A MetSul Meteorologia reforça o alerta para um cenário de elevado perigo por chuva excessiva no litoral do estado de São Paulo nesta segunda metade da semana com acumulados de precipitação projetados por modelos numéricos com valores muito altos na costa e em trechos da Serra do Mar, o que trará risco de inundações e deslizamentos, além de outros transtornos para a estrutura e a população locais.
Com uma área de alta pressão associada a uma forte massa de ar frio a Leste do Rio Grande do Sul e do Uruguai e um centro de baixa pressão menor que vai se formar na costa do Sudeste do Brasil, as condições se tornarão favoráveis a um grande aporte de umidade do mar para o continente no litoral paulista e parte do litoral do Rio de Janeiro, em especial na Costa Verde, na região de Angra dos Reis.
O padrão de circulação deve levar vento carregado de umidade do mar em direção ao continente no sentido do litoral de São Paulo e a Serra do Mar com chuva de natureza orográfica, o que fará com que os volumes de chuva sejam muito altos a excessivos em diferentes cidades.
Embora o tempo já esteja instável, a instabilidade sobre a região vai ganhar muita força no litoral de São Paulo a partir da noite de hoje e durante a quinta, mantendo-se o risco de chuva volumosa a excessiva durante a sexta. A instabilidade diminui no fim de semana, mas ainda ocorrem momentos de chuva.
Devem ser esperados volumes de chuva muito altos e com precipitações por vezes torrenciais com acumulados elevados em curto período. Sob este cenário, a MetSul Meteorologia alerta para a alta probabilidade de alagamentos e inundações, em alguns casos repentinas, além da possibilidade de quedas de encostas e ainda deslizamentos de terra.
O cenário vai exigir muita atenção em rodovias da região, sobretudo na Serra do Mar e junto à região serrana, ante a elevada probabilidade de queda de barreiras. São os casos do Sistema Anchieta-Imigrantes, a Tamoios e a Rio-Santos.
Vários modelos numéricos analisados pela MetSul indicam a possibilidade de acumulados de precipitação de 100 mm a 200 mm, mas com acumulados em alguns locais de 200 mm a 300 mm e até isoladamente superiores. O mapa abaixo mostra a projeção de chuva do modelo europeu para 72 horas até 9h de sábado.
Assim, o cenário exige muita atenção no litoral paulista, incluindo as áreas de Praia Grande, São Vicente, Santos, Guarujá, Cubatão, Bertioga, Praia do Una/Barra do Una, Maresias, Ilhabela, São Sebastião e Caraguatatuba, dentre outras localidades da região, além do litoral Sul do Rio de Janeiro.
A chuva que atinge a região é de natureza orográfica e que a precipitação é induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, em razão de uma massa de ar frio ou um ciclone, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias.
Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca?
O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado. Com a chuva orográfica ocorre o mesmo. O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.
Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil.
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