Um forte temporal provocou muitos alagamentos e inundações repentinas na cidade de Tapejara, no Norte do Rio Grande do Sul, na tarde do domingo. As ruas se transformaram em rios com a precipitação torrencial. As imagens feitas por ouvintes da Rádio Uirapuru, de Passo Fundo, mostram as águas tomaram conta de Tapejara com o temporal.
Cenas como as de ontem em Tapejara vão ser muito freqüentes em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná neste final de janeiro e no começo fevereiro, alerta a MetSul. O estado gaúcho e a maior parte da Região Sul estão ingressando em prolongado período de instabilidade que trará chuva freqüente e, pela interação com o ar tropical quente e úmido, temporais com chuva muito intensa e elevados volumes de precipitação em curto período, o que aliviará a estiagem em muitas áreas, aponta a previsão da MetSul.
Sempre que se publica uma notícia de chuva intensa e alagamentos surgem comentários de pessoas informando que não choveu nada no seu bairro dentro da mesma cidade ou que no município vizinho ou próximo não caiu uma gota. Ocorre que está é justamente a dinâmica da chuva de verão.
Nos meses quentes do ano, o calor e a umidade geram movimentos ascendentes na atmosfera, o que se denomina de convecção, que forma nuvens carregadas durante o dia à medida que a temperatura vai subindo. Por isso, as pancadas de chuva ocorrem na maioria das vezes da tarde para a noite. É justamente o efeito do aquecimento proporcionado pela presença do sol em horas da manhã e do começo da tarde. As nuvens carregadas se formam e, então, despejam chuva.
Diferentemente de uma frente fria, que é um sistema meteorológico que se estende por centenas de quilômetros e costuma trazer chuva mais generalizada, estas instabilidades convectivas geradas pelo calor e a umidade são formações locais. Não é chuva que vem da Argentina ou do Uruguai, mas que se forma na própria região. E, pela sua natureza, são formações isoladas. Por isso, parte de uma cidade pode ter um verdadeiro “dilúvio” com chuva de 50 mm a 100 mm em apenas uma hora e a poucos quilômetros, não raro dentro da mesma cidade, uma gota sequer cai e ainda por cima o sol segue brilhando.
Estas formações isoladas que podem trazer chuva forte às vezes chegam com vento forte e queda de granizo, afinal são geradas por nuvens carregadas de grande desenvolvimento vertical e cujos topos alcançam grandes altitudes. Em dias de muito calor, especialmente com máximas acima de 35ºC, cresce o risco destas pancadas de chuva trazem junto tempestades com vendavais ou granizo. Se a temperatura está ou esteve próxima ou acima de 40ºC à tarde, então, o risco de tempestades severas e destrutivas cresce muito. São, contudo, isoladas, assim como ocorre com a chuva de verão.