é recorde na cidade de Parintins, distante cerca de 370 quilômetros de Manaus. Vários pontos da cidade estão alagados com o avanço das águas do rio. A cheia deste ano supera a de 2009 e o recorde de nível foi alcançado quase um mês antes de doze anos atrás.

Município de Anamã foi completamente tomado pelas águas da enchente| Michel Dantas/AFP/MetSul Meteorologia

O município de Anamã, a 165 quilômetros da capital, ficou inteiramente tomado pelas águas do Rio Solimões. O rio invadiu o hospital da cidade e a população passou a ser atendida por uma balsa-hospital. Em parte do ano, o atendimento já é feito na balsa, mas em 2021 o período de uso será prolongado pela grande dimensão da cheia.

O que era rua virou rio em muitas cidades do Amazonas com as cheias históricas deste ano | Michel Dantas/AFP/MetSul Meteorologia

Maio de grandes enchentes e emergência no estado do Amazonas | Michel Dantas/AFP/MetSul Meteorologia

Nem as enchentes interromperam os esforços de vacinação em meio às enchentes dos rios Negro, Amazonas e Solimões| Michel Dantas/AFP/MetSul Meteorologia

O nível do Rio Solimões em Anamã vinha subindo dia a dia por semanas, mas atingiu seu nível mais crítico agora no mês de maio com alagamentos de grandes proporções que tomaram conta da cidade da região amazônica. O policiamento da cidade, em razão da enchente, passou a ser feito por botes e lanchas.

Policiamento de barco em meio à inundação | Polícia Militar/Divulgação

Mais de mil famílias foram atingidas pelas inundações em Anamã. Elas têm recebido ajuda das autoridades com dezenas de toneladas de alimentos, kits de higiene pessoal e limpeza. Estação móvel de tratamento de água foi instalada na localidade do Amazonas.

Por que as cheias recordes?

Esta é uma época de cheias na Amazônia e todos os anos ocorrem alagamentos que atingem Manaus e outras cidades da região. Nos últimos meses, entretanto, choveu muito na região amazônica e um dos principais motivos está no Oceano Pacífico.

Inmet/Divulgação

O fenômeno La Niña que provoca uma estiagem com emergência hídrica no Centro e no Sul do país costuma trazer chuva mais volumosa durante o inverno amazônico no Norte do país. E foi o que ocorreu nos últimos meses com precipitações abundantes e acima dos níveis médios históricos na área amazônica não apenas do Brasil como do Peru e da Colômbia.

Os recordes do Rio Negro

Sete das onze maiores cheias no Amazonas nos últimos cem anos ocorreram desde 2009. O nível do Rio Negro neste domingo (30) atingiu seu nível máximo histórico, igualando o recorde de 29,97 metros de 2012, ano que também foi de forte estiagem no Sul do Brasil.

O ranking segue com 29,77 metros em 2009, 29,69 metros em 1953, 29,66 metros em 2015, 29,61 metros em 1976, 29,50 metros em 2014, 29,42 metros em 1989, 29,42 metros em 2019, 29,35 metros em 1922 e 29,33 metros em 2013.

Como existe margem ainda para o Rio Negro subir mais um pouco no Porto de Manaus, o nível máximo de 2021 pode acabar sendo o maior de toda a série histórica centenária da capital do Amazonas.