O que todo porto-alegrense viu, os números comprovam. Foi um ano de muita chuva na capital dos gaúchos. As estatísticas mantidas pelo Oitavo Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia desde 1916 mostram que Porto Alegre tem em 2023 o terceiro ano com os maiores volumes de chuva e o mais chuvoso em 51 anos.
De acordo com os dados oficiais, até 9h da quinta-feira, a capital somava no ano 1.914,6 mm. O valor somente é superado na série histórica pelos 1.984,6 mm de 1972 e os 2.099,5 mm de 1941. O volume de 2023 vai aumentar com a chuva prevista para esta sexta, mas não se espera que seja suficiente para superar a marca de 1972.
Embora 2023 passe a ocupar o terceiro lugar do ranking dos anos mais chuvosos, nem todo o ano teve excesso de chuva. Grande parte do volume ocorreu no segundo semestre de 2023. O acumulado entre 1º de julho e 28 de dezembro na estação do bairro Jardim Botânico foi de 1.248,7 mm, ou seja, 65% do que choveu no ano.
A chuva acumulada nos primeiros quatro meses de 2023, quando o clima ainda estava sob a influência do fenômeno La Niña, atingiu 296,3 mm na estação da zona Leste de Porto Alegre. É menos do que choveu em novembro, o segundo mês que mais teve chuva em 2023 na cidade, quando se precipitaram 325,1 mm. Foi o novembro mais chuvoso desde o começo dos registros há mais de um século, superando o recorde mensal anterior de 287,6 mm, de 2009.
Setembro sozinho respondeu por quase um quarto da chuva do ano inteiro. Porto Alegre teve não apenas o setembro mais chuvoso já observado na cidade, mas o mês mais chuvoso de toda a série histórica que se iniciou em 1910. Com 447,3 mm, setembro de 2023 se tornou o mês mais chuvoso já registrado na capital, superando os 405,5 mm de maio de 1941, 403,6 mm de junho de 1944 e abril de 1941 com 386,6 mm.
Total de precipitação anual em Porto Alegre
- 2.099,5 mm em 1941
- 1.984,6 mm em 1972
- 1.914,6 mm em 2023 (até 28/12)
- 1.815,4 mm em 2015
- 1.780,6 mm em 2017
O grande responsável pelo ano excepcionalmente chuvoso foi o fenômeno El Niño, diz a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia. “O El Niño foi declarado em junho e seus efeitos na precipitação são maiores na primavera, que neste ano foi incrivelmente chuvosa em Porto Alegre”, explica.
“Tanto 1941, em seu primeiro semestre, como 1972, no segundo semestre, foram anos de muito forte El Niño ou Super El Niño. Assim, os extremos de chuva de 2023, ano também de forte a muito forte El Niño no segundo semestre, são uma repetição de um padrão que já se viu no passado”, observa Estael Sias.
Em um ano de marcas históricas de precipitação, Porto Alegre enfrentou na primavera as duas maiores cheias do Guaíba desde 1941 como consequência do excesso de chuva no Rio Grande do Sul. Desde 1941, na maior de todas as cheias com 4,76 metros, se passaram 26 anos para que o Guaíba voltasse a superar a marca de três metros, em setembro de 1967.
Depois, foram necessários outros 56 anos até que em setembro de 2023 o Guaíba atingiu 3,18 metros. Para que a marca dos três metros fosse novamente alcançada transcorreram apenas 55 dias, até os 3,46 metros de novembro, a terceira maior cota já observada no Guaíba, somente atrás dos 4,76 metros de 1941 e dos 3,50 metros de 1873.
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