Ricardo Bonmann

O calor no sábado atingiu níveis sem precedentes para março em algumas cidades do Rio Grande do Sul. As máximas, considerando estações automáticas particulares e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foram de 40,8ºC em Santa Rosa, 40,6ºC em Rio Pardo, 40,4ºC em Santa Maria e em Teutônia, 40,2ºC em Feliz, 39,9ºC em Parobé, 39,6ºC em Uruguaiana, Lajeado e em Alegrete, 39,4ºC em Quaraí e São Vicente do Sul, 39,2ºC em São Gabriel, 38,9ºC em Espumoso, 38,8ºC em Canoas, e 38,7ºC tanto em São Gabriel como em São Leopoldo.

O calor extremo fez com que recordes caíssem. Em Santa Maria, a máxima na estação convencional foi de 40,0ºC, a mais alta da série histórica em março desde o começo das medições em 1912, batendo os 39,6ºC de 28/3/1926 e 1/3/1953. Foi ainda uma das maiores máximas até hoje na cidade, superada pelos 41,2ºC de janeiro de 1914 e os 41,0ºC de janeiro de 1953 e fevereiro de 1958. Em Cruz Alta, a máxima de 39,5ºC igualmente foi a maior em março desde o início dos registros na cidade em 1912, acima dos 37,2ºC de março de 1936.

Em Porto Alegre, a máxima de 38,4ºC não bateu o recorde de março de 38,9º C, de 1926, mas ficou perto. Campo Bom anotou 39,8ºC no sábado, abaixo do recorde de 41,2ºC de março de 1985.

A onda de calor que chegou ao fim ontem, assim, foi uma das mais intensas em março no Rio Grande do Sul em 110 anos, figurando ao lado de eventos históricos como os de 1926, 1953 e 2005. Apenas uma massa de ar quente excepcionalmente forte é capaz de provocar recordes históricos e marcas extremas como a dos últimos dias.

Preocupante é que já no final de dezembro o Rio Grande do Sul havia registrado uma onda de calor de grande magnitude e com quebras de recordes de temperatura máximas mensais de até um século.

As teorias de mudanças climáticas e as modelagens numéricas sugerem que os eventos de calor tendem a ficar cada vez mais recorrentes com o aquecimento global e o começo de 2020 está entre o mais quente ou segundo mais quente já observado pela ciência no mundo desde o começo do período observacional em 1850.