São Paulo teve uma segunda-feira tórrida com temperaturas mais altas que no fim de semana na maior parte do interior paulista. Muitas cidades anotaram máximas acima dos 40ºC. No litoral e na capital, o calor diminuiu em relação aos extremos do domingo por conta de infiltração de ar mais ameno vindo do mar.
No interior, de acordo com as estações automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia, as máximas desta segunda foram de 41,5ºC em Valparaíso, 40,9ºC em Barra Bonita, 40,8ºC em Barretos, 40,6ºC em Ituverava, 40,4ºC em Lins, 40,3ºC em Ariranha, 40,1ºC em Tupã, e 40,0ºC em Ibitinga e Rancharia.
Na cidade de São Paulo, a estação de referência climatológica do Mirante de Santana anotou máxima de 35,0ºC, abaixo dos 36,5ºC de ontem. Por sua vez, a estação de SESC-Interlagos, na zona Sul, não passou de 27,7ºC pelo ingresso de ar mais ameno vindo da costa. A temperatura, assim, variou quase 8ºC do Norte para o Sul da capital paulista.
A MetSul prevê ainda mais calor nesta terça no estado de São Paulo com máximas generalizadas no interior perto ou acima de 40ºC. Vários municípios devem ter entre 40ºC e 42ºC com marcas superiores em alguns.
A cidade de São Paulo deve ter máxima entre 36ºC e 38ºC, mas a ilha de calor urbano pode trazer marcas maiores em alguns locais da cidade. O dia mais quente já registrado na cidade de São Paulo em setembro desde o começo dos dados em 1943 na estação do Mirante de Santana foi de 37,1ºC, em 30 de setembro de 2020. Trata-se da segunda maior máxima da série histórica, só atrás dos 37,8 ºC de 17 de outubro de 2014.
Por que tanto calor? Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) se instalou entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil e agora se expande para o Sudeste e parte do Nordeste à medida que se alteram as correntes de vento com um centro de baixa pressão que vai avançar do Norte da Argentina e o Paraguai para o Sul do Brasil com a organização de um cicloner e uma frente fria na quarta.
Os domos ou cúpulas de calor ocorrem com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.
Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela.
É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens.
Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.