O calor intenso e a escassez de chuva das últimas três semanas começam a cobrar o seu preço na agricultura gaúcha. Com apoio da equipe de meteorologistas da MetSul, ontem o jornal Correio do Povo publicou uma reportagem sobre os impactos da falta de chuva e da alta temperatura no campo. Já existem prejuízos, especialmente nas culturas de milho e fumo. Em alguns municípios, a quebra na produção de milho chega a 50% e já existem pedidos do Proagro (programa de auxílio a produtores afetados pelo clima). Igualmente, a soja começa a sofrer estresse em algumas áreas pela perda acelerada de umidade do solo e a forte insolação com alta temperatura. No Vale do Caí, a fruticultura é atingida e calor intenso chega a deformar morangos. Este período seco no final do ano está em linha com o que a MetSul Meteorologia vinha alertando aos seus clientes no agronegócio ao longo dos últimos meses de que a atual safra possuía mais riscos que em 2012/2013 e que em direção ao final do ano o Estado poderia sofrer com acentuada irregularidade das precipitações, inclusive com risco de déficit hídrico.

A boa notícia é que estes últimos dias de 2013 devem ter pancadas de chuva na maioria das áreas produtoras de grãos do Rio Grande do Sul. A má é que a chuva deverá ter ainda volumes irregulares (chove demais em um ponto e pouco em outro próximo) e poderá vir acompanhada de granizo em alguns locais, o que pode trazer prejuízos adicionais. Calor e umidade serão responsáveis por formar nuvens carregadas da tarde para a noite e que vão proporcionar as pancadas de chuva típicas de verão. A tendência indicada para a primeira quinzena de janeiro no mapa abaixo com a projeção do modelo de clima americano indica a continuidade deste padrão favorável à ocorrência de chuva no Estado, apesar de irregular na distribuição.


O mês de janeiro desenha-se muito diferente de dezembro, conforme a análise da MetSul e que é ampliada com muitos detalhes para seus clientes. O deslocamento mais para o Sul do canal de umidade da América do Sul que esteve mais ao Norte nas últimas semanas, com excessos de precipitação em partes do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil, como no Espírito Santo, trará um significativo aumento da chuva no Sul do Brasil. Por isso, o mês de janeiro, apesar de uma grande variabilidade de volumes de uma região para outra do território gaúcho, registrará chuva mais volumosa no Rio Grande do Sul, inclusive com excessos em algumas áreas. Trata-se de excelente notícia, afinal a continuidade do atual quadro de escassez de precipitações levaria fatalmente a uma estiagem bastante grave. A Metade Norte deve ser a área mais beneficiada. A maior abundância de umidade, contudo deve levar a uma maior frequência de temporais de verão em janeiro.